Depois de muito impasse e de ‘bater o pé’, o primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, cedeu aos credores na segunda-feira ao aceitar mais austeridade - aumento de impostos e reforma no regime de pensões, entre outras medidas - em troca de um terceiro resgate internacional. A nova ajuda financeira à Grécia está neste momento estimada em 86 mil milhões de euros.
Agora, 60 economistas consultados pela Reuters mostram-se céticos em relação ao acordado, e se será vantajoso para a Grécia e para a Europa.
“Para a Grécia, este é o único acordo - com uma arma apontada à cabeça que eles tiveram de aceitar. Para o resto da zona euro, é a única solução viável”, disse Christian Lips, economista do NordLB.
A Grécia necessita de sete mil milhões de euros até 20 de julho para pagar ao BCE e 12 mil milhões de euros em meados de agosto, altura em que vence a restante dívida. Os bancos gregos continuam fechados e estão cada vez mais perto do colapso.
Entretanto, o Governo helénico voltou a falhar um pagamento ao FMI. A dívida a este credor já ascende a dois mil milhões de euros.
Faz parte do mais recente acordo aumentar impostos, reformar o regime de pensões e ter de reserva 50 mil milhões de euros de ativos do setor público para venda sob controlo estrangeiro. O problema é que a Grécia não tem o suficiente para vender.
Assim, 35 dos economistas consultados salientam que a Grécia não tem ativos nesse valor que sejam viáveis para privatizar.
O montante exigido ronda um quinto da economia helénica. Mas já antes as privatizações tinham corrido mal e Atenas até pretendia encaixar apenas metade e não conseguiu.
"50 mil milhões é muito otimista", adverte Nick Stamenkovic, economista do RIA Capital Markets. Outro perguntou mesmo: "O que vão fazer, vender Creta?"
Depois, há outro problema: o acordo antecipa muito pouco sobre como aliviar a enorme dívida grega, que é quase duas vezes o tamanho de sua economia. E a reestruturação foi, recorde-se, um dos pontos da discórdia que bloqueou as negociações com os credores até segunda-feira.
O novo acordo menciona algum tipo de reestruturação, mas não para já, como prazos de pagamento mais longos ou taxas de juro mais baixas. Mas estas hipóteses só serão consideradas se a Grécia convencer a sério os parceiros europeus quanto à implementação de todas as reformas acordadas.
Entre os economistas questionados, uma esmagadora maioria defende que Atenas precisa mesmo do alívio da dívida para tornar a economia sustentável. E entre vários líderes europeus isto também já é um dado adquirido. Mais uma vez, a urgência de uns e de outros é que não está em sintonia.
“O problema fundamental da Grécia não fica resolvido com uma dívida insustentavelmente alta”, disse Jonathan Loyes.
“Penso que rapidamente vai tornar-se evidente que a Grécia precisa sair da zona euro para melhorar a sua competitividade”.
Loynes é apenas um dos nove economistas inquiridos que ainda considera haver hipóteses de a Grécia sair do euro.
O parlamento grego vota amanhã o 'OK' ao terceiro resgate internacional.