À sombra das pirâmides de Gizé no clube onde despontou Salah - TVI

À sombra das pirâmides de Gizé no clube onde despontou Salah

Nelson Santos

Nelson Santos acabou de regressar a Portugal, mas já está com saudades do Egito. O jovem treinador português partiu logo depois do primeiro confinamento, sedento por novos desafios, mas encontrou um clube desorganizado e um presidente teimoso. Lutou até à exaustão e ficou com uma enorme vontade de voltar

Estórias Made In é uma rubrica do Maisfutebol que aborda o percurso de jogadores e treinadores portugueses no estrangeiro. Há um português a jogar em cada canto do Mundo. Este é o espaço em que relatamos as suas vivências. Sugestões e/ou opiniões para djmarques@mediacapital.pt ou rgouveia@mediacapital.pt

A vida de Nelson Santos já dava um filme. Tem apenas 36 anos, mas já conta com 18 anos de carreira como treinador e muitas histórias para contar. Falámos com o jovem treinador poucos dias depois de ter regressado do Egito, mais especificamente do planalto de Gizé, onde ficam as famosas pirâmides e onde esteve a treinar o Nogoom, um pequeno clube da II Divisão com um estádio no meio do deserto, com uma bancada para cinquenta pessoas, mas que tem uma ligação ao Benfica e está na origem da formação de jogadores como Mohamed Salah, a maior figura do país, ou Ahmed Hassan, antigo avançado do Sp. Braga, agora às ordens de Pedro Martins no Olympiakos.

Boa parte da carreira do jovem treinador, natural de Sesimbra, está ligada ao Belenenses, onde começou bem cedo, aos 18 anos, como observador, para depois progredir em vários escalões, à medida que ia tirando os cursos de treinador (foi um do mais jovem a concluir o UEFA Pro, aos 25 anos) e terminava a licenciatura em Educação Física e Desporto (com mestrado em Treino de Alto Rendimento). Acabou por chegar à equipa principal onde foi adjunto de Casimiro Mior, António Conceição, João Carlos Pereira e ainda de Rui Jorge numa equipa onde militavam Silas e Zé Pedro que, curiosamente, viria a encontrar, uma década depois, novamente no Belenenses.

Com a saída de Silas para o Sporting, no início da última época, Nelson Santos ficou à frente da equipa de sub-23 na Liga Revelação até que a chegada da pandemia da covid-19, há um ano, obrigou uma viragem brusca na carreira.

Pelo meio também foi adjunto de Van der Gaag, antigo colega de curso, no Marítimo e viajou com Diamantino Miranda para Moçambique para treinar o Costa do Sol. O antigo internacional português, como se sabe, acabou por ser expulso do país, depois de uma polémica flash-interview, e Nelson Santos ficou com a equipa moçambicana nos braços, naquela que foi a sua primeira experiência como treinador principal. Foi três vezes vice-campeão e conquistou uma Taça antes do segundo regresso ao Belenenses, no tal reencontro com Silas.

Partiu para o Egito já este ano, logo depois do primeiro confinamento que parou o país. Partiu de coração aberto, sedento por um novo desafio, mas viu a sua vontade minada por um presidente que invadia o campo de treino ao volante de um Porsche Cayenne, cancelava folgas quando a equipa não ganhava e alterava os horários dos treinos para poder dormir de manhã. Regressou a Portugal com uma enorme vontade de voltar. As malas já estão prontas para uma nova aventura. Venha daí conhecer os últimos meses da odisseia de Nelson Santos em Gizé.

No início da época de 2018/19 estava no Belenenses com Silas. Como surgiu a possibilidade de rumar ao Egito?

- Estava no Belenenses no período em que o Silas estava na equipa principal, era treinador adjunto porque tinha o nível IV e era preciso alguém no banco com esse curso. O Silas, entretanto, vai para o Sporting que já tinha o Emanuel Ferro na estrutura e já não deu para ir com ele. O Pedro Ribeiro transitou dos sub-23 para a equipa principal e eu fiquei com os Sub-23 da Belenenses SAD. Estive lá seis meses até ao período de confinamento, quando país parou pela primeira vez.

