Mais de 200 assinaturas contra Museu de Salazar

Ao som de «Grândola Vila Morena», a União dos Resistentes Antifascistas Portugueses recolheu esta quarta-feira, em Viseu, mais de 200 assinaturas para a petição a entregar no Parlamento contra a criação do Museu Salazar na terra natal do antigo ditador, referiu à Lusa, Manuel Rodrigues, da União dos Resistentes Antifascistas Portugueses.

Pouco passava das 10:00, quando a URAP colocou uma banca, no Rossio da cidade de Viseu, para recolher assinaturas para a petição.

Ao som da música de Zeca Afonso, as pessoas que iam passando eram alertadas por uma faixa onde se lia em letras garrafais «fascismo nunca mais».

António Simões foi um dos primeiros a assinar a petição na Praça do Rossio.

«Sempre fui antifascista e com este museu pretendem branquear o que foi o regime de Salazar, que nos fez muito mal e é o culpado pelo atraso que temos», justificou.

Maria Ribeiro, de 70 anos, também fez questão de se mostrar contra o Museu de Salazar, assinando o documento.

«O dinheiro que pretendem gastar neste museu deve ser aplicado noutras coisas e não para relembrar quem nos fez tanto mal», alegou.

A contrastar com as duas centenas de pessoas que assinaram hoje a petição, outras iam passando e ficavam indignadas com a recolha de assinaturas contra o museu do ditador.

«Salazar faz cá muita falta», argumentou Maria José, de 58 anos, enquanto Álvaro Figueiredo de 63 anos não simpatiza com o regime salazarista, defendia que «se deve mostrar a todos o que ele foi, considerando que a iniciativa de hoje «é um atraso de mentalidade».

Alberto Andrade, da URAP, considerou que a criação do museu Salazar «é branquear um período negro da nossa História», montando «um altar ao fascismo».

«Se o presidente da Câmara de Santa Comba São quer este museu, que o faça com o dinheiro dele e dos amigos e não com o dos contribuintes», acrescentou.

Alberto Andrade falava à comunicação social quando os ânimos chegaram a aquecer, com alguns apoiantes do museu Salazar a insurgirem-se contra a iniciativa da URAP.

Carlos Matos, de 20 anos, é militante do PNR e faltou às aulas para vir mostrar apoio à criação do museu «de uma pessoa importante na nossa História».

Depois de ter levantado o braço «com uma saudação fascista, porque sou fascista e salazarista, vim mostrar a minha indignação a quem quer alterar o rumo da História».

A petição, que está a correr desde o dia 03 de Março até ao final do mês de Maio, vai ser entregue no Parlamento pela URAP.

A Câmara de Santa Comba Dão pretende construir um museu e um centro de estudos do Estado Novo, na freguesia de Vimieiro, naquele concelho do distrito de Viseu, de onde era natural o ditador.