Bancos devem ter «almofada» para fazer face a imprevistos - TVI

Bancos devem ter «almofada» para fazer face a imprevistos

Governador do Banco de Portugal

Carlos Costa espera que inspecções que estão a ser feitas aos maiores bancos portugueses decorram «sem qualquer surpresa»

[Notícia actualizada às 15h30 com mais declarações]

O governador do Banco de Portugal (BdP), Carlos Costa, espera que as inspeções que estão a ser levadas a cabo aos maiores bancos portugueses decorram «sem qualquer surpresa» e provem que estes têm «almofadas» para fazer face a imprevistos.

«Espero que se consiga fazer um exercício de demonstração da qualidade dos bancos portugueses sem qualquer surpresa.

Espero que bancos demonstrem que têm almofadas para qualquer imprevisto», disse Carlos Costa, em discurso num encontro entre Bancos centrais dos Países de Língua Portuguesa, que decorre no CCB, em Lisboa.

Uma equipa internacional está desde o início de Setembro a avaliar as contas e balanços dos oito maiores bancos portugueses (BPI, BCP, BES, Caixa Geral de Depósitos, Banif, Santander Totta, Montepio e Crédito Agrícola, incluindo a carteira de créditos).

O responsável pelo supervisor bancário justificou as exigências de reforço dos rácios de capital dos bancos com o facto de capitais adequados serem «estritamente necessários para recuperar a confiança» dos mercados de modo a que estes voltem a financiar as instituições.

«O alívio da restrição de capital é necessário para diminuir a restrição de liquidez. Este é um índice de confiança que está ligado à perceção dos mercados de que (o sistema financeiro) é solvente», acrescentou.

Assim, o governador justificou a exigência pelo supervisor bancário de um rácio de capital core tier 1 de 9 por cento até final do ano e 10 por cento em 2012, com a necessidade de as instituições bancárias «mostrarem capacidade para acomodar qualquer imprevisto, mesmo que este não venha a acontecer».

Carlos Costa explicou que as auditorias internas que estão a ser levadas a cabo nos oito maiores bancos portugueses têm precisamente o objectivo de «repor a confiança».

Qual o melhor modelo de desalavancagem?

Para o Banco de Portugal, o melhor modelo de desalavancagem dos bancos passa pela alienação de activos, utilizando a liquidez gerada para manter o financiamento à economia.

«Tem de se fazer através de stocks, alienação de activos, de modo a não prejudicar a economia». E, notou Carlos Costa, o modelo de desalavancagem «será um factor crítico», podendo os bancos escolher entre um modelo de stocks ou de fluxo. O BdP é favorável à primeira opção.

«O processo de desalavancagem de fluxos sacrifica o financiamento da economia e o crescimento e, logo, o balanço dos bancos pela qualidade. Nessa altura, entra pela janela o que tinha saído pela porta».

Segundo o Governador, para a economia portuguesa o «melhor» seria que as instituições escolhessem um processo de desalavancagem com um «mínimo impacto na economia» através da venda de «uma parte dos activos excedentários que estão nos balanços nos bancos», já que este seria transformado em liquidez.
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