Bruno Alves: «O nosso motorista levou um tiro na cara ao volante» - TVI

Bruno Alves: «O nosso motorista levou um tiro na cara ao volante»

Bruno Alves (RJC)

Entrevista exclusiva ao internacional português - parte II

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Se este fosse um ano normal, Bruno Alves não estava a jogar futevólei e a mergulhar no mar da Póvoa de Varzim antes de falar em exclusivo ao Maisfutebol. Mas este não é um ano normal. Esta é a primeira vez, desde 2006, que o defesa central de 37 anos não está nos convocados de Portugal para uma grande competição de seleção.

Numa carreira longa e riquíssima, Bruno passou por seis países e muitas mais aventuras. Na Turquia e na Rússia, principalmente aí, percebeu que a vida em Portugal é uma pacatez paradisíaca. E o futuro? Parece que não vamos ter treinador. 

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Maisfutebol – O Bruno assumiu que teve convites do Sporting e do FC Porto para voltar a Portugal. Ainda tem o objetivo de jogar no nosso país?
Bruno Alves –
Não sei… o futebol é uma caixa de surpresas. Tive essas possibilidades, sim. Em 2016 podia ter ido para o FC Porto e em 2017 para o Sporting. Não aconteceu, preferi continuar no estrangeiro e a ter outras experiências. O FC Porto é o meu clube do coração, acompanho sempre e o Sérgio Conceição está a fazer um grande trabalho. O Porto voltou a ter uma identidade forte. Sempre foi uma marca forte de vitória e com o Sérgio voltou a sê-lo.

MF – Conheceu o Fernando Santos em 2004 no AEK e o Jorge Jesus na época anterior em Guimarães. Eram muito diferentes do que são hoje?
BA –
O Fernando sim, era. O Jesus nem por isso (risos). O Fernando mudou, fez bem a transição para os métodos modernos e está bem acompanhado. É uma pessoa extremamente inteligente, tem formação, tem conhecimento. É ex-futebolista e tem formação académica. Foi mudando e o treinador que conheci na seleção não foi o mesmo que tive no AEK. Cresci muito nessa época, tínhamos uma equipa limitada e acabámos em segundo. O Fernando Santos fez um grande trabalho lá.

MF – Teve muitos defesas centrais ao seu lado ao longo da carreira. Com quem teve mais química?
BA –
O Pepe, sem dúvida. Sempre tive muito prazer a jogar com ele. Há coisas que não se explicam, sentem-se, e o Pepe foi sempre um camarada perfeito.  

MF – Jogou em vários países e teve várias aventuras. Quais são as histórias mais loucas da sua carreira?
BA –
Tenho algumas (risos).

MF – Vamos à primeira.
BA –
Na Rússia, em São Petersburgo, a polícia parou o meu carro e o do Danny. Pensava que éramos traficantes de droga. Foi à noite, perto do rio. Vimos um carro a perseguir-nos e ficámos desconfiados. O Danny era muito famoso lá e quando percebi que eram polícias, sinceramente, fiquei descansado. Depois eles ficaram um bocado agressivos, mandavam-nos calar, apontavam umas luzes para o nosso carro… e nós estávamos com as nossas esposas e filhos, foi um bocado agressivo. Como não tínhamos nada de ilegal, lá nos safámos.

MF – Gostou de jogar na Rússia?
BA –
Gostei. A vertente financeira foi importante. Tinha ganho tudo no FC Porto e senti que estava na altura de mudar. Estive num clube grande e ganhei mais dinheiro. Essa parte é importante, claro. Não me posso esquecer que a minha família passou por dificuldades quando o meu pai deixou de jogar. Na altura não se ganhava muito dinheiro e ele teve de ir trabalhar para outra área. Temos de ser equilibrados e gerir muito bem a nossa vida.

MF – E na Turquia passou por alguma situação apertada?
BA –
Por algumas, mas conto esta. Fomos jogar à zona de Trabzon, casa de um dos maiores rivais do Fenerbahce. De repente ouvimos um estrondo, buuuum. Algum tipo disparou contra o nosso autocarro e acertou na cara do motorista, do homem que ia ao volante. Não o matou por milagre.

MF – O autocarro despistou-se?
BA –
Não, por muito pouco. Um dos seguranças, que estava ao lado do motorista, agarrou o volante e controlou o autocarro. Nós ficámos cheio de medo, claro, mas um dos meus colegas ainda estava pior. O Webo, camaronês, não sabia nadar e só gritava que não queria que o autocarro caísse da ribanceira para o mar (risos).

MF – Falemos sobre o seu futuro. Tem a ambição de ser treinador?
BA –
Não sei, tenho muitas dúvidas. Um treinador tem demasiadas preocupações. Imagino-me mais a trabalhar na formação, a ajudar o Varzim aqui na Póvoa, talvez. Nesta zona há um talento impressionante e o Varzim é um clube histórico.

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