Uma postura mais interventiva do Banco Central Europeu no apoio aos países em dificuldades financeiras é «a solução clara nesta fase» da crise do euro, afirmou o Presidente da República ao «Washington Post».
Em declarações ao diário norte-americano, Cavaco Silva voltou a fazer reparos às instituições europeias pela lentidão e eficácia na resposta à crise do euro e a assegurar que Portugal irá cumprir as metas do acordo de financiamento com o Fundo Monetário Internacional, Comissão Europeia e Banco Central Europeu.
«Nesta fase, há uma solução clara - o Banco Central Europeu», disse o Presidente da República.
O banco central, refere, deveria começar a comprar de forma mais agressiva obrigações de países pressionados pelos mercados, como tem sido nos últimos dias a Itália.
Autoridade monetária pode estabilizar custos de financiamento
A questão tem sido objecto de intenso debate no seio da União Europeia, entre os que defendem uma postura mais agressiva, semelhante à da Reserva Federal dos Estados Unidos, e os que querem que o banco central cumpra estritamente a obrigação de não financiar governos nacionais e de controlar a inflação.
Cavaco Silva refere que a intervenção do BCE poderia contribuir para estabilizar os custos de financiamento de países sob pressão como a Espanha ou Itália e trazer maior normalidade aos mercados obrigacionistas da zona euro.
«Deve sempre haver um financiador de última instância», referiu o presidente da República.
Também ao diário norte-americano, Cavaco expressou desagrado com a resposta dos líderes europeus à crise, tal como já tinha feito em entrevista à CNN no início da visita aos Estados Unidos, quando criticou as «demasiadas hesitações e alguma cacofonia».
«Esta é uma crise sistémica de que os líderes europeus demoraram demasiado tempo a estar cientes», afirma.
O presidente reforça também a mensagem de que Portugal está determinado em cumprir as suas metas financeiras e exclui um acordo de reestruturação da dívida como o da Grécia.
No artigo, o diário norte-americano escreve que, apesar de estar em melhor posição que a Grécia, «Portugal não tem tido o mesmo sucesso que a Irlanda na retoma da sua economia» e lembra que as últimas previsões europeias apontam para uma recessão mais forte para a economia portuguesa no próximo ano (a Comissão Europeia, na quinta-feira, estimou uma recessão de 3 por cento em 2012).
O presidente afirma que o país terá de depender do crescimento das exportações, um «desafio numa altura em que os principais mercados no resto da Europa podem também estar a encaminhar-se para a recessão», escreve o «Washington Post».
Cavaco sublinha a estabilidade política em Portugal, um activo numa altura em que o «risco político» está a ser fonte de penalização nos mercados financeiros.
«Temos sorte nesse aspecto. O governo está muito determinado em cumprir com todas as medidas» do programa de financiamento do FMI, sublinhou.
Cavaco: «BCE é solução clara nesta fase»
- Redação
- CPS
- 12 nov 2011, 14:19
Presidente considera que banco central deveria comprar obrigações de países pressionados pelos mercados «de forma mais agressiva»
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