Óliver: «Sérgio Conceição sempre gostou de mim» - TVI

Óliver: «Sérgio Conceição sempre gostou de mim»

  • Sérgio Pires
  • Ciudad Deportiva José Ramón Cisneros Palacios, em Sevilha
  • 12 dez 2019, 23:52

Entrevista de Óliver Torres ao Maisfutebol - Parte II

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Óliver Torres recebe-nos na cidade desportiva do Sevilha FC depois do treino da manhã. Pede para responder em português naquela que é a sua primeira entrevista para um órgão de comunicação nacional desde que saiu do FC Porto, em julho, a troco de 12 milhões de euros.

Sentado numa das cadeiras da bancada coberta do miniestádio Jesús Navas, o médio espanhol de 25 anos fala dos quatro épocas no FC Porto e na despedida emocionada, na transferência que durou mais de um mês a concretizar-se e que teve a influência de Julen Lopetegui.

Fala também da relação com Sérgio Conceição, dos conselhos do amigo Iker Casillas e até de João Félix, que atualmente assume um papel que bem conhece: o de jovem prodígio do Atlético de Madrid.

Bem-humorado, Óliver responde a tudo de cabeça levantada, tão esclarecido como se estivesse em campo com a bola nos pés.

Da carreira ao lado mais pessoal, recuando até às suas origens numa família humilde em Navalmoral de la Mata.

No final, deixa uma mensagem para os portugueses e em particular para os adeptos portistas, dos quais apenas se havia despedido numa publicação nas redes sociais. E deixa um agradecimento ao Maisfutebol: «Obrigado por se terem lembrado de mim.»

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*Repórter de imagem: Tiago Tavares

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Recordemos a sua passagem pelo FC Porto. Qual foi o melhor momento?

As conquistas marcam, mas há muitos momentos especiais. Lembro-me sobretudo de ir trabalhar com alegria, do carinho de toda a gente, dos adeptos às pessoas que trabalham no clube. Acho que sempre me tiveram como um bom menino.

Sendo um jogador especialmente querido pelos adeptos do FC Porto, sentia que quando não jogava havia uma certa tensão em relação às opções do treinador?

Faz parte do futebol.

Mas percebe que havia por parte de muitos adeptos a vontade que o Óliver jogasse mais?

Eu também tinha vontade de jogar muito mais. Mas, no final, o que depende de nós é o trabalho. E eu sempre tentei trabalhar da melhor maneira. Por isso, vim embora com a consciência tranquila. Dei tudo. Às vezes, corria bem. Outras, corria mal. Se calhar, nem sempre tive o rendimento que se esperava. Não é fácil. Não somos máquinas. Durante estas últimas épocas, sempre que joguei, tive um rendimento alto. Tentei colocar-me ao serviço do grupo. Agradeci o carinho que senti por parte dos adeptos. Fiquei como um deles: um adepto do FC Porto. Ficarei para sempre.

No FC Porto faltou-lhe tempo de jogo e espaço para crescer?

Não é fácil ser treinador. Há 25 homens no balneário que acham que têm de jogar. O mister é quem decide. É um privilégio ser futebolista. Quando somos crianças todos sonhamos em sê-lo e, afinal, somos poucos os que podemos jogar. Há que dar valor a isso também. Claro que há momentos duros quando não jogas, mas isso faz parte. Há muita gente que trabalha e não está contente em profissões que são piores que a nossa. Resta-nos a cada treino mostrar que estamos com ganas de jogar.

Como era a sua relação com Sérgio Conceição?

O mister é muito sério e exigente no trabalho. Com ele, jogávamos em 4-4-2 com duplo pivot e acho que melhorei muito algumas facetas dentro do campo. Tornei-me muito mais agressivo, muito melhor taticamente. Saí do FC Porto sendo melhor jogador. Acho que para ele eu também era um jogador importante. Se não, ele já me tinha deixado ir embora antes, facilitado a saída definitiva ou um empréstimo. Ele sempre gostou de mim. Se eu gostava de ter jogado mais? Com certeza. Mas, pronto, fico com o lado positivo. Aprendi muito.

Concorda que nem sempre era fácil encaixar o Óliver no sistema tático do FC Porto?

Não vejo assim. Percebo que haja gente que analise e que goste mais ou menos da minha forma de jogar.

Em que posição prefere jogar? A 8, a 10, a falso extremo?

Gosto muito de jogar a 8, de estar sempre perto da bola e pautar o ritmo do jogo. Mas num 4-4-2 com duplo pivot acho que também tive boas exibições. Também pelo trabalho que fiz no dia a dia, pelo que aprendi com os meus colegas e com as ideias do treinador. Não sei se é difícil ou fácil, mas acredito que qualquer jogador pode jogar em qualquer sistema.

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