Felipe: «Aos 18 anos comecei a entregar cogumelos para buffets»

Felipe é hoje titular indiscutível no FC Porto, mas nem sempre o futebol esteve nos planos do brasileiro. Esta terça-feira, Felipe entra em campo no Olímpico de Roma, mas, há uns anos, a realidade que vive hoje não passava de uma mera utopia.

O jogador do FC Porto nunca passou pelas categorias de base de formação e aos 18 anos tinha praticamente desistido do futebol para trabalhar. Uma realidade muito distante da que vive agora. 

«Eu passei muitos anos a tentar entrar nalgum clube e, aos 18 anos, pensei que já era tarde. Então escolhi trabalhar noutra coisa. Comecei a trabalhar com meus sogros no mercado, entregava cogumelos para restaurantes e buffets», disse Felipe à ESPN.

Foi exatamente quando estava a trabalhar com os sogros que surgiu a oportunidade de o jogador brasileiro voltar ao futebol, desta vez como profissional, através de uma empresa de tratores.

«Eu tinha jogado em 2009 nos Sub-20 do União Mogi. Na verdade, era uma equipa de uma empresa de tratores de Mogi, a Valtra, que depois fez parceria com o União Mogi. Quando eu estava a trabalhar com os meus sogros, eles voltaram-me a procurar e perguntaram se eu queria jogar pela equipa profissional, para disputar o Paulistão da Quarta Divisão. Como era o meu maior sonho, eu aceitei.»

Mas o sonho não ficava por aqui. Foi no União Mogi que Felipe fez um DVD com os seus melhores lances, acabando por ser contratado pelo Bragantino. O jogador, de 21 anos na altura, deu nas vistas na Série B e, ainda durante a época, começou a surgir um possível interesse do Corinthians. 

«O pessoal começou a falar do interesse durante a disputa da Série B ainda, mas não tinha nada em concreto. Depois, quando acabou o campeonato, falaram-me da possibilidade e não pensei duas vezes. Era um sonho para mim jogar por um clube grande e eu poderia ter essa chance. Depois, o pessoal da comissão técnica falou que eles já tinham ido observar alguns jogos do Bragantino e gostaram de mim.»

Como o brasileiro não passou pela formação enquanto jogador, os primeiros anos no Corinthians foram de aprendizagem. 

«Eu não tive base, então mesmo tendo jogado pelo União Mogi e pelo Bragantino, não tive tempo de aprender muita coisa. Então no Corinthians tive todo esse trabalho de base, mas já como profissional, num clube grande, com pressão, cobrança. Mas graças a Deus as coisas deram certo.»

Foi em 2015 que ganhou mais espaço e destaque na equipa brasileira, acabando mesmo por conquistar o título de campeão nacional no respetivo ano. Esta afirmação no Timão valeu-lhe o interesse de vários clubes europeus, nomeadamente do FC Porto, acabando mesmo por se transferir para os dragões em 2016. 

Há dez anos, Felipe nunca teria imaginado estar onde está hoje. Titular indiscutível no FC Porto, já com título de campeão nacional e uma supertaça pelos dragões. Esta noite disputa a primeira mão dos oitavos de final da Liga dos Campeões contra a Roma, às 20h, em solo italiano.