«Ronaldo é uma máquina, não fez um bom jogo contra a Sérvia e no fim estava lá» - TVI

«Ronaldo é uma máquina, não fez um bom jogo contra a Sérvia e no fim estava lá»

  • Sérgio Pires
  • Enviado especial do Maisfutebol a Sevilha
  • 10 abr 2021, 09:23

Entrevista de Nemanja Gudelj ao Maisfutebol - Parte IV

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Nemanja Gudelj chega à cidade desportiva do Sevilha FC descontraído. Sorri, senta-se no relvado do estádio Jesús Navas e pergunta: «Querem fazer a entrevista em português ou em espanhol? Sérvio? Neerlandês?»

Pergunta e sorri. A boa disposição é uma constante no discurso do médio internacional sérvio de 29 anos, que representa há duas épocas o clube andaluz, comandado por Julen Lopetegui, depois de uma época no Sporting [2018/19].

E foi por aí que surgiu a primeira surpresa: Gudelj fala um português quase perfeito, apesar da curta passagem pelo nosso país. O Sporting ficou-lhe no coração a ponto de fazer uma declaração ao clube e antecipar a possível conquista do título de campeão nacional como se fosse sua.

Gudelj fez a sua formação na Holanda, tendo começado a carreira profissional pelo NAC Breda, passando pelo AZ Alkmaar e Ajax, jogou também na China (Tianjin Teda e Guangzhou Evergrande), antes de regressar à Europa para represnetar os leões, em 2018/19, onde conquistou duas Taças.

O recente Sérvia-Portugal, que terminou em polémica, a época no Sevilha e a eliminatória entre FC Porto e Chelsea dos quartos-de-final da Liga dos Campeões foram temas de conversa, numa entrevista que abordou também um lado pessoal, em que o 36 vezes internacional pelo seu país explica a sua ligação ao seu pai, ex-futebolista, à família, que lhe está tatuada no corpo.

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PARTE I «Sporting campeão? É como se fosse eu a ganhar, amo muito aquele clube»

PARTE II: «Gosto de jogadores como o Acuña, que deixam o coração em campo»

PARTE III: «Sérvia-Portugal? A bola entrou, a sorte é que não havia VAR»

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O Gudelj nasceu em 1991, em Belgrado, numa altura difícil da história do seu país.

Foi uma altura difícil, mas em 1994/95, o meu pai veio jogar para Espanha. Vivi aqui três anos e é por isso que eu falo espanhol.

É uma pressão adicional para um aspirante a futebolista ser filho do Nebojsa Gudelj?

Claro. No início, quando era pequeno, gostava de falar do meu pai com os meus amigos. Toda a gente fala de que para um filho de um jogador é mais fácil seguir as pisadas do pai, mas na verdade é mais difícil.

Se não fosse futebolista seria o quê?

Não sei. O sonho de ser futebolista sempre era a única coisa que na cabeça. Não tinha um plano B.

Jogou na Holanda, na China, em Portugal, em Espanha. Que grandes diferenças encontrou no futebol destes países?

A China era completamente diferente. Desde logo, a cultura. A nível futebolístico, na Europa taticamente são muito mais fortes, enquanto na China os jogadores respeitam mais o trabalho no campo. Trabalham muito, são soldados todos. Eu gosto disso. Todos os jogadores têm disciplina. Essa é a grande diferença entre a China e o futebol europeu.

Qual era a sua referência como jogador quando começou a jogar futebol?

Tenho a sorte de jogar contra grandes jogadores: Messi, Ronaldo… Estou feliz pela carreira que tenho. Por fazer amizades no futebol.

Nem em criança tinha um ídolo?

O meu pai. Ele era jogador e eu queria ser como ele. Era o meu ídolo. Quando cresci um pouco mais, passei a admirar o Totti.

Qual foi o melhor conselho sobre futebol que o seu pai lhe deu?

Disse-me que era difícil chegar ao topo do futebol, mas ainda mais difícil era ficar. É a qualidade que te leva para o topo, mas é a disciplina, a mentalidade e a atitude que te faz ficar.

Disse que enfrenta grandes jogadores. Houve algum mais difícil de enfrentar?

O Ronaldo é uma máquina no campo. Viu-se contra a Sérvia. O Ronaldo não fez um bom jogo, mas no último segundo ele estava lá. Normalmente ele marca. E marcou. Mas nós tivemos a sorte com o árbitro ali. O Messi também é muito difícil de enfrentar com a bola. É rapidíssimo, é pequeno, gira muito facilmente. Não é por acaso que estes dois jogadores são considerados os melhores do mundo.

Dessas tatuagens que tem qual é a mais significativa?

Tenho no braço o meu irmão e a minha irmã e na perna tenho os meus pais. Significa muito para mim, porque gosto sempre de estar junto com a família. A minha força vem daí. Por isso, trago-os sempre comigo. Tenho aqui os nomes deles com um símbolo de infinito [no braço], que significa estar sempre junto deles.

O que gostaria de fazer daqui a cinco ou dez anos, quando deixar o futebol?

Não estou a pensar muito nisso, mas de certeza que quero ficar no fundo do futebol. Como? Ainda não sei.

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