«A maior pressão da minha vida foi ter dificuldade para arranjar comida» - TVI

«A maior pressão da minha vida foi ter dificuldade para arranjar comida»

Sérgio Conceição

Palavras de Sérgio Conceição durante a participação numa palestra acerca de «como é que o futebol pode mudar a vida das pessoas», do World Scouting Congress

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A terceira edição do World Scouting Congress fechou com o tema «como é que o futebol pode mudar a vida das pessoas», juntando como oradores Sérgio Conceição, José Bosingwa e Tiago Fernandes. 

Foi um momento essencialmente de partilha, com os participantes a funcionarem como contadores de histórias. O técnico do FC Porto foi questionado pelo moderador acerca da pressão de treinar um clube candidato a conquistar as provas em que participa. Pois bem, Conceição recuou no tempo para responder à pergunta.

«A pressão que temos é super positiva. É sinal que estamos num grande clube. A vida é feita de constantes desafios. A maior pressão que tive e de forma não tão consciente, foi quando era miúdo. Tive alguma dificuldade para arranjar comida. Essa foi a maior pressão da minha vida. A partir do momento em que tenho capacidade para trabalhar e cabeça para pensar, depende tudo de mim. Essa pressão diária que coloco a mim mesmo e ao meu staff, faz-me bem. Estamos habituados. É essa pressão que nos deixa desconfiados, alerta e que nos faz ser exigentes connosco e com os outros. No fundo é o caminho para se chegar mais facilmente ao sucesso. Essa pressão é boa, é fantástica», frisou.

Conceição lembrou também a transição do papel de jogador para o de treinador. «É uma grande mudança. Só com grande perseverança e determinação se consegue ultrapassar. Pegando nas palavras do Abel há pouco, é preciso sonhar em grande. É preciso ter essa tal determinação necessária. Depois de uma carreira de jogador profissional, era mais fácil para mim ficar numa zona de conforto, com alguma estabilidade financeira que tinha e uma família feliz. Mas, é preciso sonhar numa dimensão grande, porque sonhar ainda não paga impostos. Foi pelo meu caráter, maneira de ser e forma ambiciosa de ver a vida que decidi ser treinador. Sou apaixonado pelo treino, pelo jogo e pelo futebol que comecei como adjunto no Standard de Liège. Hoje compreendo um bocadinho a dificuldade que os treinadores tinham em lidar comigo como jogador», disse, entre risos, comparando depois a função de jogador como a de técnico.

«Ser treinador é mais do que chegar ao treino, fazer um exercício com bola fantástico e ver os jogadores contentes. É muito mais trabalhoso que isso. É preciso muita dedicação e paixão. A paixão é a base de tudo que conseguimos alcançar na nossa vida. Ser treinador exigiu mais de mim do que ser jogador. Quando jogava, procurava treinar bem duas horas e ir para casa com a família. Agora tenho de liderar homens e vários departamentos onde tudo é feito ao pormenor, de forma a que em alta competição estejamos sempre a um nível elevadíssimo para conseguir o mais importante que são os resultados.»

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