Menos de 24 horas depois da conquista do Europeu em Saint Denis, a roda continua a girar: começa esta segunda-feira o Campeonato da Europa sub-19 na Alemanha e com ele prosseguem também as aspirações de chegar ao topo dos jovens jogadores das oito equipas presentes na competição. Do lado português, como não poderia deixar de ser, existe uma enorme expectativa em torno desta geração, tendo como bons exemplos as recentes prestações das seleções jovens em provas internacionais e, naturalmente, o Europeu de França dos AA.
Mas quantos são – pegando nos jogadores da seleção principal – os que passaram por um Europeu sub-19 como etapa até chegar à consagração de Saint-Denis? São quatro.
Em 2010, o lateral-direito Cédric e o médio Danilo fizeram parte dos convocados de Ilídio Vale (atual adjunto de Fernando Santos) para o Campeonato da Europa sub-19 realizado precisamente em território francês. Na altura, Portugal ficou pelo terceiro lugar na fase de grupos, assegurando ainda assim um lugar no Mundial sub-20 no ano seguinte (tendo atingido a final dessa prova).
Em No euro sub-19 de França, enquanto Danilo foi um dos (quase) intocáveis, Cédric ganhou o lugar apenas à segunda jornada, depois do desastre defensivo frente à Croácia, na estreia (0-5).
Dois anos volvidos foi a vez de João Mário e André Gomes entrarem em campo sob orientação de Edgar Borges. Na Estónia, a dupla sportinguista e benfiquista esteve em destaque apontando três golos entre eles (dois para André, um para João Mário) e atuando nas três partidas da fase de grupos como titulares. Apesar da eliminação, a equipa das Quinas conseguiu uma vez mais garantir o objetivo mínimo – a qualificação para o Mundial.
E em 2016, quais são os maiores candidatos a chegar ao topo?
A ambição da seleção portuguesa para este Europeu sub-19 é grande. Depois da recente conquista europeia dos sub-17, a formação orientada por Emílio Peixe procura dar seguimento ao momento feliz do futebol jovem português. Para isso, o selecionador de 43 anos (também uma referência das seleções jovens enquanto jogador) chamou 18 jogadores para a competição que irá decorrer na Alemanha. Daqueles eleitos, vários têm despertado a atenção de olheiros de alguns dos principais emblemas do futebol europeu ao longo dos últimos meses.
No setor defensivo, há que destacar dois recentes campeões europeus sub-17: os portistas Diogo Costa (guarda-redes) e Diogo Dalot, a «locomotiva» da lateral direita. A eles se juntam jogadores como Rúben Dias ou Yuri Ribeiro que já somaram experiências importantes na equipa B do Benfica ou na Youth League, além de terem treinado com a equipa principal dos encarnados.
Numa seleção dominada pela forte presença benfiquista (8 convocados em 18), destacam-se os criteriosos e técnicos médios Gonçalo Rodrigues, João Carvalho ou Pedro Rodrigues, bem como dos avançados Diogo Gonçalves e Buta. O vimaranense Alexandre Silva, avançado veloz e com técnica interessante, pode ser outra das armas apontadas aos adversários.
Outros jogadores a acompanhar neste Campeonato da Europa
No Grupo A, além de Portugal, estão ainda a anfitriã Alemanha, a Itália e a Áustria. É precisamente frente aos austríacos que a seleção orientada por Peixe se irá estrear, esta segunda-feira, pelas 18 horas portuguesas. Ora, na primeira adversária dos jovens portugueses, há que destacar Arnel Jakupovic, 18 anos, atacante que se destacou na última temporada na equipa jovem do Middlesborough e que já na fase de apuramento esteve em destaque, ou os médios Marko Kainz (Austria Lustenau) ou Albin Gashi (Rapid Viena); o primeiro mais defensivo e o segundo mais ofensivo, mas ambos criteriosos com a bola nos pés.
A equipa da casa apresenta uma geração interessante, na qual as referências são os talentosos e possantes Amara Condé (Wolfsburgo) e Fabian Reese (Schalke 04) e o goleador Johannes Eggestein (Werder Bremen). Na Itália, salta à vista Manuel Locatelli, jovem da formação do Mlian, conhecido por muitos como o «novo Pirlo», devido à leitura de jogo e qualidade de passe.
Do Grupo B, fazem parte a Croácia, a Holanda, a França e a Inglaterra. Um grupo equilibrado e no qual estão inseridas quatro formações recheadas de talento. Na turma croata, os «geniais» Josip Brekalo e Andrija Balic são claramente dois dos nomes a acompanhar, até porque na sequência desta competição irão ingressar em duas das grandes ligas europeias (Brekalo assinou pelos alemães do Wolfsburgo e Balic decidiu juntar-se à Udinese).
A Laranja Mecânica volta a apresentar um plantel ofensivamente harmonioso, com destaque para os virtuosos Steven Bergwijn (PSV Eindhoven), Gino Dekker e Abdelhak Nouri (Ajax), mas também com defesas interessantes (atenção ao lateral Hidde ter Avest, destaque maior na ausência do interessantíssimo central dos sub-17 Matthijs de Ligt).
A França, como é habitual, apresenta um conjunto de grande nível. A experiência de Ligue 1 de jogadores como o guardião Paul Bernardoni (Bordéus), os centrais Olivier Boscagli (Nice) e Issa Diop (Toulouse), os médios Lucas Tousart (Lyon), Ludovic Blas (Guingamp), Christopher Nkunku (Paris Saint-Germain) ou os avançados Jean-Kévin Augustin (Paris Saint-Germain) e Kylian Mbappé (Mónaco) pode ser determinante em mais uma tentativa de sucesso da equipa gaulesa (chegaram às meias-finais em 2015, numa geração liderada pelo prodigioso Kingsley Coman, um dos convocados para o Euro 2016).
Quanto à Inglaterra, que realizou um estágio no México antes desta prova, a grande expectativa gira em torno do enorme talento e margem de progressão dos atacantes: Isaiah Brown (Chelsea), Ademola Lookman (Charlton Athletic), Sheyi Ojo (Liverpool) e Dominic Solanke (Chelsea). Ainda assim, muita atenção a jogadores como Oxford, Onomah e Tomori, que podem muito bem destacar-se ao longo de um torneio que terá a conclusão a 24 de julho, em Sinsheim. Depois dos sucessos da seleção principal e da seleção de sub-17, esperemos que novamente com a seleção portuguesa em festa…