Há uma nova polémica em torno das obrigações do Novo Banco que, em dezembro de 2015, acabaram por ser transferidas para o BES mau, no valor total de 2,2 mil milhões de euros. Os credores ficaram assim privados desse valor e o jornal Eco noticia agora que, uns dias antes da decisão do Banco de Portugal, houve uma transação suspeita de venda de títulos no valor de 64 milhões de euros.
A Procuradoria-Geral da República, que tem a responsabilidade de investigar este tipo de crime, já abriu dois inquéritos.
Na altura em que o Banco de Portugal anunciou a sua decisão, uma semana antes houve alguém que conseguiu escapar à rede que pescou as ditas obrigações e cujo valor serviu para capitalizar o Novo Banco.
Segundo o jornal online Eco, a 22 de dezembro, três dias antes do Natal, uma seguradora em Portugal vendeu um bloco de 64 milhões de euros dos títulos em causa a um grande investidor institucional fora do país. Para quem comprou a obrigação uma semana antes, isso implicou a perda da quase totalidade do capital investido.
Nessa altura, as autoridades começaram a recolher informação sobre a transação suspeita. O Ministério Público confirmou ao Eco que "estes inquéritos encontram-se sob investigação e não têm, de momento, arguidos constituídos".
Em causa está um alegado crime de abuso de informação privilegiada, que envolveu uma seguradora portuguesa que poderá ter acedido e utilizado de forma ilegal informação que, nessa altura, só estaria na posse do Banco de Portugal.
O caso já levou alguns dos obrigacionistas lesados, incluindo gigantes como a Blackrock e a Pimco, a avançarem para tribunal na tentativa de travar a venda do Novo Banco.