Victor Silva da China à Estónia inspirado pelo mestre Mourinho - TVI

Victor Silva da China à Estónia inspirado pelo mestre Mourinho

Victor Silva

Jovem treinador cresceu ao ritmo dos sucessos do Special One, chegou a ir a Londres apresentar «uma ideia de jogo» ao então treinador do Chelsea, mas a vida desviou-o para a China. Agora está há três anos na Estónia a liderar um projeto de raiz e o sucesso já dá que falar na pacata Tallinn

Estórias Made In é uma rubrica do Maisfutebol que aborda o percurso de jogadores e treinadores portugueses no estrangeiro. Há um português a jogar em cada canto do mundo. Este é o espaço em que relatamos as suas vivências. Sugestões e/ou opiniões: rgouveia@mediacapital.pt ou djmarques@mediacapital.pt

Inspirado pelos sucessos de José Mourinho na adolescência, Victor Silva decidiu muito cedo que ia ser treinador e, nesse sentido, orientou a sua vida para esse sonho, desde os estudos, até à entrada no mundo profissional. Já esteve bem perto do atual treinador do Tottenham e chegou a apresentar-lhe «Uma ideia de jogo», mas as contingências da vida levaram-no para bem longe, numa primeira fase, para a China, para ajudar a construir uma academia de raiz, com nome de outro craque, Luís Figo. Em 2018, a vida do jovem treinador de 31 anos ganhou um novo rumo, com um convite da Estónia que o tem absorvido nos últimos três anos. Pegou numa equipa de formação sub-16 e tem-na feito crescer até aos seniores, com o objetivo de elevar o modesto Harju JK até ao top-30 da Estónia.

Nascido em São João da Madeira em agosto de 1988, Victor Silva cresceu a par dos sucessos de José Mourinho, primeiro no FC Porto, depois no Chelsea. Um sonho que ganhou forma quando Victor começou a jogar na formação na Associação Desportiva Sanjoanense. «Quando tinha 16/17 anos, surgiu o fenómeno Mourinho e fui influenciado por esse fenómeno. É aí que surge a paixão, o sonho, aquele sentimento de é isto mesmo que quero fazer. A partir daí a minha vida tem sido dedicada a isso».

O primeiro passo passou pelos estudos. Numa primeira fase na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, em Vila Real, no curso de Ciências do Desporto, já com especialização em futebol. Depois, com o mestrado em Educação Física, na Universidade do Minho. Por esta altura, o jovem Victor começou a ter o primeiro contato no terreno, primeiro no Abambres Sport Club, depois na AD Grijó. «Fui para lá ajudar o treinador André David, que neste momento está no Campeonato de Portugal [no Bragança], mas acabei de assumir a equipa de sub-13. Queria ter mais dúvidas e ganhar alguma experiência. Uma coisa é uma pessoa querer ser treinador, outra é ir mesmo para o terreno».

Terminado o percurso universitário, Victor Silva começou a tirar os cursos da UEFA e, em 2014, estava ainda mais determinado em seguir a carreira. O segundo passo passou por viajar para Inglaterra, para absorver mais futebol e, sobretudo, aprender a língua e, assim, aumentar o leque de opções profissionais. «Queria estar preparado para trabalhar em qualquer parte do mundo porque o mercado para treinadores como eu em Portugal é bastante difícil. Estive em várias academias locais, mas mais no sentido de ter contato com a língua», conta.

Esta já era a sua segunda passagem pelo país onde nasceu o futebol. Uns meses antes, Victor Silva tinha viajado até Londres para um encontro especial com Rui Faria e, a sua maior referência, José Mourinho. «Eu e dois colegas, Tiago Ribas e Paulo Correia, escrevemos um livro, que se chama Uma ideia de jogo, momento de organização ofensiva. Na altura deslocámo-nos a Inglaterra para apresentar o livro ao mister Mourinho e ao mister Rui Faria. Receberam-nos e fizeram os comentários deles sobre o livro», conta.

