Portugal não vai conseguir criar postos de trabalho em 2006 - TVI

Portugal não vai conseguir criar postos de trabalho em 2006

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O mercado de trabalho europeu registou melhorias, segundo o Euroíndice Laboral da Adecco, com 1,686 milhões de empregos a serem criados no terceiro trimestre de 2005. Mas Portugal não acompanhou a tendência e destruiu 54 mil postos de trabalho. A tendência deverá continuar em 2006.

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Pela primeira vez em três anos, o estudo revela um número de desempregados inferior a 15 milhões de pessoas, nos 14.914.000. A taxa de desemprego média dos sete países que constam do estudo baixou 0,4% para 8,9% da população activa.

Os sete países que formam a amostra são Alemanha, França, Reino Unido, Itália, Espanha, Portugal e Polónia, e representam mais de 75% da população e do PIB do conjunto dos 25 países membros da União Europeia.

Espanha continua a ser, dos países analisados pelo estudo, o maior criador de postos de trabalho, com 930 mil novos empregos, cerca de 55% dos novos postos de trabalho que a Adecco prevê que sejas criados no conjunto dos países europeus em causa. Seguem-se o Reino Unido, com 333 mil novos empregos, e a Polónia, com mais 223 mil postos de trabalho.

No outro extremo da tabela encontra-se a Alemanha, que destruiu 85 mil empregos.

A vizinha Espanha conseguiu reduzir o número de desempregados em 338 mil pessoas, mas Portugal não só não reduziu o número de pessoas sem trabalho, como ainda lançou mais 54 mil no desemprego. A taxa de desemprego em Portugal aumentou 0,9% para 7,7%. Além de Portugal, apenas o Reino Unido apresentou um aumento da taxa de desemprego, e bem menor, de 0,1%.

O número de desempregados deverá ainda ter caído 525 mil pessoas no último trimestre do ano que acabou agora.

Mulheres agarram dois em cada três empregos criados

O número de mulheres empregadas aumentou, sendo que o sexo feminino arrecadou dois em cada três novos postos de trabalho. A Adecco prevê que, nos próximos trimestres, sete em cada 10 novos postos de trabalho sejam para as mulheres.

Quem não conseguiu tão boa performance foram os jovens, que continuaram a perder postos de trabalho. Em quatro dos sete países analisados, (França, Itália, Portugal e Reino Unido) reduziram o número de jovens empregados.

Portugal é o único país em que a taxa de desemprego feminina aumentou, alcançando 8,9% das mulheres activas, mais 1% que homólogo, e o pior dado desde 1987.

A taxa de desemprego juvenil deverá continuar a cair nos próximos trimestres, depois de se ter situado em 19,6% da população activa jovem no terceiro trimestre de 2005, no conjunto dos setes países. Em Portugal, esta taxa cresceu 0,6% para 16,5%.

Aumento das taxas de juro penaliza emprego e procura interna

No primeiro trimestre de 2006, o número de desempregados será 586 mil pessoas menor que no mesmo período do ano anterior, nos países analisados.

Por países, durante o último trimestre de 2005, Espanha, Reino Unido e Itália criarão menos empregos que em trimestres anteriores, enquanto que a Alemanha e a França crescerão a maior ritmo. Polónia e Portugal deverão manter o ritmo actual.

Espanha continuará a ser responsável pela criação de 6 em cada 10 novos postos de trabalho.

Segundo o estudo, as previsões para a segunda metade de 2006 e até finais de 2007 são negativas, indicando que a expansão do emprego será afectada por algumas alterações no contexto económico europeu e internacional, como o aumento das taxas de juro, que deverão levar mesmo a um aumento do número de pessoas desempregadas.

Esta subida das taxas penalizará sobretudo a Espanha, fazendo cair a actividade da construção e obrigando as famílias a dedicar uma maior parte do seu orçamento ao pagamento dos juros dos seus créditos, num momento em que o endividamento está a níveis elevados face ao rendimento disponível. Tudo isto deverá penalizar o consumo e a procura interna.

Como consequência, a expectativa no emprego é de um crescimento muito lento e até de destruição de postos de trabalho na segunda metade deste ano.
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