Rui Pinto acedeu a e-mails do Ministério Público, FIFA e FC Porto - TVI

Rui Pinto acedeu a e-mails do Ministério Público, FIFA e FC Porto

Rui Pinto (Lusa)

MP pediu especial complexidade do processo, o que dará mais seis meses à investigação e poderá manter Rui Pinto em prisão preventiva até 22 de março de 2020

Rui Pinto terá acedido ao correio eletrónico de «largas dezenas de ofendidos», incluindo magistrados do Ministério Público, elementos da Administração Interna, PSP, escritórios de advogados, FIFA, FC Porto, Nacional e Confederação Sul-americana de Futebol.

Esse é, de resto, o principal argumento que consta do despacho do Ministério Público (MP), a que a agência Lusa teve acesso nesta sexta-feira.

Nesse sentido, o MP pediu ao juiz de instrução criminal que declare a especial complexidade do processo, o que dará mais seis meses à investigação e poderá manter em prisão preventiva o colaborador do Football Leaks, pelo menos, até 22 de março de 2020.

O MP justifica que «o sucesso da presente investigação depende do alargamento do respetivo prazo de inquérito, pois, só assim, é possível o cabal esclarecimento dos factos, com o apuramento da total dimensão da atuação do arguido Rui Pinto, a qual, demonstradamente, não se cingiu ao Sporting e à Doyen, nem tão pouco a entidades desportivas».

«Recentemente, foi junta aos autos informação que dá conta que o arguido teria na sua posse muitas outras caixas de correio eletrónico de terceiros, designadamente, de magistrados do Ministério Púbico (entre eles, do anterior diretor do DCIAP [Departamento Central de Investigação e Ação Penal], Dr. Amadeu Guerra, e o procurador da República Dr. Pedro Verdelho), de escritórios de advogados (entre eles Vaz Serra Associados e PLMJ - este último defendeu o Benfica no caso E-Toupeira), de membros do Ministério da Administração Interna e da PSP», refere a Lusa, citando o despacho judicial.

A procuradora Patrícia Barão fala ainda de acessos ilegais a «organismos do meio futebolístico, tal como FIFA, Confederação Sul-americana de Futebol, Clube Desportivo Nacional e Futebol Clube do Porto».

Patrícia Barão refere também que, nestes autos, verificou-se que o hacker «estendeu a sua atividade delituosa ao longo de quatro anos, durante os quais desenvolveu uma intensa atividade de recolha de informação através do acesso não autorizado a sistemas informáticos».

Segundo a mesma, «a inquirição dos ofendidos, cujas caixas de correio o arguido acedeu, a análise da totalidade dos ficheiros apreendidos, num extensíssimo volume de dados correspondente a cerca de 12 TB (terabytes), implicará uma prolongada e minuciosa recolha de prova.

Caso Rui Pinto não renuncie ao princípio da especialidade, o MP salienta que «importa ainda efetuar um pedido de alargamento do MDE [Mandado de Detenção Europeu] às autoridades húngaras, incluindo os novos factos ora apurados nos presentes autos e não constantes do MDE original».

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