Figo, Rolão Preto e a caminho da China

Em 2014, ainda em Inglaterra, Victor Silva sentia que já tinha uma estrutura suficientemente consolidada para começar a trabalhar e a oportunidade surgiu logo a seguir. Joaquim Rolão Preto, antigo adjunto de Lazlo Bölöni, na conquista do título do Sporting, em 2001/02, estava a montar a Academia Figo, na China. Um megaprojeto que resultou de uma parceria do antigo internacional português com uma empresa privada chinesa que tinha como objetivo implantar uma academia que chegou a contar com cerca de sessenta treinadores portugueses espalhados por dezasseis cidades chinesas.

«Estávamos ainda em Inglaterra quando ouvimos falar nesse projeto para treinadores portugueses na China. Tivemos uma reunião com Rolão Preto em Lisboa, falámos dos nossos sonhos e ambições, e duas semanas depois estávamos, eu e o Tiago [Ribas], a viajar para a China. Ele certamente gostou do que ouviu porque acabou por nos colocar dentro do projeto onde estivemos dois anos».

A China começava, nessa altura, a apostar, mais do que nunca, num crescimento exponencial do futebol no país. Victor Silva estava lançado. Começou a trabalhar com crianças dos três aos treze anos. «Na China vivi em três cidades diferentes. No projeto Luís Figo estive em Zhangjiakou, fui com o Tiago e desenvolvemos lá uma academia. Depois no segundo ano fui para Pequim, onde era a sede da empresa e onde estava o maior centro de treinos. Aí trabalhei mais de perto com o professor Rolão Preto e com o André Venâncio».

O projeto Luís Figo acaba por terminar, dois anos depois, e Victor Silva ruma a Nanjing, antiga capital milenar chinesa, lar de imperadores de seis dinastias diferentes, recheada de mil encantos, atualmente com cerca de 10 milhões de habitantes.  «Uma semana depois de acabar o projeto Luís Figo recebi uma proposta de um treinador português para ir montar, outra vez, uma academia do zero com um parceiro chinês».

A ligação da misteriosa Nanjing à gelada Tallinn

O mundo do futebol, apesar de tudo, é pequeno. As andanças na gigantesca China multiplicaram os contatos de Victor Silva e, num abrir e piscar de olhos, estava a caminho do Mar Báltico, da Estónia, de Tallinn. «Está tudo interligado com a experiência na China. Na Estónia estavam dois portugueses que também tinham estado na China no projeto Luís Figo. Um desses treinadores, o José da Paz, saiu, regressou a Portugal e convidou-me para ir para o lugar dele».

Um projeto liderado pelo Harju JK [lê-se áriu], um clube criado há dez anos, com o objetivo exclusivo de apostar na formação, na altura, em 2018, com um escalão máximo de sub-16. O projeto proposto a Victor Silva era, de facto, para trabalhar com miúdos entre os quinze e os dezasseis anos, mas rapidamente, com resultados promissores, o projeto foi crescendo nas mãos do jovem treinador português, passando para sub-17, depois sub-18, para chegar, pela primeira vez, aos seniores.

Na prática, Victor Silva teve o privilégio de trabalhar uma equipa, praticamente com o mesmo grupo de jogadores, dos sub-16 até aos seniores. Uma caminhada crescente, com resultados a condizer, já com uma subida de escalão assegurada e muito perto de conseguir mais uma. «Sentimos necessidade de criar uma equipa sénior porque o nível onde estávamos a competir já não era suficiente para manter os jogadores por mais tempo. Estávamos a chegar a um ponto em que estávamos basicamente a formar jogadores para os outros».

Já no segundo ano de nível sénior, o Harju continua a ser um caso de sucesso na Estónia. O objetivo de Victor Silva é, agora, terminar a temporada no top-30 da Estónia, mas sempre a olhar mais para cima. «O ano passado foi o ano zero. Alterámos algumas dinâmicas do clube e subimos de divisão. Este ano o objetivo também é subir, estamos no segundo lugar e, se o campeonato acabasse agora, conseguíamos o nosso objetivo. Na divisão acima estamos no top-30 das equipas na Estónia e isso significa que já estamos num patamar semiprofissional. Um patamar em que já temos um conjunto de apoios da parte da federação e um conjunto de requisitos da federação que tornam as coisas muito mais sérias e mais próximas daquilo que é a primeira divisão».

