«Tenho nível para jogar num grande clube e na seleção» - TVI

«Tenho nível para jogar num grande clube e na seleção»

Entrevista ao guarda-redes francês Beunardeau, ex-Desportivo das Aves - Parte II

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Dois meses depois de rescindir o contrato com o Desportivo das Aves, Quentin Beunardeau abre o coração numa longa conversa com o Maisfutebol - sempre em bom português. O guarda-redes francês, vice-campeão da Europa de seleções em Sub19, fala sobre os problemas financeiros que afetam o clube nortenho e diz que tudo começou no momento em que o surto da Covid-19 afetou a China, país de origem do investidor do clube. 

Aos 26 anos, Beunardeau pretende jogar num clube grande já na próxima temporada e acredita ter nível também para chegar à seleção principal de França, depois de ter somado cerca de 40 internacionalizações nos escalões jovens gauleses.

Onde é que estava o guarda-redes no dia do golo de Eder em Paris? Beunardeau responde. 

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Beunardeau com a seleção de França de Sub19

O seu pai é um jogador histórico do Le Mans.
E chegou a ser meu treinador lá no clube. Ele tem mais de 500 jogos pelo Le Mans FC.  

Ser treinado pelo próprio pai não é fácil.
O meu pai conhece muito bem o futebol profissional e foi meu treinador vários anos. Aprendi muito, mas foi complicado. Ele obrigou-me a crescer muito depressa. Eu tinha a sensação de que precisava sempre de fazer mais do que os outros atletas. Viver com o meu pai em casa e viver com o meu pai no campo… não tem nada a ver. Mas só lhe posso dizer 'obrigado'. Falo muito com ele e se hoje em dia sou futebolista profissional, tenho de dizer que é muito por culpa dele.

O seu pai continua ligado ao futebol?
Sim, na época passada foi o treinador-adjunto do Thiago Motta nos Sub19 do PSG. Este ano tem a mesma função, mas com outro treinador. O meu pai fez toda a carreira de jogador no Le Mans e o meu objetivo era também esse. É o clube do nosso coração. Infelizmente, o clube teve problemas financeiros e desceu vários escalões. A minha família vive toda em Le Mans e jamais esquecerei tudo o que vivi lá.

O Beunardeau é filho de um antigo médio. Por que motivo decidiu ser guarda-redes?
Eu até comecei a jogar à frente, mas não gostava muito de correr e tocava poucas vezes na bola (risos). Perguntei ao meu pai se podia ir para a baliza e ele disse que sim, mas com um aviso. ‘Se tiveres frio no inverno, por estares parado, não venhas chorar’. Comecei a treinar à baliza e o treinador disse ao meu pai que eu tinha qualidades interessantes. Fiquei até hoje.

A cidade de Le Mans também é muito famosa devido às ’24 Horas de Le Mans’. Gosta de corridas de automóveis?
Por acaso nunca liguei muito. Há uma ligação grande da cidade às corridas e o estádio do futebol até fica dentro do circuito, mas eu nunca gostei de carros.

Em França quem eram as suas grandes referências na baliza?
Primeiro, o Fabien Barthez. Era o meu ídolo de criança. Foi campeão do mundo e jogou no Marselha, que era o meu segundo clube, depois do Le Mans. Mais tarde comecei a admirar muito o Hugo Lloris. Acho até que temos um estilo parecido na baliza. Aprendo muito a vê-lo a jogar no Tottenham e na seleção.

Há alguns franceses na liga portuguesa. Dois jogam num clube grande, o Sporting. O Mathieu é muito conhecido, mas o Rosier ainda não se impôs.
Não o conheço muito bem. Lembro-me de vê-lo no Dijon, era um lateral muito ofensivo. Rápido e que ataca bem. Foi substituído pelo meu amigo Mama Baldé no Dijon.

Onde viu a final do Euro2016 entre França e Portugal?
Num restaurante em França, com a minha esposa (risos). Foi um dia triste para o meu país, mas bom para os portugueses. Felizmente, dois anos depois ganhámos o Mundial para esquecer.

O golo do Eder foi um choque difícil de aguentar?
Sim, sim. Ainda por cima o Cristiano lesionou-se logo no início. Ainda tivemos um remate do Gignac ao poste e aí disse logo que a sorte não estava connosco. E depois o Eder fez aquele grande golo de fora da área. A França continua a ter uma grande seleção e acho que pode agora juntar o Europeu de 2021 ao Mundial.

Tem 26 anos, é um jogador livre e vem de duas boas épocas no Aves. Qual será o próximo passo?
Entrar num projeto bom. Quero continuar a jogar, porque fiz duas épocas de bom nível. Gostaria de ficar em Portugal, mas o mais importante é acreditar no projeto. Não sei ainda onde vou jogar, sei que o meu empresário está a tratar disso. Tenho qualidade para jogar num grande clube e sei que vou jogar num clube maior do que o Aves. Vamos ver. Fiz o meu trabalho no campo, agora o meu empresário vai fazer o trabalho fora do campo. Confio muito nele.

Aos 26 anos ainda acredita ser possível voltar a vestir a camisola da seleção francesa?
Tenho essa ambição. A França tem ótimos guarda-redes, mas sei que tenho qualidade para isso. É importante escolher bem o próximo clube e ser internacional A é um sonho de criança. Sei que tenho nível para ser chamado.     

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