Diáspora lusa: Espanha acolhe mais, França é o novo baluarte - TVI

Diáspora lusa: Espanha acolhe mais, França é o novo baluarte

Mónaco-Lyon (Lusa)

Portugal já é o segundo país estrangeiro com mais jogadores na Ligue 1 e é o nono a exportar para as cinco principais Ligas europeias. França supera Brasil nas «Big-5»

Já são quase 400 os jogadores portugueses espalhados pelos diversos campeonatos do globo. Portugal é, nesta altura, o nono país de eleição para os diversos campeonatos mundiais «pescarem» jogadores para as suas fileiras e o sétimo se nos reportarmos, exclusivamente, às Ligas europeias. Um dado, entre muitos, de um recente estudo do CIES – Observatório de Futebol.

A parte mais interessante, contudo, acaba por ser uma análise ao que acontece nas chamadas Big-5, as cinco principais Ligas europeias (Inglaterra, Espanha, Alemanha, Itália e França).

Nesse sentido, convém sublinhar que dos 345 jogadores portugueses que povoam os campeonatos europeus, apenas 31 alinham nos referidos cinco campeonatos (contando apenas os jogadores que já somaram minutos esta época). Parece pouco? Talvez, mas a verdade é que apenas oito países em todo o mundo colocam mais jogadores nessas Ligas do que Portugal.

O futebol luso é, assim, o nono mais representativo das Big-5, quando analisado o bolo total de estrangeiros. França, com 105 jogadores, é o país que mais exporta para os principais campeonatos, ultrapassando o Brasil, o grande mercado do futebol, por apenas uma unidade.



Os números do Brasil são, de resto, esmagadores. Apesar desta «derrota» para França nos jogadores utilizados nas Big-5, não há qualquer margem para dúvidas quando se analisa o bolo total. Ao todo, são 1784 os brasileiros que emigraram para jogar futebol, sendo que, destes, 1134 vieram para a europa.

O Brasil é, ainda, o país que exporta mais jogadores para a Ásia (437) e América do Norte (77). Na América do Sul é a Argentina (511 contra 124 do Brasil) o país que coloca mais jogadores pelos diferentes campeonatos, o que comprova que, na hora de emigrar, o jogador brasileiro opta, preferencialmente, por outro continente, com a Europa a ser, ainda hoje, o destino de eleição.

Hélder Costa ainda pode engrossar contingente luso em França

Voltemos, então, ao caso português. Sublinhe-se que, nas cinco principais Ligas europeias, apenas na Bundesliga Portugal não surge entre os dez países que mais jogadores «cedem».

França tornou-se o novo baluarte do futebol luso, com o fenómeno Mónaco à cabeça. Portugal ocupa o segundo lugar, atrás do Brasil, na lista de nacionalidades entre os estrangeiros utilizados. Vinte e dois contra nove. Sendo que, dos nove lusos, sete estão na equipa de Leonardo Jardim (João Moutinho, Fábio Coentrão, Ricardo Carvalho, Bernardo Silva, Rony Lopes, Ivan Cavaleiro e Hélder Costa).

Contudo, para este estudo, como foi dito, apenas foram considerados os jogadores que já jogaram, de facto, nas diferentes Ligas, pelo que Hélder Costa, com zero minutos no Mónaco, não conta e ainda pode engrossar o contingente luso quando for utilizado por Leonardo Jardim.

Assim sendo, aos seis monegascos juntam-se Rolando (Marselha), Ricardo (Nice) e Pedro Mendes (Rennes). Os internacionais Anthony Lopes (Lyon) e Raphael Guerreiro (Lorient), por nunca terem jogado fora de França e terem dupla-nacionalidade, não são considerados «emigrantes» do futebol.

Top-10 Ligue 1 (França):

1. Brasil (22)
2. Portugal (9)
3. Senegal (8)
4. Argentina (8)
5. Camarões (8)
6. Sérvia (7)
7. Costa do Marfim (6)
8. Suíça (5)
9. Mali (5)
10. Itália (5)

Apesar de ser em França que a fatia portuguesa é mais significativa, o mercado por eleição para o futebolista português é Espanha, entre as Big-5.

Na Liga espanhola, desde o início da época, já alinharam treze jogadores portugueses, o que coloca o futebol luso em quarto lugar no top. França (27 jogadores), Argentina (26) e Brasil (22) estão acima.

Top-10 La Liga (Espanha):

1. França (27)
2. Argentina (26)
3. Brasil (22)
4. Portugal (13)
5. Uruguai (9)
6. Servia (5)
7. Bélgica (5)
8. Alemanha (5)
9. Itália (5)
10. Croácia (4)

De resto, ainda entre as Big-5, Portugal surge no 17º lugar tanto na Premier League como na Liga italiana. Em ambos os casos são quatro os representantes nesses campeonatos. Na Bundesliga há apenas Vieirinha, no Wolfsburgo, uma vez que Sereno ainda não jogou pelo Mainz, o que faz com que o futebol português não surja no top-20 do estudo do CIES.


Vieirinha, o único português da Bundesliga 2015/16 até ao momento

Balcãs afirmam-se como potência exportadora para o futebol europeu

Deixando de lado as Big-5 e voltando a olhar para o futebol europeu como um todo, o estudo apresenta ainda outros dados interessantes, nomeadamente no que diz respeito aos países das zonas dos Balcãs. Três deles aparecem no top-10.

Sérvia (560 jogadores espalhados pela Europa), Croácia (439) e Bósnia-Herzegovina (344) ocupam, respetivamente, terceiro, quatro e oitavo lugares da lista. Se somássemos os números dos três países, que um dia integraram o império jugoslavo, chegávamos ao número de 1343 jogadores. Mais do que o primeiro da lista, Brasil, que tem 1134.

Refira-se, ainda, que há dois países africanos entre os dez primeiros. A Nigéria surge como quinto país a colocar jogadores na Europa (401) e o Senegal como décimo (315).

Não há qualquer país asiático no top-10 geral, mas é interessante notar que dois se destacam se nos centrarmos apenas na Liga alemã: o Japão é quinto, com nove jogadores, e a Coreia do Sul é décima com seis. Mais nenhuma das Big-5 apresenta países da Ásia, sequer, entre os vinte mais representados.
Continue a ler esta notícia