Entidade de «olho» nos cartazes de Manuel Maria Carrilho

Manuel Maria Carrilho tem 250 cartazes espalhados por Lisboa. A propaganda tem custos elevados e pode levar boa parte do bolo do orçamento partidário. Neste sector, PSD tem sido mais contido. Menezes quer mesmo acabar com a moda dos «outdoors».

O «entusiasmo» de Carrilho terá sido o mote para que a nova Entidade das Contas e Financiamentos Políticos (ECFP) tenha enviado ao PS uma carta interrogando o partido sobre os «outdoors» do candidato socialista à Câmara de Lisboa.

O PortugalDiário sabe que a ECFP está atenta aos meios usados e ao financiamento privado que os partidos políticos precisam de garantir para estas eleições autárquicas. Sobretudo se a campanha apontar para algum «entusiasmo» na propaganda espalhada pela cidade. Recorde-se que o PS deu o «tudo por tudo» na campanha para as legislativas, com um tour exaustivo pelo país e propaganda a preceito da conquista da maioria absoluta.

Em entrevista ao semanário Expresso, José Manuel Fernandes, presidente da ECFP, explicou que a entidade estará atenta às «omoletes sem ovos» e apontou mesmo como sinal a quantidade de cartazes que Carrilho espalhou pela capital. «Vou dar um exemplo muito concreto: enquanto Entidade tenho de valorizar a campanha de 250 cartazes 8x3 do PS em Lisboa».

Esta entidade tem como função coadjuvar o Tribunal Constitucional na análise das contas dos partidos e das campanhas eleitorais. Devem verificar a correspondência entre os gastos declarados e as despesas realizadas: cruzar informação não era possível até agora. Como diz José Manuel Fernandes, «quem cabritos vende e cabras não tem, de algures lhe vem».

O presidente da entidade valoriza ainda o papel de Jorge Sampaio em todo o processo, sobretudo na legislação sobre o financiamento dos partidos. O PortugalDiário apurou, aliás, que terá sido da Presidência da República que terá vindo o alerta sobre a campanha lisboeta do PS.

Contactado pelo PortugalDiário, a presidência da República nega que Jorge Sampaio tenho escrito uma carta ao PS sobre o número de cartazes do candidato do PS à autarquia lisboeta. «Se o PS recebeu uma carta, foi da parte da comissão que fiscaliza o financiamento dos partidos», adiantou fonte da presidência ao PortugalDiário.



Por seu lado, o assessor de imprensa de Manuel Maria Carrilho disse ao PortugalDiário desconhecer o envio de tal carta, mas recordou que existe uma entidade própria para fiscalizar as contas dos partidos e que o orçamento da campanha de Carrilho será apresentado no momento próprio. A data da divulgação das contas está dependente da marcação das eleições autárquicas, uma tarefa que cabe ao Presidente da República.

E enquanto Carrilho espalha cartazes, Menezes quer o contrário. Perto do fim do segundo mandato, o autarca, que se vai recandidatar à Câmara de Gaia, lançou um repto à oposição socialista local para um «pacto de regime» tendo em vista poupar na campanha, abdicando de cartazes de propaganda das candidaturas. «O senhor primeiro-ministro está a pedir sacrifícios aos portugueses, porventura inevitáveis. O PS de Gaia pode dar um contributo aceitando o desafio».

Menezes considera que numa altura de sacrifício há que cortar no acessório. É que cada cartaz custa cerca de três mil euros, ao que é necessário adicionar a criação da imagem do candidato. Há dois anos, a Câmara de Lisboa pagou 180 mil euros (cerca de 36 mil contos) a uma agência publicitária pela criação da imagem da autarquia. Na altura, o publicitário responsável explicou ao PortugalDiário que este preço não incluía o custo da produção dos cartazes e revelou que depois da estrutura metálica de um destes cartazes estar montada, alterar a imagem do cartaz custa à volta de 800 euros.

* Com Cláudia Rosenbusch