É nessa altura que surge o convite para o Egito?

- Comecei a ponderar sobre o que é que queria para a minha vida. Decidi que precisava de algo mais motivador, mais aliciante, que pudesse lutar por títulos. Quando a vida começa a voltar à normalidade, surge o convite por parte do meu empresário para ter um desafio no Egito, no Nogoom. Na altura, o Nogoom era uma equipa que tinha estado na I Liga, mas que tinha descido. O objectivo, antes de eu ir para lá, era regressar o mais rápido possível à I Liga.

Nessa altura calculo que tenha ido à internet pesquisar sobre o Nogoom…

- Correto. Não encontrei muita coisa e pensei que era um clube novo que se calhar não tinha uma estrutura muito forte por trás, mas como sou aventureiro e já tinha estado seis anos em África e como gosto de desafios, de pegar na mala e fazer-me à vida, decidi ir.

Foi então praticamente de olhos fechados para o desconhecido…

- Fui porque era um mercado muito interessante. O futebol africano é dominado pelos países do norte de África, a chamada a África branca que inclui Marrocos, Tunísia, Argélia e Egito. Basta olhar para as finais da Liga dos Campeões e da Taça das Confederações que foram duas equipas marroquinas e outras duas egípcias. Aliás, o nosso colega Jaime Pacheco perdeu a final com o Zamalek diante do Al-Ahli. Para quem não conhece, costumo dizer que o Egito é como se fosse a Premier League na Europa. É onde estão os melhores jogadores, tem o campeonato mais competitivo e de onde saem mais jogadores para a Europa.

E o que é que encontrou quando chegou?

- Fiz a mala, arranquei e o Egito obviamente também foi atacado pela pandemia. Houve um corte em vários sectores no clube. O clube tem o patrocínio oficial da Pepsi que organiza vários torneios a nível nacional para depois meter os melhores jogadores no Nogoom. Até jogávamos de azul, branco e vermelho, as cores da Pepsi. O clube tem uma academia muito grande onde vivem alguns atletas que vêm do país inteiro. Jogam ali e vivem ali com o objectivo de chegarem ao futebol de alta competição. O Nogoom é um clube formador que pretende vender. O clube tem, inclusive, um protocolo com o Benfica que colocou dois ou três treinadores portugueses que tentam passar a filosofia do Benfica para os atletas.

Isso também contribuiu para a aposta num treinador português?

- Sim, a ideia era dar sequência ao trabalho que estava a ser feito pelo Benfica na formação no futebol sénior. Decidiram apostar numa equipa técnica portuguesa que pudesse tirar proveito do que estava a ser feito na formação. Mas quando cheguei ao Egito encontrei um clube muito diferente do que estava à espera.

Então?

- Pensava que ia treinar em relva, estive quase dois meses a trabalhar num campo sintético, o clube teve muitos problemas com a relva. O campo é mesmo no meio do deserto e têm problemas com a água. O problema da covid também afetou muita coisa.

O Clube é sediado em Gizé perto do Cairo, certo?

- Sim, fica a quarenta minutos do Cairo, mas pertence a Gizé, é mesmo na zona das pirâmides. É um clube novo, um projecto familiar, que passa por potencializar e rentabilizar os jogadores e para isso tem de ter resultados. Deparei-me com alguma desorganização, mas a nossa ida para lá era mesmo para reestruturar todos os departamentos ligados ao futebol.

Mas chegou já no final da época passada…

- Sim, faltavam cinco jogos. A nossa ideia era chegar, fazer esses cinco jogos e adaptar-nos ao futebol e ao país, conhecer os jogadores e as dinâmicas do clube. O clube estava em posição de descida, mas tendo em conta a situação mundial ficou decidido que não iam haver despromoções, o que nos deu alguma tranquilidade para trabalhar com menos pressão.

É no final desses dois meses que renova contrato, antes do início da nova época?

