Depois de 16 anos de ligação ao FC Porto e de três temporadas consecutivas em Tondela, David Bruno está preparado para novos desafios. O contrato com o emblema beirão expirou no final de mais uma época de sofrimento, mas com um epílogo feliz.
A entrevista ao Maisfutebol surge numa altura em que está a refletir sobre as várias abordagens recebidas neste início do mercado de transferências. De Portugal e do estrangeiro.
A conversa passa obrigatoriamente pela antiga ligação ao FC Porto, mas também por Tondela e pelo ambiente difícil do nosso futebol.
David Bruno, 27 anos, um lateral direito livre para escolher o futuro.
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Maisfutebol – Fala-se muito da falta de aproveitamento dos jovens da formação do FC Porto. O David cruzou-se com centenas de colegas nas escolas do clube. Consegue escolher o melhor de todos?
David Bruno – Consigo escolher dois. O Christian Atsu jogou comigo nos juniores e destacava-se muito. Pela velocidade, pela força, desequilibrava muitos jogos. Fico feliz por vê-lo na Premier League. E o outro é o Sérgio Oliveira, foi sempre um médio de grande qualidade e inteligência. Bem, pelo menos eles os dois tiveram oportunidades na equipa principal.
MF – O David não pode dizer o mesmo.
DB – É a maior mágoa da minha carreira. A única. Não tive o privilégio de fazer um único minuto na equipa principal do FC Porto, apesar de ter estado em três pré-temporadas e de o Julen Lopetegui me ter dito que me ia dar uma oportunidade de ficar no plantel. Isto em 2015.
MF – O que aconteceu, então?
DB – Poucos dias depois dessa conversa, no estágio de pré-época, mandaram-me para o Freamunde na II Liga. Recusei inicialmente, resisti, mas o Antero Henrique tomou essa decisão. Tive de acatar. Curiosamente, acabei de fazer uma grande temporada, com 40 jogos. E conheci um treinador que me marcou muito.
MF – Quem foi?
DB – O Carlos Pinto. Foi o treinador com quem mais gostei de trabalhar, com todo o respeito pelos outros. Criei uma excelente ligação com ele. É exigente, mas dá liberdade e confiança aos jogadores. Não me surpreende nada os trabalhos que tem feito. Já subiu com o Santa Clara e o Famalicão e aposto agora também no Leixões.
MF – Voltando ao FC Porto. Fez pré-épocas com o Vítor Pereira e o Lopetegui.
DB – Isso mesmo. Na primeira estava a sair dos juniores e o mister Vítor Pereira levou-me para estágio. No primeiro jogo fui titular, a lateral esquerdo. Logo a começar cruzei de pé esquerdo e fizemos o primeiro golo. Soltei-me e fiz um grande jogo. Ainda estive na apresentação oficial aos sócios, contra o Peñarol. Uma das noites mais bonitas da minha vida.
MF – O contrato com o FC Porto acabou quando?
DB – Em 2017, no final da minha primeira época no Tondela.
MF – Nesses três anos de I Liga apanhou bons extremos pela frente. Qual o mais perigoso?
DB – Ora bem… aquele que mais dificuldades me causou foi o Galeno. Pela velocidade, pela imprevisibilidade e por ter um pontapé fácil. Não foi fácil jogar contra ele. Mas o extremo que me obrigou a preparar mais, a ter cuidados redobrados e a estar mais atento foi o Brahimi. Acho que fiz uma grande exibição contra ele e até o controlei bem, mas isso exigiu-me uma concentração enorme.
MF – Aos 27 anos, sente que é a altura de dar o salto?
DB – Sim, em Portugal ou no estrangeiro. Tenho 16 anos de FC Porto, presenças nas seleções nacionais de Sub18, Sub19 e Sub21, 80 jogos no Tondela. Sinto-me preparado e tenho recebido abordagens muito interessantes, mas nesta altura da minha carreira também já quero ter tempo para escolher bem o próximo passo.