Nico Gaitán em entrevista: «Na bancada somos todos o Messi» - TVI

Nico Gaitán em entrevista: «Na bancada somos todos o Messi»

Argentina-Venezuela (Reuters)

Exclusivo com o internacional argentino, ex-futebolista do Benfica

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Argentina, Portugal, China, Estados Unidos. O futebol de Nico Gaitán abraçou quatro países, conquistou clubes e continua a sentir o pulsar do desejo. 

Aos 31 anos, Nico joga na MLS e não dá por encerrado o seu capítulo no futebol europeu. Nasceu em San Martín em fevereiro de 1988, foi criado em José Paz, nos subúrbios de Buenos Aires, e cresceu numa família de parcos recursos financeiros. 

Nico habituou-se desde cedo ao sacrifício e a uma vida de trabalho. Ajudou os pais na venda de flores em comboios e cumpriu apenas a escolaridade mínima obrigatória. No futebol encontrou o ponto de fuga e o caminho da felicidade. 

Nesta parte da entrevista exclusiva ao Maisfutebol, Nico Gaitán garante manter a vontade de treinar todos os dias, fala de Pablo Aimar, dos planos para o futuro e, claro, de Leo Messi. 
 

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Nico Gaitán num treino da Argentina na Copa America 2016

Maisfutebol – Aos 31 anos sente que a Europa é um capítulo encerrado para si?
Nico Gaitán –
Tenho 31 anos e sei que a minha carreira entrou numa fase em que posso não ser capaz de apresentar o meu nível mais alto. O futebol na Europa encanta-me, diverte-me, fascina-me. Eu costumo dizer que na bancada todos somos o Messi, mas no relvado temos de dar uma resposta boa. Acho que ainda posso render a um nível bom, alto, e depende de muita coisa voltar ou não à Europa. Para já estou feliz em Chicago e ainda no início desta experiência. Vou dar tudo por este clube, porque sei que fez um grande esforço para me ter cá. Senti-me muito desejado e isso para um futebolista é fundamental.

MF – Foi por se sentir desejado que aceitou jogar na liga chinesa?
NG –
No Atlético de Madrid, infelizmente, deixei de poder de fazer o que mais gosto. Por isso, sim, na China senti-me muito desejado e senti-me novamente um jogador de futebol. Joguei numa equipa que não tinha hipóteses de lutar pelo título [o Dalian Yifang acabou em 15º], mas voltei a sentir-me importante. A minha passagem pela China devolveu-me a vida no futebol.

MF – O Pablo Aimar dizia-nos que o último ano no Benfica foi fisicamente ingrato e já sentia menos prazer a treinar. O Nico Gaitán ainda tem esse prazer?
NG –
Sim, ainda tenho esse prazer de acordar e sair de casa para treinar. Já tive várias conversas sobre isso com amigos futebolistas, perguntei-lhes precisamente o que sentem. Não há idade para deixar de jogar. 32, 35, 40… O importante é desfrutar, ter prazer. Se o prazer de exercer a minha profissão desaparecer, então sim, o melhor é ficar em casa com a família. Tenho de estar atento aos sinais do meu corpo, perceber o meu ânimo e saber qual é o momento para parar. Agora, honestamente, sinto-me feliz e com vontade de treinar e jogar.

MF – E tudo começou no Boca Juniors. O Nico é «hincha» do clube, quais são as memórias mais fortes dos primeiros tempos?
NG –
Foi tudo muito bonito. Estive dos nove anos aos 22 no Boca, é uma vida. Formei-me como jogador, como homem e estarei eternamente agradecido a todas as pessoas de lá. Cumpri sonhos  de menino: jogar nos seniores do Boca, pisar o relvado da Bombonera e ser campeão.

MF - Falou, acima, de Leo Messi. Como foi partilhar o balneário e jogar na mesma equipa do melhor do mundo?
NG -
Estar ao lado do Leo impõe respeito. É um líder, quase sempre silencioso. Na Copa America 2016 ele lesionou-se e tive a oportunidade de jogar no seu lugar. Aquele pé esquerdo... posso dizer a todos, daqui a uns anos, que fui colega de equipa do Messi. É uma honra. 

MF – E como se imagina o Nico Gaitán no futuro? Vamos vê-lo como treinador?
NG –
Não vou ser treinador profissional, isso não me passa pela cabeça. Mas gostaria de trabalhar com jovens, talvez ser técnico nas camadas jovens. Ensinar jovens de 12, 13, 14 anos é uma ideia que me agrada. Treinador profissional, sinceramente, duvido muito. 


 

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