Javier Saviola: «Com o Jorge Jesus nunca há meias palavras» - TVI

Javier Saviola: «Com o Jorge Jesus nunca há meias palavras»

Entrevista exclusiva ao antigo avançado das águias - Parte III

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No verão de 2009, Javier Saviola deixou o Real Madrid e rumou ao Benfica. Na Luz conheceu Jorge Jesus, um dos treinadores que mais o marcou, mas também um treinador com quem teve de aprender a lidar. 

Em grande entrevista ao Maisfutebol, El Conejo fala do ainda técnico das águias - o único que conheceu no Benfica, entre 2009 e 2012 - e ainda puxa Marcelo Bielsa e José Pekerman para a conversa. 

PARTE 1: «No Benfica, eu e o Aimar encontrámos o prazer de jogar» 

PARTE 2: «O Benfica sentiu no Bayern o que sentimos no FC Porto em 2010»

PARTE 4: «Insistiram comigo e lá fui ver um miúdo chamado Lionel Messi»

PARTE 5: «O Ruben Amorim divertia-me, não o imaginava treinador»

Maisfutebol – Em 2009 trocou o Real Madrid pelo Benfica e conheceu Jorge Jesus. Foi difícil lidar com ele ou adaptou-se bem?

Javier Saviola – Com o Jorge Jesus, sinceramente, aprendemos muito. Como maestro, como levar um grupo, mostrou a sua sabedoria e maneira de ver o futebol. Aprendemos todos muito com ele. Fez-nos jogar de uma maneira fantástica, que não se esquece. Tive outros como Jesus, que exigem 100 por cento diariamente dos jogadores. Posso dar os exemplos do Marcelo Bielsa e do Louis van Gaal. Não há um ponto intermédio com eles, meias palavras. Tive que me adaptar à forma como o Jesus vive o futebol. É um apaixonado pelo desporto. Tive alguns dos meus melhores anos com ele.

MF – O que lhe exigia Jesus, enquanto avançado?

JS – Eu tinha de jogar entre o Aimar e o Cardozo, fazer essa ligação. Ele explicou-me até à perfeição o que eu precisava de fazer no campo. E defensivamente obrigou-me a fazer coisas que nunca antes tinha feito. Passei anos a atacar, a ir para cima de defesas, e ele inculcou-me movimentos novos.

MF – Qual foi o treinador que melhor percebeu o seu futebol?

JS – O Marcelo Bielsa. Quando falamos de catedráticos, de mestres, de alguém que está noutro nível, falamos do Marcelo Bielsa. Tive o privilégio de ser treinado por alguém que sabe tanto, mas tanto, de futebol. O Marcelo e o Jesus são assim, sabem tudo. Antecipam tudo o que vai acontecer nos jogos, como se tivessem um raio-x nas mãos. E tenho de sublinhar também o papel que o José Pekerman teve na minha carreira em dois momentos decisivos. Quando eu tinha 16 anos, o José teve a audácia de me levar ao Mundial de sub20 e tive a sorte de encontrar um excelente formador. Depois foi ele que me levou ao Mundial de 2006, na Alemanha.

MF – Emocionalmente, é diferente vestir a camisola da seleção da Argentina ou de um clube?

JS – Sim, é. Nasci a jogar no River Plate, onde me estreei com 16 anos na primeira equipa, mas a seleção da Agentina para mim era tudo. A paixão que desperta o futebol no meu país está dentro daquelas camisolas azuis e brancas. Joguei várias competições pela Argentina e nada iguala isso. Fui muito feliz a representar o meu país, está acima de tudo.

MF – Consegue transmitir através de palavras o prazer que sentia ao fazer um golo?

JS – É algo único. Às vezes estou com os meus amigos e eles perguntam-me isso. O que se sente quando fazemos um golo e temos o estádio todo de pé? As pessoas loucas, a festejar. É difícil expressá-lo por palavras. Temos de estar lá dentro, é algo muito íntimo. Não há nada melhor do que ganhar um jogo com um golo ou uma assistência nossa. É um orgulho gigante. O melhor mesmo é poder senti-lo.

MF – Há sensações que só o futebol nos consegue dar.

JS – Isso para mim é claríssimo e posso dar um exemplo. Num Mundial toca o hino do teu país, estás no relvado e pensas que acima disso não há nada. É o máximo, o mais belo. Estamos a representar todo o país e o mundo está a olhar para nós. Estar nessa classe de jogadores é um orgulho que nos salta para fora do peito.

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