Rajoy: «Não haverá resgate da banca espanhola» - TVI

Rajoy: «Não haverá resgate da banca espanhola»

Rajoy (foto Reuters)

Bankia é caso isolado. «Alternativa era não fazer nada: deixar quebrar», mas Governo quis «pegar no touro pelos cornos»

«Não vai haver nenhum resgate da banca espanhola». A garantia foi dada esta segunda-feira pelo presidente do Governo espanhol, na sua primeira conferência a sós desde que tomou posse em dezembro e numa altura em que circulam rumores sobre o eventual recurso a fundos europeus para a banca espanhola.

Rumores alimentados por estimativas de que essa ajuda pode chegar aos 50 mil milhões de euros, dos quais mais de 23,4 mil milhões para a Bankia.

Mas Rajoy defendeu o caminho seguido pelo Executivo no caso do resgate a este banco e da reforma do setor financeiro espanhol: «A decisão tomada sobre o Bankia não influiu em absolutamente nada no risco da dívida» espanhola, que hoje superou os 500 pontos base, um novo máximo na era euro.

Para Rajoy, a decisão do Governo sobre a entidade e sobre o resto da banca «dá tranquilidade» ao setor e aos investidores, porque «é um exercício de transparência. É melhor saber exatamente onde estamos, saber a verdade e, a partir daí, tomar as decisões necessárias».

O objetivo «é garantir os depósitos dos clientes e sanear a entidade e recuperar a confiança dos investidores. A decisão é difícil, porque teria sido mais cómodo olhar para outro lado e não fazer nada, mas enquadra-se dentro de um processo geral de recapitalizar o setor bancário espanhol para que volte o crédito».

«Pegámos no touro pelos cornos»

O chefe do Governo espanhol lembrou que operações idênticas já foram feitas «há três ou quatro anos» noutros países.

Sobre o valor total do resgate - que a Bankia pede seja de mais de 23,4 mil milhões de euros - Rajoy disse que ainda se está à espera das análises independentes à entidade e ao resto do setor, pedido a analistas.

Questionado sobre se defende qualquer investigação sobre o que ocorreu no Bankia, Rajoy afirmou que mantém a decisão da anterior legislatura, de remeter esses temas para «uma subcomissão de Economia do Congresso de Deputados» para que seja feito «um acompanhamento de todas as decisões sobre o sistema financeiro».

O «procedimento» para injetar os fundos no Bankia ainda está a ser estudado, mas Rajoy que «quando já estiver saneada e recapitalizada», a entidade será vendida e o investimento do Estado será recuperado.

« A alternativa era não fazer nada: deixar quebrar o Bankia. Pegámos no touro pelos cornos. Não podemos deixar que uma entidade se coloque numa situação difícil».

A decisão, garantiu, não afetará outras «decisões orçamentais» nem as contas públicas, cita a Lusa.

Rajoy quer resposta «clara» em defesa do euro

O presidente do Governo espanhol defendeu ainda uma resposta «clara e contundente» da Europa que «dissipe qualquer dúvida sobre o euro» e que ajude a garantir a sustentabilidade da dívida pública.

« Com um risco de dívida de 500 pontos base, como qualquer um pode entender, é muito difícil (um país) financiar-se. Uma das coisas que temos que resolver no futuro é o problema do financiamento da liquidez, do crescimento e da sustentabilidade da dívida, dos países a cumprir o seu compromisso e a fazer as coisas bem».

«Vamos continuar a fazer tudo o resto - combater o défice e avançar com reformas -, mas temos que resolver o problema de sustentabilidade da dívida».

Agora, a culpa do risco de Espanha estar a subir desta maneira é das «dúvidas importantes sobre a Zona Euro».

«Isso leva a que o risco de alguns países esteja muito elevado. Seria muito importante, por isso, ter uma voz clara a declarar a irreversibilidade do euro».

Rajoy disse que o défice do setor exterior será este ano de 1,0%, depois de níveis de 10% nos últimos anos. «Isso significa que Espanha não terá necessidade de se financiar fora».
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