Paulo Fonseca: «Vou chegar a uma das grandes ligas europeias» - TVI

Paulo Fonseca: «Vou chegar a uma das grandes ligas europeias»

Entrevista EXCLUSIVA ao treinador do Shakhtar Donetsk - Parte I

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Dois campeonatos ucranianos, duas taças e uma supertaça. Paulo Fonseca persegue o 'tri' com o Shakhtar, sem nunca abdicar das suas convicções. Aos 46 anos, o treinador português junta os bons resultados a um estilo que até já de Pep Guardiola recebeu elogios. 

Em entrevista exclusiva ao Maisfutebol, o técnico fala da vida no extremo europeu, da falta de jogadores portugueses no seu Shakhtar, do falhanço de Facundo Ferreyra no Benfica e, claro, das ambições profissionais. 

O regresso a Portugal não faz parte dos planos imediatos, mas Fonseca pretende mais do que a liga ucraniana. Inglaterra, Espanha, Alemanha, Itália e Franças, as cinco maiores ligas europeias entram na ambição do antigo técnico de FC Porto, Sp. Braga, Paços de Ferreira e Aves.  


Maisfutebol – O Paulo está no terceiro ano no Shakhtar. É bicampeão, ganhou duas taças e está no primeiro lugar. Que desafios ainda procura na Ucrânia?
Paulo Fonseca –
Bem, aqui o mais importante é sempre o campeonato ucraniano. Estamos no primeiro lugar, as coisas estão novamente a correr bem. Fizemos também uma boa participação nas provas europeias, mas há ainda alguma diferença para os melhores clubes das principais ligas europeias. O Shakhtar é um bom clube, continuamos muito motivados e com o desejo de conquistar títulos. Pretendemos estar bem nas provas europeias e chegar cada vez mais longe.

MF – Sente que no Shakhtar poderá atingir esse objetivo de chegar longe nas provas da UEFA?
PF –
É muito, muito difícil. Acho que temos dado uma imagem muito positiva. Temos de perceber que o clube tem uma política muito vincada, continua a olhar muito para o mercado brasileiro e para atletas jovens. Esta temporada tivemos de fazer mudanças importantes no plantel e tudo isso tem um custo.

MF – O Paulo tem mais um ano e meio de contrato com o Shakhtar. É aí que se imagina até ao verão de 2020 ou nem por isso?
PF –
É verdade, tenho mais um ano e meio de contrato e à partida vou cumpri-lo. Agora, se surgir uma proposta que venha de encontro ao meu interesse e ao interesse do Shakhtar, temos de saber reagir. O ano passado chegaram algumas propostas, que entendi não aceitar, e neste momento nem penso nisso, em sair.

Paulo Fonseca no banco do Shakhtar Donetsk

MF – O Shakhtar tem sido uma das vítimas do conflito político na Ucrânia e está obrigado a jogar sempre longe de Donetsk. Há alguma evolução nesta situação?
PF –
Há alguma, sim. Temos um novo campo relvado para treino e essa infraestrutura é muito importante. O inverno aqui é muito, muito duro, há três meses em que é difícil treinar, e este novo relvado vem ajudar-nos. O resto, enfim, continuamos a fazer 125 viagens de avião por época (risos) e a fazer os jogos em casa na cidade de Kharkiv.

MF – O Paulo está longe, mas o seu nome continua a ser muito falado e no ano passado até foi elogiado publicamente por Pep Guardiola. Vamos tê-lo a médio prazo numa grande liga europeia?
PF –
Vai acontecer, mais cedo ou mais tarde. Acredito que sim, tenho essa convicção. Não sei quando, mas vai acontecer.

MF – Nestes três anos no Shakhtar, o Paulo Fonseca nunca teve nenhum jogador português consigo. É uma opção estratégica?
PF –
O clube tem uma política de contratações muito bem delineada e o Brasil tem sido o mercado preferencial. É verdade que estivemos interessados em trazer o Daniel Podence para cá, porque era um jogador de grande potencial e que encaixava precisamente nas nossas ideias. Mas, em face das circunstâncias, o Shakhtar decidiu não avançar. Devido à situação difícil no Sporting… acabou por não vir. O mercado preferencial não tem sido o português, mas há muita qualidade e no futuro isso pode mudar.

MF – Em sentido contrário, no passado verão vieram para Portugal três jogadores com ligação ao Shakhtar: o Ferreyra (Benfica), o Dodô (V. Guimarães) e o Arabidze (Nacional). Curiosamente, nenhum deles se impôs no respetivo clube.
PF –
Bem, sobre o Ferreyra só posso dizer que é um grande profissional e um goleador. Saiu do Shakhtar com 30 golos marcados. Não sei se ele teve dificuldades em adaptar-se à forma de jogar do Benfica ou se o Benfica teve dificuldades em perceber a forma do Ferreyra jogar. Saiu para o Espanhol e já fez um golo. De facto, por algum motivo não se conseguiu impor no Benfica.

O Arabidze é um médio georgiano de algum talento, mas que pouco trabalhou comigo. Esteve cá sobretudo na equipa B e havia alguma expetativa em relação a ele. Era uma grande promessa da Geórgia, mas sinceramente não tenho um conhecimento grande sobre ele.

O Dodô é um jovem que foi aposta do Shakhtar, o clube acreditou no valor dele. Era preciso vê-lo a ter jogos, a jogar sempre, e considerámos que Portugal era um país a que se podia adaptar bem. Não se tem conseguido impor no Vitória de Guimarães e vamos ver o que vai acontecer nas próximas semanas.

MF – Regressar à liga portuguesa é um cenário impossível ou até pouco interessante para o Paulo nesta fase?
PF –
Impossível não, não posso dizer isso. Mas… vou ser muito direto. Sinto que o meu trabalho é muito mais valorizado aqui no estrangeiro. Mais do que era em Portugal. Poderei regressar um dia, claro, mas nesta altura não faz parte dos meus planos imediatos. Olho para outras ligas europeias, as maiores, com mais interesse e também é importante dizer que me sinto muito bem aqui no Shakhtar.

[artigo publicado originalmente às 23h59 do dia 21 de março]

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