Pensionistas: relatório do FMI é «tentativa de golpe de Estado»

A Associação APRe - Aposentados, Pensionistas e Reformados considera que o relatório do FMI a recomendar novos cortes no Estado prefigura uma tentativa de «golpe de Estado» ao pretender subverter a Constituição portuguesa.

Maria do Rosário Gama, coordenadora da associação, disse à agência Lusa que o documento é «pouco técnico e muito político e comporta em si o expoente máximo do neoliberalismo, tão do agrado do atual Governo, e que caiu como mosca no mel».

A coordenadora da APRe afirmou que «isto é o fim do Estado Social, com a vontade de retirar apoios, dificultar o acesso ao Serviço Nacional de Saúde e um ataque à educação» considerando ainda que o Governo não pode efetuar cortes retroativos nas reformas, que foram calculadas com «base em leis do Estado».

«O cálculo das pensões que nos atribuíram foi feito com base nos descontos efetuados e, portanto, agora não pode vir um qualquer primeiro-ministro introduzir outros fatores de sustentabilidade», sublinhou a antiga diretora da Escola Infanta D. Maria, de Coimbra.

Num comunicado enviado neste sábado, a APRe desafia o Presidente da República, Cavaco Silva, a substituir o Governo por um de iniciativa presidencial ou através da convocação de eleições antecipadas, sob pena de ficar na história como «cúmplice da tetra (troika+Governo) que regrediu o país e o transformou num imenso estaleiro de pobres, pedintes e desempregados à espera das migalhas da banca e dos poderosos».

Criada em outubro, a APRe representa atualmente mais de 3.000 pessoas e, segundo Maria do Rosário Gama, está a «crescer todos os dias».