«Falhei no Benfica porque o Grimaldo fez a melhor época dele» - TVI

«Falhei no Benfica porque o Grimaldo fez a melhor época dele»

Entrevista a Yuri Ribeiro, jogador português do Nottingham Forest - Parte III

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Foram sete anos de ligação ao Benfica, dois deles com presenças na equipa principal. Yuri Ribeiro entrou em 2012 nas águias, com 15 anos, e saiu aos 22. Para o Nottingham Forest. Agora que acaba o contrato com o histórico inglês, Yuri fala ao Maisfutebol sobre os dias de águia ao peito e da grande desilusão que foi a temporada de 2018/19. 

Como consequência de um ano de grande nível no Rio Ave, Yuri mereceu a chamada de regresso a casa, mas Rui Vitória e Bruno Lage não o tiraram da sombra de Grimaldo. Yuri Ribeiro fez nove jogos no total pela equipa principal do Benfica, mas nenhum no campeonato.  

Aos 24 anos, e com a bagagem que mais de 50 jogos em Inglaterra lhe deram, Yuri diz-se preparado para dar um passo em frente e assumir um projeto ainda maior.  


PARTE I: «Assinei pelo Forest com o peso de duas Champions nas costas»

PARTE II: «Renato Paiva tem todas as condições para ser o treinador do Benfica»


Maisfutebol – Depois de cinco épocas no Benfica foi emprestado ao Rio Ave, em 2017. Gostou da experiência em Vila do Conde?

Yuri Ribeiro – Estive no Mundial de sub17, na Coreia do Sul, e antes da prova o meu empresário falou-me no interesse do Rio Ave. É um clube excelente, muito organizado, mas espero que se mantenha na I Liga. Tenho a certeza que sim. Aceitei o convite, para estreia na I Liga não havia melhor.

MF – E foi no Rio Ave que marcou um golo ‘à Maradona’ [21 de janeiro de 2018, Boavista]. Quando arrancou teve a convicção que era para ir até ao fim?

YR – A partir de dado momento senti que era para ir até ao fim. Foi quando meti a bola por um lado e fui buscar pelo outro (VÍDEO do golaço). Aí já não dava para parar. Podia ser um golo de outro mundo e não queria perder essa oportunidade (risos). Quando recebi a bola e fui para ali fora, não estava à espera de ir para a baliza. Mas chegou um momento em que percebi que ia ter de chutar à baliza. Vi 200 vezes o golo, estou sempre a ver. E o mais engraçado é ver o Francisco Geraldes atrás de mim a rir-se. Tenho uma foto até com esse momento.

MF – Esse golo ajudou-o a voltar ao Benfica pela ‘porta grande’?

YR – Não foi só o golo. Acho que fazia um vídeo dessa época no Rio Ave com mais cinco lances parecidos. A diferença é que chutei e foi ao lado, ou passei a algum colega. O golo faz toda a diferença e fez-me aparecer. Se rematar e o guarda-redes defende, no dia a seguir não apareço no jornal. Não digo que foi por esse golo, mas um golo desses ajuda sempre.

MF – Nessa época ajudou o Rio Ave a eliminar o Benfica na taça.

YR – O pessoal do Rio Ave estava com dúvidas, porque eu estava emprestado. Mas joguei, ganhámos e fiquei muito feliz. A bola começa a saltar e esqueço-me de tudo. Estamos lá dentro e não podemos pensar em quem está do outro lado.

MF – Como soube que ia integrar o plantel principal do Benfica?

YR – No final da época. Eu tinha contrato, sabia que tinha de regressar ao Benfica e, uma semana depois do final da temporada, disseram-me que ia mesmo ficar no plantel. Foi uma enorme alegria.

MF – Apesar de Grimaldo, esperava ser utilizado com regularidade?

YR – O que tinha na cabeça é que tinha de estar preparado. A oportunidade ia surgir e tinha de agarrá-la. E o que eu senti, quando acabou a época, é que a oportunidade não surgiu da maneira que eu queria. O Grimaldo fez a melhor época dele no Benfica, acho que falhei por causa disso. Ele esteve sempre num nível muito alto. Joguei nas taças e na Liga Europa, nem joguei no campeonato. Nem no último jogo. Não guardo rancor, olho para os aspetos positivos. Fomos campeões nacionais e isso foi o mais gratificante.

MF – O Rui Vitória e o Bruno Lage são treinadores muito diferentes?

YR – Gostei de trabalhar com ambos. O mister Rui Vitória abriu-me a porta da equipa principal, saí para evoluir e depois voltei ainda com ele. Não joguei tanto como queria, mas só posso dizer bem. Do mister Bruno Lage só posso dizer bem também.

MF – Tem 66 internacionalizações nas seleções jovens. A seleção A é um objetivo concreto aos 24 anos?

YR – Saí do Benfica para ter minutos de jogo e agora estou preparado para um desafio diferente. Se tivesse jogado poucas vezes nestes dois últimos anos, se calhar tinha de dar um passo atrás e baixar patamares. Mas não foi o caso, felizmente. Portugal tem grandes opções, ainda agora apareceu o Nuno Mendes. Acho que poderei ajudar Portugal no futuro.

MF – Quando era mais novo tinha algum ídolo?

YR – Gostava muito do Fábio Coentrão, quando ele estava no Benfica. Gosto de aprender com todos os jogadores da minha posição, gosto de ver jogos e perceber alguns movimentos.

MF – Em Inglaterra via os jogos da liga portuguesa?

YR – Tentava sempre ver os jogos do Rio Ave e do Benfica. E este ano, por culpa do Cafu, comecei a ver os jogos do Vitória também. Ele é um grande vitoriano (risos).

MF – Qual foi o extremo que mais trabalho lhe deu em campo?

YR – O Hudson-Odoi, do Chelsea, por ser muito rápido. E o Jesus Corona. Tem muita qualidade, tecnicamente é de outro mundo. Não é muito rápido, mas é difícil de marcar. Gosto muito de vê-lo jogar, tem uma qualidade incrível.

MF – Onde se imagina dentro de dois/três anos?

YR – É difícil responder. Imagino-me um jogador ainda melhor, a jogar num patamar superior. Tenho muitas ambições.

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