ETA pode ter «base» em Portugal - TVI

ETA pode ter «base» em Portugal

  • Portugal Diário
  • 24 ago 2007, 11:02
Carro armadilhado explode em Biscaia (Foto EPA)

Suspeitas surgem depois de autores de um atentado no País Basco terem fugido num carro com matrícula portuguesa, que terá sido alugado em Lisboa. Em Junho já tinha sido descoberto, em Ayamonte, um carro português com 100 quilos de explosivos. PJ ajuda polícia espanhola

(Notícia actualizada às 15 horas)

O director-geral da Guarda Civil espanhola afirmou esta sexta-feira que o uso de um carro com matrícula portuguesa pelos responsáveis pelo atentado de hoje no País Basco «parece confirmar que a ETA pode ter algum tipo de infra-estrutura em Portugal», mais concretamente uma base logística.

As últimas informações, prestadas em conferência de imprensa pela vice-presidente do governo espanhol,

dão conta de que o carro com matrícula portuguesa utilizado na fuga, e que mais tarde os terroristas fizeram explodir, foi alugado «há alguns meses em Lisboa».

Quanto à colaboração com a PJ, María Teresa Fernández de la Vega salientou que Madrid colabora de forma «estreita» com Portugal e que os dois países mantêm uma relação «magnífica», tanto nesta como noutras matérias.

Além disso, referiu, há uma relação extraordinária entre os serviços de informação e operativos de ambos os países no âmbito da cooperação policial, judicial e política. «Estamos a trabalhar em todas as linhas de informação, que continuam em aberto», disse.

Mas o uso recente de carros com matrículas portuguesas em acções relacionadas com a ETA é «apenas um dos indícios» que apontam para a existência de uma infra-estrutura de apoio à organização basca em Portugal, segundo as autoridades espanholas.

Responsáveis políticos e das forças de segurança em Espanha sustentam que «os radares» têm estado cada vez mais virados para Portugal, em particular devido ao aumento progressivo das acções policiais contra a ETA em França, tradicional «base» de parte da estrutura da organização.

Foi a segunda vez em menos de dois meses que viaturas com matrículas portuguesas foram usadas pela ETA, tendo em Junho ultimo sido encontrado em Ayamonte uma viatura alugada em Portugal com 100 quilos de explosivo.

A dimensão, funções e capacidades da eventual estrutura em Portugal são desconhecidas ou, pelo menos publicamente, continuam por precisar.

Ainda assim as forças de segurança sugerem que se poderá tratar de uma estrutura de «apoio logístico», usada essencialmente para a aquisição de viaturas e explosivos que, posteriormente, poderiam ser usados em atentados em Espanha.

Mesquida acrescentou ainda que os responsáveis pelo atentado roubaram há dois dias a furgoneta usada no atentado, deixando-a estacionada junto ao quartel, antes de fugirem num carro com matrícula portuguesa que fizeram explodir, menos de uma hora depois, na localidade vizinha de Amorebieta.

Adiantou ainda que o carro armadilhado usado em Durango tinha entre 80 e 100 quilos de explosivo e que as duas viaturas, tanto a do atentado como a da fuga, estão já a ser analisadas.

Confirmou-se fim do cessar-fogo

A vice-presidente do governo espanhol, que falava depois da reunião semanal do Conselho de Ministros, condenou o atentado de hoje, reiterando o empenho do governo para que «todos os terroristas, mais tarde ou mais cedo, terminem na cadeia».

«Todos estávamos conscientes de que a ETA queria e podia tentar atentar em qualquer momento e, por isso, foram activados absolutamente todos os meios para o tentar evitar», frisou.

Para De la Vega, a acção da madrugada de hoje confirma que a ETA «consumou» a sua anunciada ruptura do cessar-fogo que já tinha sido materializada com o atentado no aeroporto de Barajas, em Madrid, em Dezembro último.

«Hoje mais do que nunca o governo afirma a sua vontade, a sua determinação de continuar a trabalhar para que todos os terroristas, mais tarde ou mais cedo, terminem na cadeia, que é onde devem estar todos aqueles que pretendem impor-se com a força das armas e com violência», sublinhou. «Nem a ETA nem os terroristas da ETA nem quem apoia a violência têm qualquer futuro», sublinhou.
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