Um caso de sucesso com uma equipa muito jovem, com miúdos que têm vindo a crescer sob a orientação do nosso interlocutor. «Oitenta por cento dos nossos miúdos são de 2002, 2003 e 2004, mas este ano fomos buscar um avançado, muito bom, que já é sénior. Mais dois ou três jogadores que são sub-21. A nossa média de idades é de 20/21 anos».

A pacatez de Tallinn, aulas de estónio e um frio insuportável

Victor Silva encontrou na Estónia o local perfeito para aperfeiçoar o «processo» ou, voltando ao livro que escreveu, a sua «ideia de jogo». Um país desenvolvido, com uma economia forte onde vive uma sociedade pacifica, de bem com a vida. Onde, no fundo, não existe pressão.

«A Estónia, comparando com a China, é um país muito mais calmo em todos os sentidos. Não só pelo número de pessoas, estamos a falar de um país com pouco mais de um milhão de habitantes, mas também pela própria cultura. As pessoas são todas muito mais calmas. Mesmo no futebol, não há aquela questão de um treinador que perde dois jogos e está na porta de saída. Aqui eles acreditam no processo, no trabalho. Obviamente os resultados são importantes, mas não é por perdermos dois jogos que temos de mudar de rumo. O que eles valorizam é o dia a dia, depois o resultado, é o próprio dono do clube que diz isso, é só a soma do que fazemos durante a semana», conta.

Como já se viu, na fria Tallinn é tudo muito sereno, bem diferente do acalorado futebol português, recheado de quezílias. «Aqui é muito difícil veres uma discussão como em Portugal onde é muito fácil as pessoas perderem o controlo emocional. Mesmo nos jogos, nas questões de arbitragem, claro que há sempre aquela emoção, mas é sempre muito pacífica se comparamos com a cultura em Portugal. Em relação às equipas adversárias também não se sente aquele clima de tensão entre as equipas, as coisas são mais amigáveis, por um lado é bom, mas também é mau do ponto de vista desportivo. É um país com uma grande tranquilidade e com uma qualidade de vida muito elevada».

Ao fim de três anos na Estónia, Victor Silva já está bem-adaptado ao país que o acolheu em 2018, apesar do frio insuportável para um português de São João da Madeira. «Os locais já estão habituados, nasceram e cresceram aqui, para eles não é um problema. Para quem vem de fora, o inverno é extremamente complicado. Tenho apanhado menos quinze graus e eles dizem que tenho sorte. Para eles, nos últimos dois anos não houve inverno. Para mim é bastante rigoroso, mas eles dizem que têm sido invernos suaves [risos]. Estamos a falar de três ou quatro meses de neve e, sobretudo com muito frio, com quinze graus negativos, com um céu muito cinzento. Acaba por ser um inverno muito escuro. Há pouca luz, há pouco sol, temos mesmo de tomar vitamina D através de medicação».

Mas a verdade é que Victor está mesmo a adaptar-se a Tallinn e até já está a ter aulas de estónio. «É um desafio. Não só pela questão de ser mais eficiente naquilo que é a minha comunicação com os jogadores, apesar de falarem todos inglês. Aqui quase toda a gente fala inglês fluentemente».

Além da comunicação, o estónio, neste caso a língua estónia, também pode abrir uma porta importante para o futuro da carreira de Victor Silva. «Também quero aprender a língua para ver se faço aqui o curso UEFA A. Em Portugal não é fácil, são 400 candidatos para 30 ou 40 vagas e com um conjunto de critérios que não são fáceis de cumprir. Há treinadores que estão a trabalhar na I e II Liga que têm prioridade para entrar e depois há treinadores como eu que necessitam dessa licença para trabalhar no estrangeiro, mas não a conseguem tirar em Portugal. Acabo por estar num beco sem saída. A solução que tenho passa por aprender a língua e, a partir daí, candidatar-me a um curso da federação estónia. É o que estou a fazer neste momento, já tenho o nível 2 e estou a aprender a língua para no final do ano fazer a aplicação para tirar a UEFA A».

