Medina admite que não saberia lidar com “turistas a mais” em Lisboa - TVI

Medina admite que não saberia lidar com “turistas a mais” em Lisboa

  • Redação
  • VC - Atualizada às 14:05
  • 27 set 2016, 13:08
Fernando Medina e António Costa

Na terceira Cimeira do Turismo Português, o presidente da câmara de Lisboa, diz que é preciso assegurar que não existem "estrangulamentos na procura", mas não percebe o conceito de excesso de visitantes

O presidente da Câmara de Lisboa desconhece a ideia de ter "turistas a mais" na cidade, mas admite que como "não saberia lidar" com essa realidade. Na terceira Cimeira do Turismo Português, no Museu do Oriente, em Lisboa, Fernando Medina vê a atração pela capital como positiva e não quer colocar entraves a esse caminho.

Temos de continuar e assegurar que não temos estrangulamentos na procura. Oiço aí por vezes aquela pergunta muito interessante que é saber se Portugal, Lisboa em particular, já tem turistas a mais. Pessoalmente, tenho de dizer que não sei que conceito é esse, não sei o que é ter turistas a mais".

Insistindo que "esse conceito não existe, não tem sentido", o autarca socialista admitiu que "não saberia lidar" com tal fenómeno. "Isto é, alguém com turistas a mais, o que faz com esses turistas a mais? Podia ser a reprodução daquele candidato americano, de construir um muro, podia ser outra solução qualquer, não sei".

Não tendo "solução para lidar com ele, mais vale” não se preocupar, vincou, considerando ser "bom que haja turistas" em Lisboa.

A autarquia vai, por isso, continuar sem colocar "obstáculos a que isto prossiga", a nível institucional e infraestrutural, assegurou.

O Primeiro-Ministro, António Costa, (que foi, de resto, seu antecessor na câmara) defendeu que é essencial qualificar o emprego no setor do turismo e diminuir a sazonalidade.

E o ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral, reforçou que esse combate é uma das prioridades do Governo: o objetivo é haver mais pessoas a trabalhar o ano inteiro.

Temos de ter em conta a especificidade do setor, mas também o que queremos é que haja mais trabalhadores a trabalhar o ano inteiro em turismo. Essa é uma maneira de valorizar o turismo e de dar mais estabilidade e rendimento aos trabalhadores".

 

Uma resposta só, uma resposta melhor

Para além disso, o ministro da Economia afirmou que no setor do turismo é preciso trabalhar de forma articulada entre ministérios, para que as instituições públicas possam dar uma resposta única a quem tem iniciativa e quer investir no setor.

Caldeira Cabral falava ao ser questionado sobre se defende a criação de uma espécie de ‘balcão único’ para resolver os problemas do turismo e depois do presidente da Confederação do Turismo Português (CTP) ter apelado ao Primeiro-Ministro para que chame a si a coordenação das políticas com implicação no turismo, acabando com a necessidade de recorrer ao "sem número de ministérios" para a resolução de problemas.

Por isso, acrescentou que o importante é haver articulação.

"Acho que temos de trabalhar de forma articulada e que esse trabalho seja cada mais assumido dentro do Governo e não atirado para cima de quem quer ter uma iniciativa e de quem quer ter um investimento, para que as instituições públicas possam dar uma resposta única", afirmou.

O ministro destacou várias medidas já tomadas na área do turismo nomeadamente com o Simplex+, mas reforçou que "é preciso trabalhar mais".

 

O "desafio central" para Lisboa

Falando na cimeira promovida pela Confederação do Turismo Português, Fernando Medina identificou o "desafio central do momento" para o município: "É agarrar o extraordinário momento que estamos a viver e projetá-lo, prolongá-lo no futuro".

Outro dos desafios é, por isso, o investimento nas infraestruturas, como a "expansão da capacidade aeroportuária" da cidade.

Acresce a aposta na "qualidade da oferta do produto turístico", um "ponto fundamental no êxito da estratégia da cidade".

Nesta questão, falou nas obras de reabilitação urbana que têm vindo a ser feitas na cidade, decorrentes do "motor" do turismo, por parte do setor da hotelaria e do alojamento local.

Quanto às intervenções que estão a ser feitas pelo município no espaço público, assinalou que a autarquia continua a "investir na frente ribeirinha", mas agora está também a apostar na reabilitação "a norte", de zonas como o eixo central, abrangendo o Saldanha e Picoas.

Não quer dizer que todos gostem das obras da Câmara, esse é outro departamento".

Ao mesmo tempo, defendeu a "diversificação das zonas de atração" turística. "Crescer em número, sim, [mas] crescer ainda mais em valor".

É preciso lidar e encarar uma realidade nova, que é o facto de a cidade de Lisboa se estar a transformar. Negar que o turismo traz transformações […] é um erro sobre a sustentabilidade futura na cidade".

 

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