Uma empresa com sede em Coimbra concebeu um projeto para a sonda espacial europeia PILOT, de observação da radiação cósmica de fundo, que, nas próximas semanas, será enviado para o centro espacial de Toulouse, em França, noticia a Lusa.
Concebido e fabricado pelo grupo Sinergiae, o projeto Zephyr é um dos componentes fundamentais da sonda espacial PILOT e consiste numa peça cujo objetivo é «evitar a condensação da janela de entrada da sonda», explicou hoje aos jornalistas João Neto, um dos mentores do projeto, durante a sua apresentação.
Atualmente a estagiar na Agência Espacial Europeia, João Neto disse que se trata de uma «peça crítica», já que, durante a missão, o «olho» da sonda vai estar «sujeito a temperaturas muito baixas e a contrastes de temperaturas muito grandes».
«Pode ocorrer condensação ou congelamento de água na janela de entrada [da sonda], o que, a acontecer, comprometeria a missão, porque impediria a observação da radiação cósmica de fundo», acrescentou o investigador, frisando que o Zephyr visa precisamente travar esse obstáculo.
João Neto explica que a observação da radiação cósmica de fundo «é normalmente aceite como o que resta, e uma prova do Big Bang, que vagueia pelo espaço».
O projeto, que começou a ser desenvolvido em 2009, está pronto para ser enviado para França, afirmou o investigador, assumindo como os «maiores desafios» que enfrentou, «as limitações orçamentais e de peso» (a peça tem cerca de cinco quilogramas).
Os trabalhos para a Agência Espacial Europeia «representam muito pouco no volume de negócios» do grupo Sinergiae, disse aos jornalistas o administrador, José Pimentão.
«É um engano acharem que os projetos espaciais são milionários, o custo de desenvolvimento da peça é praticamente idêntico ao retorno», afirmou, referindo que «houve uma aposta em investir no conhecimento e em colocar a empresa num determinado patamar».
A Sinergiae irá agora trabalhar na «segunda fase do projeto Zephyr», desenvolvendo «outras particularidades científicas e tecnológicas».
Além da área espacial, o grupo desenvolve projetos ao nível da energia, essencialmente das energias renováveis, e do ambiente.
A principal área de negócios do grupo, que em 2011 fechou o ano com «pouco mais de dois milhões de euros», é a energia fotovoltaica, para o mercado nacional e internacional, estando atualmente a fechar negócios em França, Suíça, Angola e Moçambique.
«Estas empresas são PME especiais, que emergiram do conhecimento, neste caso da própria universidade, e são constituídas por cérebros muito bem preparados», destacou a secretária de Estado da Ciência, Leonor Parreira, durante uma visita à sede da empresa.
Sonda espacial europeia vai ter tecnologia portuguesa
- tvi24
- 17 mai 2012, 18:00
Componente que fará parte da PILOT fabricado por uma empresa de Coimbra
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