A Fundação “la Caixa”, em colaboração com o BPI, e a Nova SBE, lançam o Relatório “Acesso a cuidados de saúde – As escolhas dos cidadãos 2020”, elaborado pelo Professor Pedro Pita Barros, a quem foi atribuída a Cátedra BPI | Fundação “la Caixa” de Economia da Saúde, no âmbito da Iniciativa para a Equidade Social, programa plurianual celebrado entre estas Instituições.
«Este reforço da parceria que temos com a Nova SBE irá proporcionar melhores condições para criar mais valor no sector da saúde do nosso país. O objetivo da cátedra é promover a investigação e discussão na economia da saúde, constituindo a escolha de Pedro Pita Barros o reconhecimento pelo excelente trabalho realizado nesta área», afirma Artur Santos Silva, Curador da Fundação “la Caixa” e Presidente Honorário do BPI.
O relatório procura espelhar as escolhas dos portugueses no acesso aos cuidados de saúde e compreender as suas decisões de quando e como contactar o sistema de saúde quando se sentem doentes, antes de iniciar o seu percurso dentro do sistema de saúde público ou privado.
Segundo o estudo da autoria de Pedro Pita Barros, um em cada 10 inquiridos, quando se sente doente, opta por não contactar o sistema de saúde. No universo estudado, 63% prefere automedicar-se.
“Podia ser pior, se a automedicação fosse baseada no recurso à internet (…), mas é bom sabermos melhor o que é que se passa com essa automedicação e o que são as farmácias domésticas que as pessoas estão a usar”, disse Pedro Pita Barros, professor catedrático da Faculdade de Economia na Universidade Nova de Lisboa.
Para o autor, esta realidade “levanta um paradoxo interessante porque mostra que as campanhas que têm surgido contra a medicação, muito focadas nos antibióticos, não acautelam essa confiança das pessoas no conhecimento que julgam ter sobre as suas doenças”
A autoconfiança baseada numa experiência passada, é no entendimento do economista de Saúde, a razão principal para a automedicação, “entendem que o problema é similar a outro que tiveram no passado, para o qual já conhecem a solução”, explica Pedro Pita Barros.
O documento elaborado com o apoio da Fundação La Caixa e do BPI, constata que o acesso ao sistema de saúde é similar para toda a população. Contudo, as desigualdades socioeconómicas criam barreiras entre o prognóstico e o tratamento e acesso aos fármacos “a proporção de pessoas que deixou de comprar os medicamentos de que necessitava, pelo menos uma vez por ano, passou de 10,7% para 5,4% entre 2017 e 2020”. No entanto, refere o autor do estudo, “há desigualdades socioeconómicas relevantes: essa proporção foi de 2% para a classe mais elevada e passou de 11% para 15% na mais baixa”.
Neste relatório, é evidente o decréscimo na procura às Urgências. Passou de 41,1% em 2019 para 32,2% em 2020 no sector público e de 5% para 2,1% no privado. Pedro Pita Barros explica que “não houve uma ‘fuga’ do SNS para o sector privado, mas sim uma reconfiguração dentro de cada sector”, ou seja, “as pessoas optaram mais por consultas não programadas nos cuidados primários e menos pelas Urgências hospitalares”.
A pandemia também condicionou as escolhas dos portugueses.
“Em 2020 há duas novas ‘barreiras de acesso’ identificadas: o receio de ir ao sistema de Saúde por causa da covid-19, referida por 15% das pessoas, e o cancelamento de um agendamento por iniciativa do prestador, referido por 20% dos entrevistados”.
Os dados do Relatório "Acesso aos cuidados de saúde - As escolhas dos cidadãos 2020" foram recolhidos pela empresa GfK, entre os dias 23 de maio e 30 de junho de 2020, através de inquérito elaborado pela equipa de investigação do Nova SBE Health Economics and Management Knowledge Centre que teve por base uma amostra representativa de 1271 entrevistas.