Condenado pai que agrediu árbitro num jogo de crianças - TVI

Condenado pai que agrediu árbitro num jogo de crianças

Bola e baliza (Thomas Kienzle/AP)

Situação remonta a 24 de agosto de 2018

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Um homem foi condenado pelo Tribunal Idanha-a-Nova, na semana passada, por ter agredido o árbitro de futebol num jogo de traquinas em que o filho participava, em 24 de agosto de 2018.

O agressor foi condenado a 5 de janeiro por crime de ofensa à integridade física simples, ao pagamento de uma multa diária de 5,5 euros durante 110 dias num total de 605 euros, e ao pagamento de uma indemnização de 600 euros por danos não patrimoniais a João Crespo, árbitro que apitava o encontro da Idanha Cup. 

João Crespo, de 33 anos, revelou ter-lhe sido desferido um murro no rosto quando estava a entrar para o túnel no final do jogo, sem ter percebido de imediato o que tinha acontecido. Acabou por ser o colega, que vinha atrás, e outras pessoas que se encontravam na bancada, que apontaram o autor da agressão, pai de um dos jogadores do Belenenses Parque das Nações.

Segundo o próprio, chamou a GNR e, depois de identificado, o homem pediu desculpa, mas João Crespo avançou com a queixa por entender que este tipo de comportamento tem de ter consequências, para que sirva de exemplo.

«Não é uma situação que se justifique de forma nenhuma», frisou o árbitro, em declarações à Lusa. 

«A situação, em si, já é escandalosa, então num jogo de miúdos de sete e oito anos, é ainda mais incompreensível», acrescentou João Crespo da AF de Castelo Branco, que há um ano deixou a arbitragem, «porque estava a ser difícil conciliar com a vida pessoal e profissional».

Com o apoio da Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol (APAF), o albicastrense avançou para tribunal com o objetivo «de chamar a atenção para estas situações, que acontecem com demasiada regularidade», e para «passar a mensagem» de que esta postura nos campos «não é admissível».

«Acredito que pode desencorajar futuras ocorrências. Se conseguir no futuro evitar um caso, já valeu a pena», salientou João Crespo, para quem «a raiz do problema vem do topo» e é replicado nos restantes escalões.

O presidente da APAF, Luciano Gonçalves, reconheceu que estes casos «são muito frequentes».

«Numa época normal, apesar de em 2018/19 os números terem reduzido, estamos a falar de meia centena de casos, principalmente nas camadas jovens. A maioria dos intervenientes são pais de jovens jogadores», explicou Luciano Gonçalves, em declarações à Lusa.

Umas das explicações para que aconteça mais nos jogos dos escalões de formação é por habitualmente não existir policiamento. Ainda assim, Luciano Gonçalves atribui grande parte da responsabilidade «ao ambiente que envolve o futebol profissional».

«Quando assistimos a alguns episódios no futebol profissional, abordados de uma forma tão leviana, naturalmente aquilo passa para baixo», analisou o presidente do organismo representativo dos árbitros.

 

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