A porta-voz garantiu que a intervenção das instituições - Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional - é apenas de "assistência técnica"."Alegar que a troika controla simplesmente não é verdade", afirmou Mina Andreeva, depois de questionada por jornalistas sobre declarações do ex-ministro das Finanças da Grécia, Yanis Varoufakis.
As negociações entre a Grécia e os credores internacionais para um terceiro resgate, estimado em até 86 mil milhões de euros a três anos, começaram oficialmente nesta terça-feira.
Uma dúzia de técnicos da Comissão Europeia (CE), Banco Central Europeu (BCE), Mecanismo de Estabilização Europeu (MEE) e Fundo Monetário Internacional (FMI) visitaram esta manhã a Secretaria Geral de Contabilidade.
Há mais de um ano que os representantes da Comissão Europeia, BCE e FMI não se deslocavam ao país.
Nesta primeira etapa das negociações, os técnicos vão recolher dados sobre o estado das finanças públicas para fazer uma nova avaliação à luz do impacto que tiveram as restrições bancárias impostas há um mês na evolução financeira.
As negociações têm como objetivo finalizar o novo empréstimo ao país, num valor que pode chegar aos 86 mil milhões de euros, depois de um entendimento nesse sentido ter sido alcançado a 13 de julho, após duras conversações entre Atenas e os dirigentes dos países da zona euro.
No entanto, apesar do entendimento, a Grécia pode ter de aprovar medidas adicionais de austeridade para receber o mais rápido possível a ajuda constante no terceiro resgate.
Atenas e Bruxelas querem que as negociações fiquem concluídas antes da segunda quinzena de agosto."São esperadas mais reformas por parte das autoridades gregas para permitir um desembolso rápido no âmbito do MEE", sublinhou a porta-voz da Comissão Europeia, Mina Andreeva, numa conferência de imprensa. "Isto também está a ser discutido agora", esclareceu ainda.
A Grécia, que enfrenta problemas de liquidez, tem de pagar a 20 de agosto mais de 3 mil milhões de euros ao BCE e 1,5 mil milhões de euros ao FMI em setembro.
O plano secreto de Varoufakis
Segundo um diário conservador grego, alguns membros do Syriza, entre os quais Yanis Varoufakis, desenharam um plano que previa a criação de um sistema bancário paralelo e que incluia piratear passwords de contribuintes e empresas.
A polémica estalou no fim de semana. O jornal Kathimerini divulgou excertos de uma teleconferência que ocorreu a 16 de julho e na qual o ex-ministro das Finanças Yanis Varoufakis terá explicado a investidores internacionais o "plano B" do Syriza. A reunião terá sido coordenada por Norman Lamont, antigo ministro das Finanças do Reino Unido, e Varoufakis saberia que a conversa estava a ser gravada.
Varoufakis estaria a trabalhar com uma equipa pequena, de apenas cinco pessoas. O esquema implicava ter acesso às passwords que contribuintes e empresas usam para aceder aos serviços fiscais. Isto permitiria criar um sistema bancária paralelo e, caso os bancos fossem forçados a fechar, as operações entre Estado e agentes económicos seriam salvaguardadas. Em euros, mas também em dracmas, caso fosse necessário voltar à moeda antiga.