Histórias da Casa Branca: América em suspenso - TVI

Histórias da Casa Branca: América em suspenso

  • Germano Almeida
  • 5 nov 2016, 14:04
Hillary Clinton

Hillary sobe nas sondagens nacionais, mas Trump encurta em alguns estados decisivos. A incógnita prolonga-se, embora a matemática continue a favorecer muito a democrata

A três dias da grande decisão, persistem dúvidas quanto ao resultado final e prolonga-se um nervosismo mais ou menos mal disfarçado nos dois campos.

Mas com o aproximar da linha da meta, fica cada vez menos provável um cenário de surpresa total. 

Hillary Clinton mantém favoritismo, embora com uma dimensão que varia nos diferentes modelos de probabilidade: vai 65% na previsão mais conservadora (Nate Silver, “FiveThirtyEight”), a 75% (CNN, “Political Predictor”), 85% (New York Times, “Upshot”), ou mesmo acima dos 90% (Huffington Post). 

Hillary tem uma liderança relativamente estável nas sondagens nacionais (de 2 a 7 pontos nas pesquisas de ontem), mas esse dado não se confirma na totalidade nas sondagens estaduais (onde há tendências para todos os gostos). 

Ou seja: a subida nos últimos dois dias de Clinton no voto popular global pode ter decorrido de reforço de votação em estados onde ela já estava à frente.

Há uma dinâmica de viragem Trump? Nem por isso. 

Mas há, em alguns campos de batalha, um encurtamento da diferença que coloca, pelo menos, esta corrida ainda “too close to call”. 

Nas últimas horas, Hillary surge 3 e 4 pontos à frente da sondagens na Florida, aparentemente graças a uma grande mobilização dos latinos (a votar no dobro da proporção, em relação há quatro anos, no mais decisivo dos estados decisivos). 

Clinton está também a recuperar na Carolina do Norte, graças à presença de Obama, que se tem desdobrado em comícios, apelando à mobilização dos negros (muito relevantes no total dos votos daquele estado), e também a um aumento de 60% da participação dos latinos. 

De todo o modo, o mais provável é que Florida e Carolina do Norte sejam os dois estados que se mantenham como grandes incógnitas até bem tarde na noite eleitoral. 

No Nevada, aí sim, Hillary pode estar a resolver a questão, também ajudada com a mobilização dos hispânicos. 

“Insiders” da campanha Hillary têm dado a entender que já dão o Nevada como certo para o campo democrata, mas nesta altura, a pouco mais de 80 horas do fecho das urnas, há que descontar o grau de possível fiabilidade desse tipo de “certezas” de quem está a trabalhar no terreno.

A verdade é que se o Nevada for mesmo para Hillary, a questão dos 270 parece resolvida, perante os 264 votos eleitorais que a democrata terá relativamente garantidos. 

Só que para essas contas há que tomar como certos estados como a Pensilvânia e o Michigan, que nas últimas horas encurtaram as diferenças entre os dois candidatos, mantendo ainda vantagem para Hillary.

O caminho para Trump continua estreito e passa por ganhar Ohio e Florida (mais provável no estado do Midwest, mais difícil para o republicano o estado do sul) e depois atacar New Hampshire, Carolina do Norte e Pensilvânia e Michigan (pelo menos um dos dois tem que arrecadar).

Para Hillary é mais fácil: se ganhar a Florida está feito; se ainda recuperar a tempo de vencer no Ohio, também está (esteve consistentemente atrás, mas aparece ontem um ponto à frente numa sondagem); se vencer na Carolina do Norte, nem precisará de Ohio nem Florida.

Contas à parte, fica a ideia de que para Hillary Clinton será muito importante não ganhar apenas à tangente (um cenário do estilo 272-266 levaria a América a uma fratura muito difícil de curar) e que ainda tem boas hipóteses de sair da noite eleitoral com uma vitória clara no Colégio Eleitoral, bem acima dos 300 Grandes Eleitores, mesmo que no voto popular a diferença não passe muito dos 2.5%/3%.

A pouco mais de 80 horas do fecho das urnas, Hillary é a provável vencedora, mas uma surpresa de eleição Trump está suficientemente perto para ainda poder acontecer. 

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