Mercado quer medidas concreta da EDP para o gás - TVI

Mercado quer medidas concreta da EDP para o gás

EDP

A Energias de Portugal (EDP) apresenta, esta quarta-feira, o plano estratégico para os próximos três anos, em Londres. O mercado espera que desta apresentação saiam novos pormenores sobre a estratégia na geração e no gás.

Depois de ter falhado a integração da Gás de Portugal (GdP), devido ao chumbo de Bruxelas, alegando problemas concorrenciais.

«O mercado está à espera de medidas concretas», afirmou um analista à Agência Financeira, que «permitam um aumento da eficiência». «A EDP terá de rever os seus objectivos», salientou outra analista. «A não integração do gás, pelo menos a curto prazo, vai ter algumas implicações na estratégia de geração», destacou a mesma. Por isso, «há que estar atento aos objectivos de geração, se vão alterar alguma coisa ou se vem retirar alguma competitividade à EDP no mercado ibérico.»

No fundo, os analistas esperam que desta apresentação saia uma actualização dos «objectivos estabelecidos no ano passado e que não chegaram se concretizar-se», tais como «a integração do gás, a abertura dos CAES (Contratos para Aquisição de Electricidade) e a remuneração no segmento da distribuição». Em relação a este último aspecto, a analista sublinha que «o código de tarifário para 2005 reduz o retorno dos investimento na área da distribuição.»

Quanto aos objectivos que a EDP possa apresentar para o próximo triénio, «não podem ser tão agressivos como o foram no ano passado em algumas áreas, na medida em que não têm o gás», estima a analista, ainda que a mesma admita que «tudo pode acontecer». Em concreto, a EDP «terá de dar algo de novo ao mercado, nomeadamente em termos de corte de custos e uma maior definição de uma estratégia em termos de integração electricidade/gás na Península Ibérica.»

Ao corte de custos associa-se, geralmente, a redução da força laboral. O banco de investimento Morgan Stanley publicou um estudo em que colocava a hipótese do despedimento de 1.800 funcionários da EDP para a redução dos custos. Um cenário que os analistas admitem, ainda que este não seja «tão agressivo como o descrito», sublinhou o analista. «Não acredito que venha a verificar-se em 2005, mas pode verificar-se a longo prazo.» No entanto, este estudo «pode alertar para algo de novo», acredita a analista.

No entanto, uma fonte ligada ao sector disse à Agência Financeira que será muito difícil à EDP apresentar uma estratégia para a eléctrica quando, independentemente do chumbo de Bruxelas, ainda está tudo em aberto no sector. Segunda a mesma o timing da apresentação é mau porque só no próximo dia 22 o Governo vai reunir com a Eni para avaliar quais as hipótese de acordo depois reprovação da Comissão.

Recorde-se que a EDP tinha apresentado uma estratégia para o triénio 2004-2007 que contemplava a integração da GdP numa empresa detida pela eléctrica em 51% e em 49% pela italiana Eni. Esta era a contrapartida, mais cash, dada aos italianos para abandonar a participação na Galp energia que ficaria só com o negócio do petróleo. Posteriormente ficaria concluído o negócio com o consórcio Petrocer, cujos principais intervenientes são a Unicer e o BPI, que passariam a ser parceiros estratégicos da Galp com mais de 40%.

Face aos mais recentes acontecimentos, todos os cenários estão agora em aberto, menos claro, o da integração da GdP na nova empresa.
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