Crédito à habitação: vale a pena mudar para a taxa fixa? - TVI

Crédito à habitação: vale a pena mudar para a taxa fixa?

Agência Financeira

Deco aconselha consumidores a ponderar bem, já que bancos estão a tentar vender mais caro e aumentar as rentabilidades dos contratos

A taxa fixa está a ganhar terreno nos créditos à habitação, mas valerá a pena para os clientes? A Deco aconselha a que os clientes dos bancos ponderem muito bem as propostas para mudarem os seus empréstimos, avisando que as instituições financeiras querem tão-só melhorar as rentabilidades dos contratos.

Surge esta advertência da Associação de Defesa do Consumidor depois da noticia do Negócios que, citando dados do Banco de Portugal, escreve que a taxa fixa “tem vindo a reforçar o seu peso nas novas operações de crédito á habitação”, apesar de a indexação à Euribor ser ainda largamente maioritária, em 90% dos contratos.

O jornal refere mesmo o caso de um banco que está a propor a alguns dos seus clientes que fixem a taxa de empréstimo durante cinco a dez anos, numa altura em que a Euribor assume valores cada vez mais negativos.

Com este tipo de política comercial os bancos estão a tentar vender mais caro e aumentar as rentabilidades dos contratos de crédito que têm neste momento em carteira, explicou à agência Lusa, o economista Nuno Rico, da Deco.

O banco está a tentar vender mais caro o financiamento. A vantagem para os bancos é rentabilizar os contratos que têm ‘spreads’ muito baixos. Atualmente, estamos a assistir a uma maior oferta por parte dos bancos de produtos de crédito com taxa fixa, algo que há uns anos atrás nem sequer tinha expressão, e isto porque estão a aproveitar a taxa fixa para vender o crédito a uma taxa de juro superior. Esta proposta do BCP enquadra-se neste contexto comercial".

Como conseguem os bancos convencer os clientes? De acordo com o mesmo economista, o argumento comercial é de que esta proposta vai dar uma estabilidade no valor da prestação e previne eventual subida da taxa de juro nos próximos anos.

Acontece que quer o mercado, quer o próprio contexto económico dentro da Zona Euro, e não existindo alteração significativa, não nos parece que vá haver uma evolução tão significativa da taxa de juro. O que acontece é que o cliente fica a pagar mais durante um determinado período de tempo, podendo ter um crédito com custo mais baixo”.

A única vantagem da proposta que vê é para os clientes que não lidem bem com oscilações na prestação. “Pode ser visto como um prémio seguro, para quem não se sente à vontade com a revisão constante da sua prestação, mas no final pode não compensar perante o atual cenário de mercado”.

A Deco aconselha, por isso, os clientes no sentido de ponderarem muito bem a proposta e, se não tiverem problemas com a variação, tratar-se-á apenas de mais um agravamento da taxa de juro.

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