Estaleiros venderam aço mais barato que foi parar à Martifer - TVI

Estaleiros venderam aço mais barato que foi parar à Martifer

  • Redação
  • Joana Branco/José António Barbosa
  • 14 dez 2013, 20:35
Estaleiros venderam aço mais barato que foi parar à Martifer

Novo material vai custar ao Estado 3,5 milhões de euros. TVI teve acesso a documentos que mostram irregularidade no processo de subconcessão

Os estaleiros de Viana do Castelo venderam aço certificado abaixo do valor de mercado, tendo o material ido parar à Martifer, que agora ganhou o concurso para a subconcessão da empresa naval.

Com base em documentos a que a TVI teve acesso, em fevereiro de 2012, os estaleiros venderam aço certificado em concurso público por menos de um milhão de euros a um sucateiro, que revendeu o mesmo material à Navalria, que pertence ao grupo Martifer.

«[O aço] Tinha sido tratado, decapado, pintado pelo pessoal estaleiros e foi vendido quase como sucata. Muito desse aço foi parar a Aveiro para construir dois navios-hotéis para o Douro. E valia mais do que esse dinheiro», denuncia António Costa, da comissão de trabalhadores dos estaleiros.

Fonte próxima da administração explica que o aço não poderia ser aproveitado para outro projeto, apesar de em carteira estarem os asfalteiros da Venezuela, o projeto em que os estaleiros estão a trabalhar.

O novo material - no valor de 3,5 milhões de euros - chega na próxima semana, mas o investimento continuará na alçada do Estado, porque esta encomenda não foi subconcessionada à Martifer.

A TVI sabe que o material que foi adquirido para construir um segundo ferry para os Açores está guardado num armazém sem destino, depois de os Açores já terem desistido do navio Atlântida. O negócio passa agora para as mãos da Martifer.

Irregularidade no processo do concurso

O concurso para a subconcessão iniciou-se em março de 2012 e, das oito empresas a concurso, seis desistiram da corrida.

Apenas duas apresentaram propostas, sendo uma delas a AK, uma empresa russa que não entregou as garantias bancárias obrigatórias, deixando a Martifer sozinha na corrida.

Durante essa corrida, o júri, composto por três elementos, chegou a reunir-se só com dois, o que constitui uma irregularidade.

Mesmo assim, o presidente do júri, Cabral Tavares, prosseguiu com o encontro e, até ao momento, ninguém pediu a impugnação do concurso.

Contactado pela TVI, o ministério da Defesa remeteu esclarecimentos para a administração dos estaleiros de Viana, que está em silêncio. Também a Martifer não comenta nenhum dos episódios.
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