O rapper Eminem foi interrogado pelos Serviços Secretos norte-americanos, em 2018, avançou a BuzzFeed News, que teve acesso ao documento através da Lei de Liberdade de Informação.
Em causa, estão versos do álbum "Revival", que o rapper lançou em 2017. Porém, a descoberta de que Eminem tinha sido entrevistado pelos Serviços Secretos partiu de um verso da música "The Ringer", lançada no ano passado.
Tried not 2 overthink this 1... enjoy. 🖕#KAMIKAZE Out Now - https://t.co/ANw73KbwMt pic.twitter.com/qfQoTYBTUy
— Marshall Mathers (@Eminem) August 31, 2018
Em agosto de 2018, o rapper Eminem anunciou de surpresa o novo álbum, "Kamikaze", num tweet que foi recebido calorosamente pelos fãs. O primeiro dos 13 temas do álbum, “The Ringer”, atraiu imediatamente a atenção das redes sociais, não só pela crítica feroz a Donald Trump, o presidente dos Estados Unidos, mas também por nela o rapper garantir que foi interrogado pelos Serviços Secretos.
Cause Agent Orange just sent the Secret Service / To meet in person to see if I really think of hurtin’ him / Or ask if I’m linked to terrorists / I said, ‘Only when it comes to ink and lyricists", escreve Eminem.
Em tradução livre para Português, o que Eminem dizia era que "O Agente Laranja [alegadamente Trump] enviou os Serviços Secretos/Para me conhecerem pessoalmente e verem se eu tinha intenções de o ferir/Ou perguntar se eu tinha ligações a terroristas/ Disse-lhes apenas 'só com as minhas tatuagens e as minhas letras'".
Na altura, os Serviços Secretos recusaram-se a comentar sobre a veracidade da letra da música, citando a política de não comentar ou confirmar “a ausência ou existência de investigações específicas”.
Confrontados com isto, em 2018, a BuzzFeed News pediu acesso aos documentos, ao abrigo da Lei de Liberdade de Informação, para descobrir se a autoridade de segurança interrogou Eminem.
Esta semana, os Serviços Secretos responderam à BuzzFeed News, enviando um relatório de 40 páginas que prova que a agência falou com o rapper.
Em causa, estão as letras de outra música de Eminem que consta no álbum "Revival".
Segundo os Serviços Secretos, o alarme aconteceu porque a música “Framed” contém “versos ameaçadores” e porque o rapper tinha apresentado “comportamentos inapropriados”.
No relatório também está incluída uma entrevista que Eminem, nome de palco de Marshall Mathers III, deu à revista Vulture, na qual o músico disse “Trump faz ferver o meu sangue”.
Segundo o documento, os Serviços Secretos interrogaram Eminem na tarde de 16 de Janeiro de 2018, juntamente com a equipa legal do rapper.
Durante a entrevista, quando os agentes começaram a ler parte das letras de várias músicas do álbum , “Mathers começou a cantar os versos enquanto os agentes os liam”.
Donald Duck’s on/ as the Tonka Truck in the yard/ But dog, how the fuck is Ivanka Trump/ in the trunk of my car?" , canta Marshall Mathers III na música “Framed”, insultando Trump, ao mesmo tempo que diz que a filha do presidente dos Estados Unidos, Ivanka Trump, esteve no porta-bagagens do rapper.
Traduzindo livremente, Eminem escreve: "Pato Donald está no ar/ Tem um camião de brincar no quintal/ Mas, porra, como diabos é que a Ivanka Trump/ Está no porta-bagagens do meu carro?"
O relatório indica também que foi um empregado do jornal tabloide TMZ que alertou os Serviços Secretos para a violência nas letras de Eminem, horas depois de terem publicado um artigo sobre as críticas do rapper a Donald Trump.
Gostava de saber se a agência está a investigar o Eminem pelas letras violentas sobre Ivanka Trump”, perguntou um dos colaboradores da TMZ.
Depois da conversa com o rapper, no entanto, os Serviços Secretos consideraram que não existia motivos para lançar uma investigação federal.