- O Egito é um país fantástico, tem um mercado muito competitivo, com uma janela para o mundo árabe. Fiquei com dois anos de contrato, levei uma equipa técnica (Fábio Almeida e José Ferreira). O Egito é um país africano, mas com cultura árabe. Já tinha estado em África, mas foi uma experiência muito boa no mundo árabe. Há muita coisa que é diferente. Ou adaptas-te ou fica tudo mais difícil. O presidente gostou muito dos primeiros dois meses e decidiu renovar.

É aí que as coisas começam a correr mal?

- Nós tínhamos feito um relatório nesses dois meses e tinham-nos prometido que ia mudar muita coisa, para bem do clube, dos jogadores e estávamos convictos que as coisas iam realmente mudar. Estou a falar de coisas básicas, mas infelizmente nada mudou. Houve ali algumas divergências, choques de ideias e, quando começamos o campeonato, nada estava a correr como pretendíamos e os resultados também não eram os que queríamos. Foi nessa altura, a dois ou três dias do Natal, que decidimos que seria melhor não continuar.

Mas a decisão não foi apenas com base nos resultados...

- Não só, foi mais pelo que estava à volta do futebol. Poucos recursos materiais, no fundo foram buscar uma equipa técnica fora, mas queriam deixar tudo o resto na mesma. Foi uma situação que se foi desgastando e que se tornou complicada.

Como era composto o plantel?

- Tínhamos só jogadores locais, oriundos da formação do clube, jogadores com muita qualidade, com talento, só que a gestão do clube não favorecia o progresso dos jogadores. Acredito que um dia vou voltar àquele clube, no próximo ano não, mas mais tarde sim, porque tive uma relação espectacular com todas as pessoas, com a direcção e com todo o pessoal. O clube tem tudo para ter sucesso, tem uma matéria-prima fantástica, mas a gestão e a cultura do clube atrapalha.

Mas o clube tem adeptos?

- Não, é um clube novo, ainda não tem. O campo fica no meio do deserto, tem uma bancada para cinquenta pessoas. É um clube que está virado para a formação e venda de jogadores. Eles quando estiveram na I Liga tinham de alugar estádios porque o campo deles não tinha condições. Na pré-época chegamos a ter sessenta jogadores. Depois formámos uma equipa-base, mas o presidente continuava a trazer jogadores. Não conseguíamos ter uma base para a pré-época.

Sentiu-se defraudado em relação ao projecto inicial?

- Senti. Por exemplo, estive seis anos em Moçambique e senti que os jogadores gostam muito de aprender e trabalhar. Ali, os jogadores pensam de maneira diferente. Preferem ter dois dias de folga do que ganhar um prémio de jogo, por exemplo. É um jogador um pouco preguiçoso, pensa que já sabe tudo. Quando chegámos tentámos impor algumas regras mínimas, como chegar a horas ou treinar com caneleiras, mas chegavam sempre atrasados, sem caneleiras. Lutávamos contra isso todos os dias, mas depois há ali jogadores que são protegidos por aquele, outros por outro, e acabas por não ter muito poder.

Também deve ter havido uma barreira linguística, não?

- Isso foi outro grande obstáculo, chegámos a ter cinco tradutores. Quando chegámos tivemos um tradutor que fazia parte da estrutura, mas depois saiu, veio outro. Nós, os portugueses, temos uma grande capacidade de adaptação às coisas menos boas, mas os outros entravam e saíam porque não aguentavam e optavam por ir embora. Diziam, nestas condições não trabalho. A nós não nos faltava essa vontade, queríamos trabalhar, mas tive quatro adjuntos diferentes e cinco tradutores em poucos meses, o que não é nada bom para a dinâmica. Não conseguíamos ter rotinas. A comunicação é fundamental. Às vezes dizia uma frase em cinco segundos e o tradutor ficava um minuto a falar. Ficávamos desconfiados, será que ele está a dizer aquilo que a gente quer? Às vezes não basta ser tradutor, tem de ser um tradutor mais virado para o futebol. Isso foi muito difícil de gerir. Cumprir horários também era difícil, não só os jogadores, com toda a gente.

E deparou-se com mais situações bizarras relacionadas com a cultura árabe?

