Perseguido e agredido por aluno - TVI

Perseguido e agredido por aluno

  • Portugal Diário
  • 2 dez 2006, 09:30
Violência [arquivo]

É professor na Universidade de Évora e foi atacado por um estudante. Tribunal já o tinha condenado por ameaças, insultos e perseguições, mas o aluno não desiste. E continua na faculdade

Carlos Cupeto, professor de Geociências, não tem dúvidas: foi sovado pelo aluno que o persegue desde 2004, depois de o ter chumbado na cadeira de Geologia do Ambiente. O caso remonta há dois anos e meio, mas atingiu o seu auge no dia 16 de Outubro deste ano. «Junto ao portão do Colégio Luís Verney fui agredido pelas costas, derrubado, e, quando no chão, esmurrado e pontapeado» pelo aluno Rui Robalo.

Cupeto recebeu tratamento no Banco de Urgência do Hospital Espírito Santo e no dia seguinte apresentou a quarta queixa-crime na polícia contra este aluno. Dois dias depois, foi observado pela equipa médica de peritos que confirmaram as lesões. Passados quatro dias, regressou às urgências: as feridas internas na boca agravaram-se e causavam-lhe dores horríveis.

Tudo começou em 2004, na realização de orais para a disciplina de Geologia do Ambiente, quando um aluno (Rui Robalo) apresentou um trabalho que o professor garante «não responder ao tema proposto e, muito clara e notoriamente, não tinha sido realizado por este».

Quando o professor lhe disse que tinha chumbado e que o trabalho era plagiado reagiu de forma «violenta, ofensiva e agressiva». Recorda o professor, em carta aberta, que só não foi agredido fisicamente «porque alguns colegas, à força, o impediram e o levaram para fora da sala de aula. As ameaças continuaram a ser gritadas durante largos minutos no corredor».

O martírio continuou, duas horas depois, quando o aluno regressou à sala e repetiu a cena. Depois vieram as ameaças e ofensas telefónicas ou de viva voz, às vezes aos gritos na rua. «Nos dias seguintes, eu e a minha família fomos perseguidos e ameaçados de forma tão grave e séria que a policia me protegeu».

O processo referente à primeira queixa já foi julgado, tendo o estudante sido condenado a pagar uma multa. Dois processos estão pendentes e o quarto, referente à agressão física de 16 de Outubro, está em fase de inquérito.

As ameaças por SMS são assinadas, as telefónicas são identificadas, e a polícia possui as gravações do atendedor de chamadas de casa do professor que provam as acusações de Cupeto, professor há 20 anos no departamento de Geociências da Universidade de Évora.

Cupeto fez exposições ao Reitor, e acabou por, em 2004, no regresso às aulas, temer pela sua segurança e acusar sintomas de stress pós-traumático, o que o levou a meter baixa médica.

«Um ano depois, por altura das notas do semestre, as ameaças aumentaram de tom, envolvendo a minha família. Voltei a escrever ao Reitor. Sem resposta». Há cerca de três meses, regressou a perseguição. «As chamadas telefónicas chegaram a ser duas dezenas numa noite, normalmente de madrugada».

Depois de mais um período de baixa, regressou à faculdade no passado dia 23. Sabe que será a opinião pública a julgar a universidade, mesmo que, em comunicado no sítio da Internet, o Reitor lhe tenha demonstrado o seu apoio, mas revele que a falta de um estatuto deixe a universidade impotente. Entretanto ao PortugalDiário, o Reitor Jorge Araújo admitiu que uma lei de 1932 pode vir a ser utilizada, suspendendo ou expulsando o aluno.

[Leia mais sobre a posição da Universidade de Évora]
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