«Jesus tem bom coração, vi-o muitas vezes alimentar animais de rua» - TVI

«Jesus tem bom coração, vi-o muitas vezes alimentar animais de rua»

Entrevista a André Martins, internacional português do Légia - Parte IV

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André Martins cumpre a segunda temporada no Légia de Varsóvia, depois de 14 anos de ligação ao Sporting e de dois anos no Olympiakos. Depois de ter sido muito importante nas equipas treinadas por Leonardo Jardim e Marco Silva em Alvalade, o internacional português perdeu espaço com Jorge Jesus.

Uma boa oportunidade para perceber o que se passou com o atual treinador do Flamengo, «um homem de bom coração». 

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Gostou de trabalhar com o Domingos Paciência?
Sim, muito. Era um treinador comunicativo e com boas ideias. Aliás, nesse aspeto eu sou um sortudo. Sempre tive bons treinadores e treinadores de sucesso. Aprendi muito com todos, apesar de todos eles terem abordagens diferentes ao jogo.

As suas melhores épocas no Sporting foram com o Leonardo Jardim e o Marco Silva?
No Sporting, sim. Isso vem muito da confiança que me deram. Um jogador com confiança consegue fazer coisas que acha que não consegue. Entra em campo completamente diferente. Eles depositaram confiança em mim e exigiram muito também. Conseguiram tirar o melhor de mim.

Como definiria o Marco Silva?
O Marco é muito humilde, tem uma excelente ideia de jogo. Muito frontal e honesto, diz o que tem a dizer.

E o Leonardo?
Muito exigente e tinha uma particularidade gira. Nos treinos antes dos jogos em que eu fiz golos, ele vinha sempre ter comigo. ‘Eh pá, hoje sonhei contigo e vi-te a marcar um golo’. Sempre que ele me disse isso, acabei por marcar (risos). Adorei trabalhar com o Marco e com o Leonardo.

O Jesualdo e o Sá Pinto, radicalmente diferentes?
O Sá Pinto vive isto intensamente, muito à imagem do que era como atleta. Muita paixão, muito exigente, dá-te todas as condições e confiança para renderes. O Jesualdo é o professor. Ensina. Não é só dar a tática. Ensina posicionamentos, receções, tipo de passe, ritmos de jogo. Foi muito importante trabalhar com ele.

Como é que um jogador que faz épocas brilhantes com o Leonardo e o Marco deixa de ser opção com a chegada do Jorge Jesus?
O mister Jesus sempre foi muito honesto comigo. Nunca me tentou dar a volta. ‘André, tenho outra ideia para o nosso jogo e há outro jogador que prefiro na tua posição’. Dizia que gostava das minhas qualidades, mas avisou-me que eu não ia jogar muito. Mesmo assim, tenho de ser justo, foi com ele que eu mais cresci taticamente. É incrível! A maneira como ele trabalha é estupenda. É um dos melhores do mundo e está a prová-lo. O detalhe com que trabalha as suas equipas é louvável.

No final dessa época, o André abandona o Sporting. Foi uma ligação de 14 anos.
E no último treino, o Jesus veio ter comigo e disse que eu podia ficar mais um ano. ‘Se não encontrares nada que te agrade, liga-me e ficas cá. Gosto do teu futebol. Não te preocupes que eu vou tratar da tua vida’. Um jogador que jogou pouco ouvir uma coisa dessas… é sinal de que sempre trabalhei bem e fui bom profissional.

Era fácil lidar com o Jesus?
Ele é intenso e às vezes diz coisas que não gostamos de ouvir. Mas temos de saber lidar com ele. É assim a forma dele ser. Fora do campo é uma pessoa impecável, vi-o muitas vezes a dar comida a animais de rua. Tem bom coração. Mas como exige a perfeição, exagera um bocado.

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