«Novas tecnologias podem ser um dos maiores inimigos dos criadores» - TVI

«Novas tecnologias podem ser um dos maiores inimigos dos criadores»

Google apresenta rede social

Sociedade Portuguesa de Autores tem reunião marcada com o Google por causa dos E-books

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A Sociedade Portuguesa de Autores, que autonomizou recentemente o seu Departamento de Novas Tecnologias, afirma-se «expectante» face à evolução do mercado dos livros electrónicos, tendo uma reunião com a Google combinada para breve, noticia a Lusa.

«As novas tecnologias podem ser o maior aliado dos autores quando se trata de multiplicar, reproduzir e fazer chegar as obras a cada vez mais público. Mas, se não for regulada, a sua utilização pode transformar-se num dos maiores inimigos dos criadores e de quem os representa», declarou o presidente da Sociedade Portuguesa de Autores (SPA).

«Estamos expectantes, não estamos sequer receosos nem apreensivos», assegurou José Jorge Letria à agência Lusa, defendendo que, «quem quiser fazer vingar estas novas tecnologias no mercado», terá de levar em conta os autores e as sociedades que fazem a gestão dos seus direitos, ou estará a cometer «actos de pura pirataria».

O presidente da SPA considera que os e-books colocam questões «complexas», que surgem também na sequência dos movimentos da Google e da Amazon «no sentido de digitalizar um número cada vez maior de obras».

«As situações que nos preocupam são as de reprodução, neste novo suporte digital, de obras que não se encontram ainda no domínio público», o que só acontece 70 anos após o autor falecer, assinalou o responsável.

«É muito diferente lidar com a obra de Fernando Pessoa, que morreu em 1935, ou com as de José Cardoso Pires, Vitorino Nemésio ou Jorge de Sena, que faleceram mais recentemente e cujos herdeiros têm de ver os seus direitos acautelados, tal como sucede no caso dos autores vivos», exemplificou.

Assegurando que a SPA não tem «nenhuma posição de preconceito contra as novas tecnologias», José Jorge Letria adiantou que a Sociedade terá, dentro de poucas semanas, uma reunião com a Google, precisamente «para discutir aspectos desta nova realidade com a qual todos estamos confrontados».

A SPA, que autonomizou recentemente o departamento das Novas Tecnologias - «com a convicção de que a realidade das próximas décadas vai passar essencialmente por elas» -, tem vindo a fazer uma acção de informação/formação junto dos seus associados, «pois muitos autores, uma vez criada a obra, ficam despreocupados e desatentos em relação aos perigos de usurpação dos seus direitos».

As editoras tradicionais acompanham à distância a chegada dos dispositivos de leitura electrónicos ao mercado português e, em geral, desvalorizam a ameaça dos e-books aos livros impressos, vista por alguns como uma mera «profecia».

«As maiores ameaças são as que provocam alterações drásticas no comportamento dos consumidores, actuais ou potenciais», assinalou o editor da Esfera do Caos, para quem, «historicamente, a televisão foi a primeira grande ameaça», pois «o tempo que se passa a olhar para a televisão não é passado com um livro na mão».

Francisco Abreu apontou como segunda grande ameaça «o computador com Internet», que afastou a maioria dos estudantes, «do básico ao universitário», das pesquisas em livros.
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