A Fundação Filos vai apresentar sexta-feira, no Porto, um novo projecto de apoio aos toxicodependentes que prevê a criação de «espaços para consumo assistido» de drogas pesadas, disse esta quinta-feira à Lusa o padre José Maia.
«Contesto a expressão sala de chuto. Se dizemos que vamos abrir uma sala de chuto, estamos a criar na população uma certa alergia, porque essa expressão está conotada», disse o presidente da Fundação Filos.
José Maia explicou que os espaços para consumo assistido que a fundação se propõe criar em bairros sociais problemáticos da zona oriental do Porto não se poderão sequer chamar «salas de injecção assistida», porque não têm necessariamente de ser salas fixas e porque o apoio será dado mesmo nos casos em que a droga é inalada.
«Trata-se de dar respostas integradas e não uma sala onde se faz uma fila como quem vai para o quarto de banho. Sendo espaços de consumo assistido, uma das respostas possíveis pode ser, por exemplo, levar o consumidor a substituir a injecção pela inalação», salientou o padre Maia.
Nestes espaços, os toxicodependentes poderão consumir droga «em condições de higiene e sem riscos para a saúde pública, sempre de forma assistida por técnicos em quem eles confiam».
«Aqui há uns anos, eu reagia muito contra isto [assistência no consumo de droga], mas a gente também muda de ideias. Em todo este tempo, cruzámo-nos com pessoas que já estavam no fim da linha, apanhados sobretudo pela heroína. Eram já farrapos humanos», afirmou José Maia.
Para o presidente da Fundação Filos, deve-se dar «dignidade» e não abandonar quem já chegou a um ponto de não retorno, em que a dependência da droga se tornou irreversível.
Os espaços de consumo assistido são um dos nove serviços que a Filos pretende criar com o seu novo projecto GRITOs -Gabinetes de Respostas Integradas para os Toxicodependentes.
Droga: espaços para consumo assistido no Porto
- Portugal Diário
- 8 fev 2007, 10:40
Fundação Filos apresenta projecto de apoio aos toxicodependentes
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