«Catalunha vai fazer o seu caminho, aconteça o que acontecer» - TVI

«Catalunha vai fazer o seu caminho, aconteça o que acontecer»

Mariano Rajoy (foto Reuters)

Declarações surgem na véspera de uma reunião entre presidente catalão e Mariano Rajoy

O presidente do governo regional da Catalunha, Artur Mas, disse esta quarta-feira que a região «vai fazer o seu caminho, aconteça o que acontecer», e usou como exemplo «o embrião» lançado hoje sobre o futuro serviço de Finanças catalão.

«Este é um primeiro passo que vem de um pacto fiscal que vamos tentar seja levado avante através de um acordo. Mas, se isso não acontecer, a Catalunha tem que fazer o seu caminho, não pode renunciar ao presente nem ao futuro, haja o que houver».

«O embrião» de um eventual serviço de Finanças catalão, que os nacionalistas querem criar, é um convénio em matéria de gestão tributária e de luta contra a fraude fiscal, que foi hoje assinado por Artur Mas e pelos representantes das quatro províncias catalãs, todas presididas pelo partido Convergência e União (CiU).

As declarações de Artur Mas sobre um «caminho próprio» para a Catalunha (nordeste de Espanha) acontecem na véspera de uma reunião com o presidente do Governo, em Madrid, sobre o pacto fiscal, e poucas horas depois de Mariano Rajoy ter afirmado, no parlamento, que vai responder às reivindicações secessionistas catalãs «com a Constituição e as leis».

Na assinatura do convénio entre o governo autónomo (Generalitat) e as quatro províncias da Catalunha, Artur Mas sublinhou que o pacto fiscal «não vai contra ninguém» e que se tratou de um ato de união.

«As reações que estão a acontecer pretendem introduzir medo e ameaças. Ao contrário, a nossa atitude é positiva e construtiva. Não consideramos que haja inimigos e nem sequer consideramos ninguém como adversários, mas queremos construir o nosso projeto de país, e é o que estamos a fazer hoje».

Na reunião de quinta-feira com Rajoy, Artur Mas vai tentar «no mínimo» defender e argumentar que o pacto fiscal «não é um problema», mas sim «uma possível solução» no debate sobre o «encaixe» da Catalunha em Espanha.

«Espero que nos ouçam atentamente e sem preconceitos», disse Mas, para quem o convénio assinado hoje tem duas leituras.

«Uma, a curto prazo», para melhorar a gestão diária, «com os instrumentos de que a Catalunha dispõem neste momento, e outra leitura, que vai mais longe, na linha de que a Catalunha está a criar as suas próprias estruturas de Estado».

Neste sentido, Artur Mas referiu que a região «ia e vai coxa» em questões tributárias, uma vez que a presença da administração central «se faz notar muito», ao contrário do que acontece «com a lista de estruturas do Estado» que a Catalunha conseguiu ao longo dos últimos 30 anos: «a televisão e rádio públicas da Catalunha, uma escola e universidade catalãs e uma polícia própria».

Mais de 1,5 milhões de pessoas, segundo a polícia autonómica da Catalunha, estiveram nas ruas de Barcelona no dia 11 de setembro, numa das manifestações mais participadas a favor da independência da automomia.

Sob o lema «Catalunha, novo Estado da Europa», o protesto decorreu com normalidade e em ambiente festivo.

Bandeiras independentistas dominaram o protesto em que participaram nove dos 11 membros do Governo Regional e que provocou forte polémica fora da Catalunha.

Entre os manifestantes esteve presente a vice-presidente da Generalitat (Governo regional) catalã, Joana Ortega, bem como vários membros da CiU.

Ortega já tinha afirmado que o Governo central não podia ficar «surdo» perante a manifestação - que os promotores insistiram ter sido «histórica» - e que vai obrigar as instituições catalãs a iniciar o «processo de secessão de Espanha».
Continue a ler esta notícia

EM DESTAQUE