O final do último inverno, além do frio, foi diferente para Victor Silva. Tal como em Portugal e boa parte do mundo, Tallinn também foi abalada pela pandemia da covid-19. A Estónia teve sempre números baixos e até foi dos primeiros campeonatos a recomeçar. «Estivemos confinados dois meses. Depois a meio de abril recebemos autorização para recomeçar os treinos, de forma individual, com grupos de dez jogadores em meio campo, respeitando sempre a distância de dois metros. Passado mais duas semanas começámos a ter treinos normais. No início de junho já estávamos a ter jogos. Neste momento, nos jogos da I Divisão, já são permitidos jogos à porta aberta, com adeptos nas bancadas».

O «desenrascanço» português valorizado na Estónia

A verdade é que o trabalho do jovem treinador está a ser reconhecido e o clube já avançou com uma proposta de renovação, com o objetivo de dar mais um passo no projeto.

«O meu contrato termina em novembro, mas o clube já falou comigo no sentido de renovar. Disse que se em novembro as coisas correrem bem e estivermos no top-30, depois falamos. Há um reconhecimento do nosso trabalho por tudo o que colocámos dentro do clube. A mudança de paradigma iniciou-se com os treinadores portugueses e nós dedicam-nos a isso. Eles reconhecem isso porque o treinador português é muito proactivo e estamos habituados a resolver problemas. Todas as pedras que surgem no caminho, nós resolvemos, e isso é fundamental para eles. Eles são muito apáticos, porque a vida deles acaba por ser muito mais fácil do que é a nossa em Portugal», conta.

O famoso «desenrascanço» português. «É isso. Nós temos de pôr o pé no acelerador para conseguir as coisas. Nós metemos as coisas a andar. Ainda esta tarde estive à procura de jogadores que estão a jogar menos ou que não estão mesmo a jogar, porque há jogadores que têm de ir para o exército, aqui é obrigatório. Encontrei dois. O clube ficou todo contente. Ainda não assinamos com eles, mas, à partida, são dois jogadores que nos vão ajudar. Não foi nada de extraordinário, mas para eles faz a diferença. Os portugueses procuram sempre soluções, crescemos nesta luta diária de encontrar soluções melhores. Isso é fundamental para o que pretendo, que é saltar patamares», reforça.

Além do desenrascanço, o treinador português tem já um certo estatuto a nível mundial, graças a nomes como José Mourinho ou Jorge Jesus. «São esses dois nomes e muitos outros que estão por esse mundo fora nos grandes campeonatos a abrir portas. Sem o que eles fizeram, de certeza que eu não estava aqui na Estónia. Há vinte anos o treinador português não tinha oportunidades, agora estão em todo o lado. E isso é fruto do trabalho de José Mourinho e muitos outros».

Mourinho marcou uma geração de treinadores, mas Victor Silva tem mais referências além do atual treinador do Totenham. «Todos os treinadores portugueses da minha idade são fortemente influenciados pelo Mourinho, por tudo aquilo que fez, pelo impacto que teve quando eu tinha 16 ou 17 anos. Também por todas as portas que ele abriu de forma indireta a treinadores como eu. Depois há outros, sem os enumerar, como o Jorge Jesus no Brasil, o Leonardo Jardim em França, o André Villas-Boas na Rússia, o Vítor Pereira na China, o mister Caixinha no México que agora vai para a Arábia Saudita. São tantos, com tanta qualidade, que é difícil associar-me a um ou outro. O Mourinho claro que teve um grande impacto, mas há muitos mais, até o Paulo Fonseca. Esteve no FC Porto, deu dois passos atrás e agora está na Roma. São todos exemplos no sentido nos caminhos que podem ser tomados para se chegar lá e ir subindo em patamares», acrescenta. competitivos».

O professor de educação física e a carteira perdida no comboio

Apesar de ter tirado o mestrado há oito anos, Victor Silva nunca deu aulas em Portugal, mas a oportunidade surgiu na Estónia. «Surgiu essa possibilidade no segundo ano, a possibilidade de dar aulas de manhã, com um part-time. É também uma forma de completar o meu ordenado, ganhar mais algum dinheiro», revela.

