A demissão da Europa - TVI

A demissão da Europa

Mendia (ONI)

Os portugueses e os restantes cidadãos europeus encaram as legislações para o Parlamento Europeu como uma possibilidade de atribuir avisos aos seus Governos locais.

Para além de Portugal, onde o eleitorado aproveitou para atribuir um «cartão amarelo» ao Governo dando a vitória às hostes socialistas lideradas por Ferro Rodrigues, no resto da Europa o panorama foi idêntico.

Na Alemanha, os resultados traduziram-se numa derrota ao partido do Governo, tal como em França, Reino Unido e Itália. Nos restantes países da Europa, o resultado foi idêntico, traduzindo-se a um forte castigo aos Governos.

No caso do Reino Unido, a surpresa foi mais longe e o partido dos eurocépticos britânicos, do UK Independency Party, foi o que mais cresceu frente aos trabalhistas e conservadores.

Este panorama Europeu é estranho, tanto mais se pensarmos que os cidadãos demitiram-se por completo destas eleições com a abstenção a atingir valores recorde. Já para não falar dos países do alargamento que atingiram níveis entre os 70 a 80% de renúncia ao voto.

Esta renúncia é tanto mais estranha se pensarmos que entre 60 a 70% da legislação que temos é transposta do Parlamento Europeu. Ou seja, os europeus demitiram-se de decidir acerca de 60 a 70% das suas leis. A grande realidade é que os Governos locais são responsáveis por apenas cerca de 30 a 40% da remanescente legislação.

São de facto poucas as pessoas que têm a real percepção do que deixaram de fazer e decidir no domingo passado.

Mas a transposição das leis para o enquadramento legal português e dos restantes países da Europa é tão importante tanto para as pessoas como empresas. Assim também seria bastante normal que as grandes empresas vissem os seus interesses representados por alguém em Bruxelas. Neste aspecto, também as empresas, há semelhança dos cidadãos, têm-se demitido da Europa, e muitas vezes com custos elevados.

De facto ninguém quer saber da Europa, excepto meia dúzia de pessoas que vão ganhando nesta terra de cegos.
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