Bueno: «Sou feliz no Porto, mas não gosto de francesinhas» - TVI

Bueno: «Sou feliz no Porto, mas não gosto de francesinhas»

Alberto Bueno

Entrevista a Alberto Bueno – Parte 3

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Nesta terceira e última parte da entrevista, Bueno revela o seu lado mais pessoal.

Um madrileno apaixonado pelo Porto, uma cidade ideal para viver com a mulher e os filhos – uma menina de seis anos e um rapaz de três.

Gosta da praia, de passear pela Invicta, da comida portuguesa, exceto – oh, sacrilégio! – de francesinhas.

Mas há bem mais por contar e muito por viver por cá, antes de regressar a Madrid, perto do bairro de Moratalaz, onde cresceu.

MAISFUTEBOL: Nesta parte final da entrevista, voltemos um pouco às suas origens. O Alberto é do bairro madrileno de Moratalaz. Que recordações tem da sua infância?

ALBERTO BUENO: É um bairro humilde, perto do centro de Madrid, onde morei desde pequenino com a minha família toda: pais, irmão, irmã, avós. Estávamos todos muito juntos.

Em criança, jogava na rua?

Toda a vida. Em qualquer lado. Agora, os miúdos estão a perder esse gosto por jogar futebol na rua. Para mim, era espetacular. Mesmo para fazer amizades, para progredir, para lutar com miúdos mais velhos. Aproveitei muito quando era criança.

Desses miúdos com quem jogava na rua, algum chegou tão longe no futebol?

Eram miúdos do bairro ou da escola. Jogavam bem, mas não seguiram uma carreira profissional.

O que faziam os seus pais?

O meu pai trabalhava numa empresa, na verdade andou por várias. E a minha mãe trabalhava para o exército.

Pensava em seguir a carreira de algum deles?

Primeiro, estive muito focado em estudar. Comecei a tirar um curso de Desporto, completei dois anos quando jogava no Castilla – equipa B do Real Madrid. Depois, assinei pela equipa principal e fui emprestado ao Valladolid e ficou difícil concluir o curso: a distância complicava, além disso já era profissional e acabei por dar prioridade à carreira de futebolista.

Mas tinha a preocupação em ter um plano B se o futebol não resultasse?

Sempre. A educação que tive foi nesse sentido: estudar primeiro, ter educação e valores… Mas o meu sonho era ser futebolista. Desde pequenino que andava agarrado à bola.

Se não fosse jogador, o que seria?

Algo relacionado com desporto. Jornalismo era algo que também gostaria de seguir…

Acha que compensa?

[Risos]

No campo em que posição se sente mais cómodo?

Número 10. Quando era mais jovem, eu e o Mata trocávamos muito de posição. Como profissional, preferi sempre jogar a 10, embora fosse muitas vezes adaptado à esquerda. Gosto de ter bola e estar perto da baliza.

Juan Mata [internacional espanhol e jogador do Manchester United] é o jogador com quem mais se identifica?

Somos diferentes, mas fazíamos uma boa dupla; éramos jogadores inteligentes que se conheciam bem. Ainda hoje mantemos contacto.

Quais são os melhores amigos no futebol?

Sobretudo dos tempos do Castilla guardo muitas amizades: Mata, Adrián González, Mateos, Adán… Mas por onde passei deixei sempre amigos.

Como é a sua vida no Porto? O que gosta de fazer?

Moro em frente ao mar. Para mim, que sou de Madrid…

Iker Casillas diz o mesmo.

Porque é uma maravilha, realmente. Gosto de Madrid; é a minha cidade, é espetacular. Mas o Porto é uma cidade onde tens tudo para ser feliz. E eu sou feliz aqui. Os meus filhos podem ir brincar na areia, ir passear ao Parque da Cidade. É uma cidade confortável para viver. Tens tudo e o estilo de vida é tranquilo... Além disso, continuo perto de Madrid e come-se muito bem.

O que mais gosta na cozinha portuguesa?

Gosto de bacalhau, de peixe grelhado… Gosto de comer, mas manter uma dieta equilibrada. Não gosto de francesinhas...

Como?

[Risos] É uma bomba de calorias! Também me dizem que depende do molho e do sítio onde comes.

Quando não está a treinar ou a jogar, o que faz?

Gosto de estar em família: de estar com os meus filhos, de aprendermos uns com os outros. Passo muito tempo na praia: na Foz ou Matosinhos, que é perto de casa. Gosto de ir ao centro da cidade: à Ribeira, por exemplo, onde podes misturar-te com a gente do Porto.

Os adeptos de Boavista e FC Porto reconhecem-no na rua? O que lhe dizem os boavisteiros?

Que tenho de marcar no próximo jogo. Felizmente, nunca tive problemas, nem sequer da parte de quem possa ter ficado zangado pela forma como saí do FC Porto.

Em termos musicais, o que costuma de ouvir?

Música espanhola, latina… Canto del Loco, Estopa… Bandas de quando eu era mais jovem, que me fazem voltar atrás no tempo. E também ouço coisas mais comerciais, tipo reggaeton.

Vê televisão, séries?

Mais de séries do que de filmes. Gostei da Casa de Papel, por exemplo.

Tem algum lema no futebol?

Não é bem um lema. Tento aproveitar o presente ao máximo. Ser honesto, uma pessoa de palavra.

Onde se imagina daqui a cinco anos?

A jogar futebol.

Pronto, e daqui a dez?

Isso já seria muito [risos]. Quero ser feliz e ter saúde. Talvez tire o curso de treinador. Mas, de momento, só penso que sou um felizardo por ser futebolista.

Quando deixar de jogar, voltará a viver no bairro de Moratalaz?

Os meus pais moram lá perto. É o meu bairro. Tenho amigos de infância ainda lá. O meu futuro vai ser em Madrid, seguramente. Irei voltar para lá e viver perto do sítio onde cresci.

PARTE 1: Bueno: «Decidir o dérbi com um golo no Dragão? Oxalá!»

PARTE 2: «Fiz um poker em um quarto de hora na Liga Espanhola e mal festejei»

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