- Apanhei muitas. Olhe, no último jogo que fiz, ao intervalo estávamos a perder 1-0 e eu estava, com o quadro tático e com imagens, de costas, a explicar a um jogador o que ele tinha de fazer. Quando me viro, o jogador estava de joelhos, de rabo virado para mim e a rezar. Tive de repetir tudo outra vez.

E ao contrário. Alguma vez deixou os jogadores surpreendidos com as suas decisões?

- Ficaram de boca aberta quando comecei a falar árabe. Já falava minimamente, já entendia muita coisa. Foi também por isso que me custou ir embora. Agora que já estou minimamente adaptado, vim embora. Já estava habituado a dizer bom dia, está tudo bem? Não é nada fácil aprender, mas às vezes estou a ver um filme e oiço falar árabe e já me é familiar, já reconheço algumas palavras. Foi uma experiência fantástica e, volto a dizer, acredito que vou voltar àquele clube. As pessoas gostaram muito da nossa equipa técnica, mas neste momento ainda não estavam preparados para mudar e ter uma equipa técnica estrangeira. Ainda agora o Pedro Caixinha estava na Arábia Saudita, estava no terceiro lugar, a lutar pelo título e foi embora. A cultura árabe é um pouco isso.

O Nelson já tinha estado em Moçambique, o Egito é muito diferente?

- Até é muito semelhante, mas quem está à frente dos clubes é que é diferente, são pessoas com muito dinheiro. E quem tem dinheiro gosta de mandar, dar ordens. Vou dar um exemplo engraçado que me surpreendeu. O meu presidente à vezes entrava com o seu Porsche  Cayenne pelo campo a dentro, com o treino a decorrer. Entrava pelo relvado, dava uma volta para ver como estava a relva. Estávamos a fazer um exercício num canto, ele estacionava, vinha um rapazinho com uma cadeira, outro com uma ventoinha portátil grande e ele instalava-se ali a ver o treino.

Mais situações bizarras…

- Olhe, as refeições. Nós estamos habituados a comer com talheres e eles comem com as mãos. E às vezes estava a chegar ao restaurante do hotel onde comíamos e estavam já os jogadores a sair. Não havia regras, não havia convívio, era cada um por si. Pequenas regras básicas que tentámos implementar e não conseguimos, como não comer com o telemóvel à mesa, não usar chapéu.

Os treinadores portugueses estão bem cotados a nível mundial, mas também já deixaram marca no Egito. O Manuel José ainda é uma referência, o Jesualdo e o Peseiro também já passaram por lá, agora está o Jaime Pacheco no Zamalek.

- O Manuel José é uma figura mítica no Egito, têm um respeito por ele como nunca vi em lado nenhum. As pessoas olhavam para mim e não diziam Cristiano Ronaldo. Diziam: Português? Manuel José! É uma figura mítica, não sei se já tem ou não alguma coisa com o nome dele, mas tenho a certeza que vai ter uma estátua ali. Ele tem um recorde em África com o Al Ahli. Conseguiu conquistar muitos títulos enquanto esteve lá e, na altura, tinha o Pedro Barny como adjunto. Já esteve o professor Jesualdo, o Zé Peseiro. O Jaime Pacheco já lá tinha estado e voltou, teve, aliás, uma passagem muito parecida com a minha. Saiu por interferências da direcção.

Falou no Manuel José, mas o Salah também é um fenómeno no Egito. Pode-se comparar a Cristiano Ronaldo em relação a Portugal?

- Epá, o salah é a cara do Egito, é a marca do Egito. Vais a um banco, ele é a cara, vais a uma marca desportiva, ele é a cara, vais a uma seguradora, lá está ele. Ele está em todo o lado. É o melhor jogador africano e é uma referência para os egípcios. E é engraçado porque o Salah passou pela formação do Nogoom. Na altura não era Nogoom, tinha outro nome, mas foi um dos tais jogadores descobertos pela Liga Pepsi. Nós temos lá uma pessoa que filma os treinos e os jogos e eles têm registos-vídeos de todos os jogadores que passaram pelo Nogoom. Ainda no outro dia pedi-lhe para me mostrar imagens do Salah e ele mostrou-me, ainda era uma criança, mas era o Salah. Ele esteve lá muito pouco tempo, nem está registado que ele passou por lá, mas no nosso campo, numa das paredes do estádio, tem fotografias de alguns jogadores que passaram por lá e está lá uma foto do Salah quando era pequeninos e outra já adulto. Está lá o Salah, como o Hassan que era do Braga e está agora no Olympiakos. Muitos jogadores são descobertos e são log vendidos, outros fazem a formação e depois são vendidos mais tarde.

