«Quero ser lembrado como alguém que respeitou tudo e todos» - TVI

«Quero ser lembrado como alguém que respeitou tudo e todos»

Eduardo

Guarda-redes Eduardo em entrevista ao Maisfutebol

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Eduardo falou ao Maisfutebol a partir da Croácia: o guarda-redes que somou 35 internacionalizações, e fez parte da seleção durante mais de cinco anos, falou da carreira e do que representa para ele vestir as cores nacionais, claro.
 
Disse por exemplo que a seleção toca-lhe no coração, e por isso chorou copiosamente na África do Sul. Mas falou também da imagem que construiu numa carreira de vários anos e da experiência como suplente do Benfica.
 
O Benfica foi o ano menos feliz da sua carreira?
Não, não foi um ano menos feliz.
 
Então foi o quê?
Na vida tomamos opções porque não podemos ler o futuro. O que posso dizer é que fui sempre muito bem tratado no Benfica. As coisas não correram da forma como queria, mas não olho para isso como uma mágoa. Pelo contrário: foi um momento da minha carreira como outros. Alguns foram melhores, outros piores.
 
E o Benfica enquadra-se em qual?
Acima de tudo foi um orgulho representar um clube da dimensão do Benfica. Não guardo nenhuma mágoa, pelo contrário: guardo muita gratidão. Tentei dar o meu melhor e as pessoas sabem disso. A forma como me receberam quando voltei demonstra que as pessoas reconhecem que dei tudo pelo clube, e isso também me deixa orgulhoso.
 
De todos os momentos que teve na carreira, qual é o que guarda com mais carinho?
Ui, são vários.
 
Os primeiros que lhe vêm à cabeça...
Não posso esquecer o Beira Mar, que me deu a possibilidade de me estrear na primeira divisão. Guardo o V. Setúbal no coração, pela forma como fui recebido e pela forma como as pessoas me tratam sempre que regresso àquele estádio. E o Sp. Braga, como é óbvio. É o meu clube. O clube onde cresci e que continuo a apoiar.
 
Aos 32 anos o que lhe falta fazer no futebol?
Falta-me tudo. Nunca estou satisfeito. Já estive em dois Mundiais, já estive num Europeu, já joguei em vários clubes, mas ainda tenho tanta vontade de dar tanto que me falta tudo. É essa adrenalina que me faz levantar todos os dias de manhã para me atirar ao chão uma e outra, e outra, e outra vez.
 
É uma questão de paixão?
Sinto uma paixão enorme pelo futebol, sim, e enquanto tiver forças quero continuar a andar aqui. Por isso sinto que ainda me falta tudo no futebol. É assim que quero pensar até ao último dia que andar por cá a jogar à bola.
 
Já agora, quando terminar a carreira como é que gostava de ser lembrado?
Apenas quero ser lembrado como alguém que viveu um sonho de criança. De certeza que terei orgulho na forma construí a minha carreira e na maneira como me comportei ao longo dela. Estive de cabeça levantada em todos os sítios por onde passei. Devo a minha carreira ao meu trabalho, felizmente, e a algumas pessoas que acreditaram em mim, também é verdade, mas nunca enganei ninguém. Pelo contrário. Fui sempre alguém que deu o melhor e que respeitou tudo e todos à sua volta nas equipas por onde passou.
 
É impossível não associar Eduardo à seleção: regressar é uma ambição sua?
Sempre. A seleção faz parte sempre dos meus objetivos. Respeito claro as decisões dos selecionadores, mas nunca deixou de ser a minha ambição. A seleção foi um dos maiores orgulhos da minha carreira e por isso vou ter esta ambição sempre na minha cabeça.
 
Jogar na Croácia pode tê-lo prejudicado nesse aspeto?
Não sei. Nós jogámos a Liga dos Campeões, depois fomos à Liga Europa, somos líderes do campeonato, por isso acredito que as pessoas estão atentas ao que estamos a fazer. Estou cá para o que quiserem e estarei sempre disponível.
 
Disse que a seleção foi um dos maiores orgulhos da carreira: foi por isso que chorou quando fomos eliminados do Mundial 2010, apesar de ter feito uma grande exibição?

Sim, obviamente que foi. Foi a minha primeira experiência na fase final de um Campeonato do Mundo, tínhamos grandes ambições e termos sido eliminados da maneira que foi pesou em todos. Foi algo que ficou, e vai ficar sempre, marcado na minha vida.
 
Naquele momento não conseguiu conter-se?
Não somos de ferro. Somos pessoas com sentimentos. Naquela altura foi a maneira como exprimi os meus sentimentos. Saiu-me tudo o que tinha na alma.
 
É curioso que fale em alma, porque outra das imagens que os portugueses têm é o Eduardo a cantar o hino a plenos pulmões...
São coisas naturais e que saem no momento. Estar na seleção toca-me muito no coração e naquelas alturas a vontade de dar o máximo é tanta que acabamos por nos exprimir de uma forma destemida.
 
Pode dizer-se que é quando está na seleção que sente mais a adrenalina?
Sim, acho que sim. Como é óbvio também sinto essa vontade no clube, mas a seleção fala-nos mais ao coração. Quando mete a seleção, mete o coração, e quando mete o coração as coisas tocam-nos mais, claro. São coisas diferentes.

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