Cofina desiste de comprar TVI após falhar aumento de capital - TVI

Cofina desiste de comprar TVI após falhar aumento de capital

  • AM
  • 11 mar 2020, 11:06

A operação de oferta pública que permitiria o aumento de capital da Cofina no montante de 85 milhões de euros para financiamento da compra da TVI terminava esta quarta-feira

A Cofina desistiu de comprar a TVI após falhar a operação de aumento de capital, comunicou hoje a dona do Correio da Manhã, Record e revista Sábado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

A operação de oferta pública que permitiria o aumento de capital da Cofina no montante de 85 milhões de euros para financiamento da compra da TVI terminava esta quarta-feira. Contudo, face à “deterioração das condições de mercado” e “não tendo sido verificada a condição de subscrição integral do aumento de capital, a oferta ficou sem efeito”, pode ler-se no comunicado da Cofina.

Conclusão: “não se encontram reunidas as condições de que depende a conclusão do negócio de compra e venda das ações da Vertix (e indiretamente da Média Capital)”, segundo a mesma informação divulgada pela CMVM.

A oferta abrangia a subscrição reservada a acionistas no exercício do direito de preferência e demais investidores que adquiram direitos de subscrição, através da emissão de 188.888.889 novas ações ordinárias, escriturais e nominativas, sem valor nominal.

O preço de subscrição tinha sido fixado em 0,45 euros por cada nova ação, que correspondia ao respetivo valor de emissão.

Os acionistas da Cofina tinham aprovado no final de janeiro o aumento de capital até 85 milhões de euros para financiar a compra da TVI. Na mesma altura, os acionistas da Prisa aprovaram a venda da Vertix, que detém a maioria da Media Capital, à Cofina, em assembleia-geral extraordinária, em Madrid.

Isto depois de a 30 de dezembro, a Autoridade da Concorrência (AdC) ter anunciado a sua não oposição à compra da Media Capital pela Cofina, que era uma das condições da dona do Correio da Manhã para o sucesso da oferta.

No anúncio preliminar de lançamento da oferta pública de aquisição (OPA), a Cofina fez depender o sucesso da operação de um conjunto de condições prévias, entre as quais a não oposição por parte da AdC, a autorização da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC), a aprovação, pela assembleia-geral da espanhola Prisa, da transação, bem como a aprovação e execução de um ou mais aumentos de capital social da dona do Correio da Manhã para financiar a compra da Media Capital.

Mário Ferreira diz que não foi "consultado"

O empresário Mário Ferreira, parceiro da Cofina na compra da Media Capital, manifestou hoje “grande surpresa” com a decisão de cancelamento da operação, garantindo não ter “sido consultado” e ter subscrito “todo o montante do capital” acordado.

“Da minha parte cumpri com aquilo a que me comprometi, subscrevi todo o montante do capital que me pediram e me facultaram para subscrever. De facto, foi para mim uma grande surpresa”, afirmou Mário Ferreira em declarações à agência Lusa.

Recordando ter sido “convidado pelo engenheiro Paulo Fernandes [presidente executivo da Cofina] para participar no aumento do capital com vista à aquisição da Media Capital”, o dono da Douro Azul garante ter sido “agora surpreendido pelo cancelamento desse aumento”.

“Uma decisão que foi tomada pelos acionistas da Cofina, sem que eu tenha sido consultado”, disse à Lusa.

Negociação de ações suspensas

A Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) decidiu hoje a suspensão da negociação das ações da Cofina e do Grupo Media Capital até às 09:00, até à divulgação de informação relevante, foi hoje anunciado.

Em comunicado ao mercado, "o Conselho de Administração da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) deliberou, nos termos do artigo 214.º e da alínea b) do n.º 2 do artigo 213.º do Código dos Valores Mobiliários a suspensão da negociação das ações da Cofina, SGPS, S.A. até às 09:00:00 do dia 11 de março de 2020, e do Grupo Media Capital SGPS, S.A. até à divulgação de informação relevante sobre o emitente".

Prisa vai desencadear "todas as ações" previstas no acordo

O grupo espanhol Prisa, dono da Media Capital, anunciou que vai desencadear contra a Cofina “todas as ações” previstas no acordo de venda da TVI ao grupo de Paulo Fernandes que desistiu do negócio.

Num comunicado divulgado horas depois de a Cofina comunicar ao mercado ter desistido de comprar a dona da TVI, após falhar a operação de aumento de capital que financiaria o negócio, a Prisa diz não ter recebido qualquer comunicação prévia por parte do grupo de Paulo Fernandes.

“De acordo com declarações da Cofina no acordo de compra e comunicadas ao mercado, a Cofina tinha assegurados os compromissos necessários para financiar a transação, quer por parte de instituições de crédito, quer por parte dos seus significativos acionistas, no montante necessário para cobrir o aumento de capital”, lê-se no comunicado do maior conglomerado espanhol de empresas de comunicação social.

Segundo sustenta a Prisa, "a concretização do acordo de compra e venda estava apenas pendente da condição prévia de inscrição na Conservatória de Registo Comercial do aumento de capital aprovado pela Cofina para financiar parcialmente o negócio".

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