É uma academia de talentos?

- Quando falo em academia, não é como as do Benfica, Sporting ou FC Porto, longe disso. Quando lá entrei até fiquei um pouco assustado e perguntei como é possível que vivam aqui pessoas. É um país com muito dinheiro, mas com muita pobreza.

Mas o Nelson tinha outras condições em Gizé…

- Eu vivia num condomínio fantástico, a dez minutos do estádio. Fora do futebol, era tudo top, fantástico.

Chegou a visitar as famosas pirâmides?

- Sim, havia muito mais coisas que queria visitar, mas não consegui. Vou só dar um exemplo: às vezes fazíamos o planeamento para a semana e normalmente marcava uma folga a seguir aos jogos, mas se não ganhássemos, o presidente dizia que não havia folga para ninguém. Foi um dos factores que nos levou a sair. Às vezes a melhor forma de recuperar os jogadores era deixá-los estar com a família ou com os amigos, mas o presidente chegava lá e anulava as folgas. Queriam que mudasse as coisas, mas depois não deixavam.

Outro exemplo: fiz um planeamento na pré-época e o presidente alterou tudo. Escolheu ele os jogos todos. Chegamos a fazer jogos com equipas da I Liga segunda, terça, quarta, quinta e sexta. Não havia tempo de recuperação. Até as horas do treino o presidente mudava: eu marcava os treinos para as dez da manhã e o presidente mudava para as duas da tarde. Dizia que queria dormir de manhã e ver os treinos à tarde. Das duas uma, ou compras uma guerra e vais embora ou comes a bolachinha e vais ganhando o teu. A ideia do presidente era só vender jogadores, queria fazer jogos para vender jogadores e não para melhorar a equipa.

No fundo também foi por isso que acabou por sair. Muitas interferências da parte da direcção?

- Sim, isso tudo foi uma bola de neve. Não quis tocar muito nos pontos negativos, mas naquelas circunstâncias era uma missão difícil para um treinador. Basicamente queriam um treinador de treinos, chega ao jogo e eles fazem a equipa.

A pandemia também tem forte influência no mercado actual.

- Esta situação do covid não é agradável para ninguém, mas por outro lado abre portas a treinadores mais jovens, a pessoas com grande espírito de aventura e adaptação. Os valores que se pagavam já não são iguais há uns anos, mas para quem não tem espaço em Portugal abre portas a muitos treinadores da minha geração.

Como viveu a situação da pandemia no Egito, também havia restrições como aqui na Europa?

- Nada, nada, nada, ninguém andava de máscara, era tipo bar aberto. É como se não houvesse covid. Não via ninguém de máscara. A minha maior vitória foi não ter apanhado covid durante o tempo que estive lá. Fazíamos testes daqueles mais baratos, com o dedo, 48 horas antes dos jogos. Não sei com não tivemos casos. Foi uma sorte. Falo agora com as pessoas lá e o clube está com dez casos de covid neste momento. Às vezes há males que vêm por bem. Se ainda estivesse lá, se calhar tinha apanhado. Agora quero um projeto com futuro e com estabilidade.

Uma boa dica para fechar esta conversa. Planos para o futuro? Chegou a desfazer as malas?

- Já tenho algumas coisas em vista para o estrangeiro. Em Portugal não descarto, mas está muito difícil de entrar. Gosto muito de trabalhar no estrangeiro, sentes-te mais valorizado, apostam mais em ti. Tenho várias possibilidades, na Europa, Ásia e África. São propostas recentes, pode ser já, já, já ou para a próxima época. A mala nem cheguei a desfazer. A situação actual no mundo também limita bastante. Mas também não me quero a voltar a meter num projecto sem conhecer bem o sítio onde vou estar.

 

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