Quando o que os jogadores têm para dizer é maior que o desporto - TVI

Quando o que os jogadores têm para dizer é maior que o desporto

Ferguson: protesto na NFL

DA NFL à NBA, em campo e nas redes sociais, desporto norte-americano não passou ao lado de Ferguson

Stedman Bailey, Tavon Austin, Jared Cook, Chris Givens e Kenny Britt são jogadores dos St Louis Rams e no domingo entraram em campo de mãos no ar. Replicaram o gesto que se tornou símbolo dos protestos em Ferguson, Missouri, em nome de Michael Brown, o adolescente morto por um agente da polícia. Não foram os únicos desportistas a manifestar-se, mas a sua atitude, em campo, deu outra dimensão ao assunto.

«Hands up, dont shoot» «Mãos no ar, não dispare», quer dizer o gesto. Alude a alguns testemunhos da morte de Michael Brown, que dizem que o jovem tinha levantado as mãos como sinal de rendição na altercação que teve com o agente, Darren Wilson, o qual acabou por disparar várias vezes e matá-lo. O tribunal que decidiu não levar Darren Wilson a julgamento, ao concluir que não existiam fundamentos suficientes para uma acusação, não terá dado esse dado como provado.

A decisão desencadeou uma nova onda de protestos, tal como tinha acontecido aquando da morte de Michael Brown, em agosto, com a questão racial como pano de fundo. Wilson, um polícia branco, matou um adolescente negro desarmado.

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«Decidimos fazer alguma coisa, de modo coletivo. Quisemos mostrar o nosso respeito para com os protesto, explicou Jared Cook. «Queremos que a comunidade saiba que a apoiamos», reforçou Kenny Britt.

As reações ao que se passou ilustram bem a profunda divisão dos Estados Unidos sobre o assunto. Tiveram manifestações de apoio, ouviram e leram muitos insultos através das redes sociais. Houve quem lhes dissesse para deixarem a política fora do desporto e quem se congratulasse por, finalmente, os jogadores assumirem a sua condição na sociedade.

Institucionalmente foi um embaraço. A polícia de Saint Louis, através do seu sindicato, questionou a atitude dos jogadores e chegou mesmo a ameaçar um boicote à NFL. De caminho, garantiu que os responsáveis da equipa pediram desculpa pelo gesto dos jogadores. Coisa que os Rams negaram. Ainda que Kevin Demoff, diretor-executivo da equipa, tenha admitido que teve uma conversa telefónica com os responsáveis policiais, e se refugie numa questão semântica. Disse, à ESPN, que se limitou a «lamentar qualquer ofensa que os agentes tenham sentido».

A NFL já veio garantir que os jogadores não serão alvo de qualquer sanção pelo gesto. Mas a coisa não fica por aqui. O caso do bar de St Louis que decidiu colocar nas redes sociais a informação de que deixou de apoiar os Rams, promover «Happy Hours» durante os jogos da equipa e por aí fora, é paradigmático.
 
 


O post mereceu milhares de comentários e nessa noite houve protestos à porta do bar, chamando racistas aos seus responsáveis. Estes dizem que nunca quiseram entrar na questão do conflito racial, mas apenas criticaram o facto de os jogadores terem levado a questão para dentro de campo.

A diferença do gesto dos jogadores do Rams foi mesmo essa, ter entrado em campo. Porque, de resto, foram muitos os jogadores que se manifestaram sobre o assunto, mas nas redes sociais. Muitos jogadores da NBA.

Kobe Bryant
Lebron James

David West, dos Indiana Pacers:
 
A lista é longa. E também sinal dos tempos e da forma como as redes sociais deram nova voz aos homens do desporto, uma voz imediata e direta aos adeptos.
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