Aulas de manhã, clube da parte da tarde. Victor Silva não tem muito tempo livre, mas já é um bom cicerone de Tallinn. «Não tenho muito tempo para passear, o que vou explorando da cidade é ir jantar fora, uma vez por semana, às vezes tomar um café. Nos dias que não tenho jogos, dá para explorar mais a cidade. Apesar de ser a capital, não é uma cidade muito grande, mas tem tudo. Tem tudo e tem uma mobilidade incrível. Uma pessoa não precisa de carro para nada, consegue-se deslocar para todo o lado de forma fácil e rápida. No verão é uma cidade com muito turismo porque há aqui uma rota entre a Finlândia, Letónia, Estónia e Lituânia. É uma cidade que no verão tem muita vida, este infelizmente não, pelas razões que sabemos, mas no inverno não, até pelas questões climatéricas. Mas é uma cidade muito agradável porque acabamos por ter tudo sem ter o problema das grandes capitais, que é o aglomerado de pessoas, o tráfico e essas questões».

Uma cidade pacata, com cidadãos no verdadeiro sentido da palavra. «Tenho uma história que acaba por traduzir o que é a cultura cá, o respeito que eles têm pelos outros. Do centro da cidade para o centro de treinos, tenho de apanhar um comboio. No verão uso mais a bicicleta, portanto, meti a bicicleta no comboio e fui. São 20/30 minutos de viagem e aproveito sempre para trabalhar com o meu laptop. Nesse dia quando cheguei à estação do centro de treinos, saí do comboio a correr e esqueci-me da bicicleta. Consegui arranjar um contato, liguei para lá e disseram-me logo para ficar descansado. A bicicleta ia ser entregue em tal sítio, a tal hora».

Victor Silva assume-se como «despassarado» e, num outro dia, passou por um incidente semelhante, mas voltou a ser surpreendido pela generosidade dos estónios. «Outra vez esqueci-me da carteira. Costumo tê-la na mochila, mas deixei-a no comboio e fui dar o treino. Só me apercebi no regresso quando fui procurar o bilhete do comboio». Como português, Vitor Silva pensou, «já foste». «Mas por descargo de consciência liguei outra vez. Curiosamente, disseram-me que tinham lá a carteira, para lá ir buscá-la. Estava tudo intato. Eles respeitam muito o outro, respeitam as regras e não têm aquela cultura de tirar proveito dos outros. Se a carteira não é minha, entrego-a e está tudo bem. Como sabemos não é a normalidade em Portugal».

Expetativas e a aposta na estabilidade contra o risco

Para já, Victor Silva está empenhado em colocar o Harju no top-30 da Estónia, mas tem a ambição de chegar a projetos mais competitivos. «Se chegarmos à III Liga, ao top-30, o clube vai ter de se estabilizar durante quatro ou cinco anos para conseguir criar condições em termos de infraestruturas para poder chegar à I Liga. Mas chegando a essa III Liga já consegue manter os jogadores e, se vendê-los, ter um retorno financeiro maior para investir nessas infraestruturas. Não é o meu plano estar cá tanto tempo. Se tiver oportunidade de sair, de ir para um contexto competitivo melhor, teria todo o gosto, mas neste momento, o meu foco é colocar o clube no tal top-30, depois sentar-me à mesa com o clube para conversar».

Um projeto mais aliciante uqe dificilmente chegará de Portugal. «Gostava muito, já estou há cinco ou seis anos fora e gostava de regressar por todas as razões. Mas neste momento não trocaria a estabilidade que tenho tido por uma aventura em Portugal. Se tivesse uma aposta que fosse para arriscar, não ariscaria, quero dar passos seguros e quero estar dentro de contextos organizados e com pés e cabeça».

Victor Silva até admite regressar como adjunto de uma equipa profissional ou até para liderar um projeto de formação, mas neste caso só com uma estrutura sólida, mas tem consciência que, nesta altura, isso não vai ser fácil acontecer. «Não sou de loucuras de pegar numa equipa e achar que vou chegar à I Divisão num abrir e fechar de olhos. Acredito no processo, gostaria de voltar a Portugal, mas teria de ser uma coisa bem enquadrada e não aqueles projetos de aventura que duram dois meses. Sabemos que em Portugal também não está fácil para os clubes. Há uma enorme instabilidade e as pessoas não sabem o que vai acontecer a partir de setembro», contou ainda.

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