Desde que Lisandro López empatou o clássico no Dragão, garantindo um ponto para o Benfica já nos descontos, que o FC Porto não sofre um golo em jogos oficiais.
O golpe foi duro, mas daí em diante a defesa portista virou um muro, impenetrável há 660 minutos.
Desde o dia 6 de novembro até à receção ao Marítimo de hoje (20h30), em jogo antecipado da 15.ª jornada da Liga, já passaram 40 dias sem sofrer golos.
A baliza portista está de quarentena e nesse período passaram sete jogos de quatro competições, numa sequência que começou nos 120 minutos frente ao Desp. Chaves (Taça de Portugal, com a eliminação nos penáltis), prosseguiram com a visita a Copenhaga (Liga dos Campeões), um jogo fora e outro em casa com o Belenenses (Liga e Taça da Liga), receções ao Sp. Braga (Liga) e Leicester (Liga dos Campeões) até à visita ao reduto do Feirense (Liga) – nas Taças, José Sá ocupou o lugar de Casillas.
A seca de golos que importunava os dragões terminou lá atrás, com um golo de Rui Pedro nos descontos a decidir o jogo com o Sp. Braga, e desde então a equipa marcou 10 golos sem resposta. Outra sequência bem mais positiva continuou desde o jogo da Luz, a das redes invioláveis, que deixa a equipa de Nuno Espírito Santo bem próxima dos melhores registos defensivos da história do clube.
A 98 minutos de ser a melhor defesa do milénio
Se na época passada, sobretudo na reta final sob o comando de José Peseiro, o FC Porto mostrava uma espantosa insegurança defensiva.
No entanto, mais do que debelada, a insegurança transformou-se numa solidez impressionante nesta época em que a dupla de centrais composta por Marcano e Felipe chegou a ser elogiada pelo próprio presidente Pinto da Costa como uma das melhores da história do clube.
A opinião é discutível, os números não. E a verdade é que o quarteto defensivo a que se somam os laterais Maxi e Alex Telles ou Layún à frente de Casillas tem já a melhor sequência deste século do clube em termos defensivos: acaba de ultrapassar o registo de 618 minutos (2007/08), entre 19 de fevereiro e 15 de março de 2008, quando Jesualdo Ferreira era o treinador e a linha defensiva à frente de Helton era Bosingwa-Bruno Alves-Pedro Emanuel-Fucile/Cech.
Só não é a melhor sequência do século no futebol português porque entre 9 de novembro de 2013 e 13 de janeiro de 2014 o Sporting completou um período de 758 minutos sem sofrer golos.
Esse recorde, porém, ficará em ponto de mira para ser pulverizado caso esta noite os dragões mantenham as redes invioláveis na receção ao Marítimo. Se assim acontecer, o FC Porto terá de aguentar apenas oito minutos no Dragão frente ao Desp. Chaves na próxima segunda-feira, também em jogo da Liga, para garantir como presente de Natal mais este recorde.
Se aguentar até ao intervalo contra os flavienses, a equipa de Nuno Espírito Santo bate também a marca de 1996/97, de António Oliveira: 795 minutos, entre 29 de setembro e 20 de novembro de 1996, numa equipa que tinha Hilário na baliza e João Pinto/Paulinho Santos, Aloísio, Jorge Costa e Fernando Mendes no quarteto defensivo.
Acima disto, Casillas e companhia só têm Vítor Baía, que entre 27 de abril e 10 de junho bateu o recorde absoluto do FC Porto sem sofrer golos em jogos oficiais (com João Pinto, Aloísio, Fernando Couto e Rui Jorge no quarteto defensivo e Bobby Robson como técnico): 912 minutos
De referir que Baía tem também o recorde de imbatibilidade na história do campeonato português: 1191 minutos entre Setembro de 1991 e Janeiro de 1992 (Carlos Alberto Silva como treinador), sendo ainda hoje o 5.º melhor em campeonatos da I Divisão na Europa.
Só Paulo Bento supera Nuno nos campeonatos europeus
Deixando os registos históricos e as sequências na totalidade de jogos oficiais e focando-nos apenas no comparativo com os campeonatos europeus o FC Porto tem cinco golos sofridos em 13 jornadas e uma média baixíssima de 0,38 golos por jogo (exatamente igual se considerarmos todos os jogos oficiais), sendo só batido pelo Olympiacos de Paulo Bento (4 golos e média de 0,36 golos por jogo sofridos).
A título comparativo, considerando as médias de golos das equipas que sofreram menos golos nos respetivos campeonatos percebe-se o registo notável dos dragões: Bayern (0,64), Chelsea (0,68), Nice (70,5), Juventus (87,5) e Atlético e Real Madrid (0,93) são quem tem menos golos sofridos nos «Big Five».
Mesmo na Liga dos Campeões o FC Porto sofreu apenas três golos e é apenas batido neste registo por Barcelona, Juventus e Copenhaga (dois golos).
A comparação com os rivais internos também é muito favorável aos dragões. O Benfica tem 0,61 golos sofridos a cada jornada da Liga, mas a média sobe para 0,82 no total de jogos oficiais disputados esta época, enquanto o Sporting tem 0,92 golos sofridos por jogo na Liga e 0,91 no total.