O vice-presidente do Banco Central Europeu, o português Vítor Constâncio, aconselhou os países europeus, sem nomear casos em concreto, a "refletirem" sobre o apoio à banca. Fez esse apelo, sugerindo mesmo que haja uma "pequena" injeção de capital público no setor, para fazer face ao Brexit.
"A situação atual, depois de uma nova ronda de quedas nos preços das ações decorrentes do Brexit, merece uma reflexão profunda para corrigir algumas falhas nos mercados com uma pequena ajuda pública que estabilize consideravelmente alguns setores bancários"
Logo no dia 24 de junho, quando foram conhecidos os resultados do referendo britânico, o BCE garantiu liquidez para enfrentar as consequências e dias depois o presidente Mario Draghi insistiu num "alinhamento" entre os bancos centrais.
Agora, a partir de Espanha, num evento organizado pela Universidade de Navarra sobre os desafios da banca europeia, o seu número dois defendeu que sem essa atitude, a unição solução disponível para os supervisores seria "impor prazos" para reduzir o elevado nível do crédito malparado.
Olhando para o boom das startups financeiras, admitiu que são uma das grandes ameaças à banca tradicional, mas não tem dúvidas que os bancos "não vão desaparecer". O que há a fazer é o setor reduzir custos e melhorar ao mesmo tempo a sua capacidade para fazer frente a uma competição que apelidou de "feroz" neste mercado, em constante evolução tecnológica.
Sobre a política monetária, garantiu que o supervisor da banca europeia conhece "os limites de certos instrumentos" que servem de estímulo à economia.
Quanto à inflação, Vítor Constâncio acredita que o BCE conseguirá "normalizar" os níveis nos próximos anos, com benefícios para o cenário macroeconómico, mas também com reflexos positivos no setor financeiro.