Alemanha poupou 80 milhões de euros com a crise - TVI

Alemanha poupou 80 milhões de euros com a crise

Angela Merkel (EPA/ARNO BURGI)

Em causa está a queda dos juros da dívida soberana

O governo alemão da chanceler Angela Merkel poupou 80 mil milhões de euros entre 2008 e 2013 devido à queda dos juros da dívida soberana alemã, indica um estudo do Institute for the World Economy (IfW).

Segundo a Bloomberg, o estudo refere que o gasto com pagamentos de juros da Alemanha em 2012 foi inferior em 10 mil milhões de euros em relação à média dos gastos na década antes da crise, entre 1998 e 2007.

Este ano, as poupanças em juros para o governo federal alemão deverão cifrar-se em 13 mil milhões de euros, adianta o estudo, nota a Lusa.

A queda dos juros da dívida soberana alemã é determinada pela baixa dinâmica do ciclo económico na zona euro e pela política de baixas taxas de juro do Banco Central Europeu (BCE), indicou o economista do IfW, Jens Boysen-Hogrefe, a propósito do estudo, citado pela Bloomberg.

Segundo Jens Boysen-Hogrefe, só o «efeito refúgio» contribuirá este ano para uma poupança de três mil milhões de euros para o governo alemão.

No entanto, o economista sublinha que «os ganhos destas baixas taxas de juro da dívida soberana não devem ser interpretadas como um sinal para aumentar o défice público alemão», alegando que «estes ganhos são efeitos temporários e não representam uma melhoria estrutural do orçamento».

A taxa de juro da dívida soberana da Alemanha a 10 anos estava hoje a 1,636% no mercado secundário às 12:10 em Lisboa, o valor mais alto desde 20 de fevereiro.

Os juros das dívidas soberanas da zona euro estavam hoje a subir em todos os prazos no mercado secundário numa altura em que está pendente uma decisão do Tribunal Constitucional alemão, que hoje começou a avaliar a constitucionalidade do programa de compra de títulos anunciado pelo Banco Central Europeu (BCE).

Está previsto que hoje e na quarta-feira se realize uma audiência oral sobre o programa Outright Monetary Transactions, OMT, (Transações Monetárias Abertas) no TC alemão, que posteriormente deverá decidir numa data ainda não determinada, se, como alega o recurso subscrito por mais de 37 mil cidadãos, a medida proposta pelo BCE excede o mandato da autoridade monetária e invade competências nacionais.

O programa OMT do BCE consiste na compra sem limites de títulos no mercado secundário pelo BCE para reduzir a pressão especulativa sobre os títulos de dívida de países como Espanha e Itália, em troca de que estes se comprometam a um severo programa de consolidação orçamental com o fundo de resgate.

Sem chegar a ter sido posto em prática, a iniciativa do programa OMT, anunciada pelo presidente do BCE, Mário Draghi, no ano passado, conseguiu reduzir com êxito os diferenciais dos juros entre os títulos espanhóis e italianos e os dos alemães, o denominado prémio de risco, permitindo que estes países se financiem nos mercados a taxas de juros mais razoáveis.

O ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schäuble, sublinhou nos arredores do TC, com sede em Karlsruhe (sudoeste do país), que o Executivo da chanceler Ângela Merkel considera que o controverso programa OMT se ajusta às funções do BCE.

«O governo alemão acredita que o BCE, com as suas decisões, se manteve nos limites do seu mandato», assegurou o ministro, posicionando-se contra os críticos, que consideram que o plano de compra de dívida excede as competências de política monetária atribuídas ao BCE.
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