Pirès: «Discuto muito com o meu pai quando Portugal e França se defrontam» - TVI

Pirès: «Discuto muito com o meu pai quando Portugal e França se defrontam»

Robert Pirès (AP)

O Maisfutebol conversou com o internacional francês, campeão mundial e europeu, em pleno Allianz Arena e lançou o jogo desta quarta-feira. Filho de um emigrante português, Pirès revelou que goza férias em Ponte de Lima e confessou-se fã de Bruno Fernandes

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O Maisfutebol ocupa o seu lugar no Allianz Arena para o Portugal-Alemanha, olha para o lado direito e vê Robert Pirès. Sim, esse mesmo. Campeão do Mundo e da Europa pela França, filho de um emigrante português.

Aproximamo-nos cautelosamente para não interromper o trabalho do francês, agora comentador televisivo. A simpatia de Robert Pirès é desarmante e rapidamente aceita o nosso convite num português com sotaque.

Assim, de forma improvisada, uma das figuras da seleção francesa e da histórica equipa dos «Invencibles» do Arsenal revela-nos que goza férias em Ponte de Lima, no norte de Portugal, e que, quando Portugal e França se defrontam, «há sempre discussão» com o pai.

A conversa dura cerca de dez minutos e é interrompida porque Robert Pirès tem de entrar em direto.


Maisfutebol: Do que viu até ao momento, quais lhe parecem as seleções candidatas a ganhar o Europeu?
Robert Pirès: Penso que neste Europeu temos três equipas que são favoritas: França, Portugal e Bélgica. Já sei que o próximo jogo entre França e Portugal vai disputar-se o apuramento. O grupo é muito complicado, não nos podemos esquecer da Alemanha. Será um grande jogo.

MF: Estará com o coração dividido, tendo em conta que tem raízes portuguesas?
RP: (risos) O meu pai é português e tenho família em Ponte de Lima e Lisboa. É sempre um jogo muito complicado para mim. Eu sou francês, joguei pela seleção, ganhámos a Portugal e vários títulos. O mais importante é que França ganhe como sempre.

MF: Costuma haver discussões com o seu pai quando Portugal e França se defrontam? RP: Há muita discussão entre o meu pai e eu (risos). Nasci em França, sou filho de uma família emigrante e vou torcer por França. Mas sei que o meu pai apoia sempre Portugal.

MF: Ainda continua a ir a Portugal?
RP: Eu? Vou passar férias a Ponte de Lima todos os anos. Fico lá sempre 15 dias. Normalmente, vou 15 dias em julho para ver a família. Isso é muito importante para mim. Não faço nada: é só comer, passar tempo com a família, ir à praia e descansar de um ano longo.

MF: Falando sobre a seleção portuguesa. Que jogadores a França deve ter em atenção, além do Cristiano Ronaldo?
RP: O Cristiano é o Cristiano. Mas eu gosto muito do Bruno Fernandes. Ele joga para a equipa, nunca joga para ele. E a equipa não joga só para ele. Estes tipos de jogadores são especiais e é preciso apoiá-los. E quando tens um jogador como ele podes sonhar em ganhar. O Bernardo e o Rúben Dias também jogaram muito bem em Inglaterra.

MF: Provavelmente conhece melhor os portugueses que jogam na Premier League.
RP. Já conhecia o Rúben Dias de jogar em Portugal, mas passou para outro nível com o Manchester City. É um titular indiscutível da seleção. Ele, o Bernardo e o Bruno Fernandes são muito bons.

MF: Há também o Diogo Jota, um jogador que em cinco anos saltou do Paços de Ferreira para o Liverpool.
RP: Ah! Paços de Ferreira é um clube que conheço, claro. O Jota é muito bom jogador, esteve muito bem no Liverpool. Ainda não é titular indiscutível, mas quando o Cristiano sair, estará lá para o substituir.

MF: Em relação à seleção francesa, há a impressão de que o Deschamps criou um grupo muito coeso no qual a estrela é a equipa. Concorda?
RP: Quando falamos de uma seleção tem de haver sempre um grupo unido. Depois existem jogadores que podem fazer a diferença. Temos muitos jogadores talentosos como Benzema, Mbappé e Griezmann. A Bélgica e Portugal também têm esse tipo de jogadores. Mas o Deschamps criou um grupo muito forte para ganhar o Mundial e agora tentar vencer o Euro 2020.

MF: Além do trio da frente, a que jogadores franceses Portugal deve ter mais atenção?
RP: O Dembélé [afastado da prova por lesão] e o Coman são jogadores de muita qualidade e rápidos. Podem jogar em qualquer equipa. Temos sorte por serem franceses, vamos ver se ajudam a seleção. Ainda assim, para mim o jogador mais importante é o Kanté. Cada vez mais é fundamental no meio-campo, não só a defender, mas também no ataque. Faz uma excelente dupla com o Pogba.

MF: A convocatória da seleção francesa ficou marcada pela chamada de Benzema. Como reagiram os franceses ao seu regresso?
RP: Os franceses queriam muito o regresso do Benzema. O que tem vindo a fazer com o Real Madrid é muito bom, está a um nível muito alto. Como selecionador deves escolher os melhores e ele é um dos melhores. Parecido com o Bergkamp? É um excelente exemplo. O Benzema alterou a sua forma de jogar, não se preocupa tanto em marcar golos, mas sim em assistir os colegas. Quer muito ajudar a seleção e vamos ver como se vai sair.
 

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